A via dolorosa
Indulgências da Via Sacra
Além dos méritos adquiridos pelo
exercício da Via-Sacra, podemos também facilmente ser beneficiados pelas
indulgências concedidas pela Igreja a quem cumprir determinadas
condições.
Pela obtenção de indulgências nos é
perdoada total ou parcialmente a pena devida pelos nossos pecados, ou
seja, o Purgatório após a morte. As indulgências podem também ser
aplicadas às almas de pessoas já falecidas.
Oração Inicial
“Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5).
Ó meu Jesus, preparo-me neste instante
para acompanhar-Vos em Vossa Via Sacra. Nela eu Vos encontrarei
chagado, sem forças e ensangüentado. Forte expressão usa a Escritura
ao referir-se à Vossa Paixão: “Eu porém, sou um verme, não sou homem, o
opróbrio de todos e a abjeção da plebe” (Sl 21, 7). Muito diferente
está Vossa Divina figura d’Aquela que os Apóstolos contemplaram no
Tabor, ou caminhando sobre as águas, ou curando os enfermos. Nessa
divina tragédia verei estampada a feiúra e a maldade de meus pecados.
Aos Vossos pés deposito minhas misérias e peço-Vos perdão pela enorme
culpa que tenho em Vossos tormentos!
Recorro, para isso, à intercessão da
Virgem Dolorosa. Que Ela me cubra com seu maternal manto,
auxiliando-me a unir-me a Vós e também a abraçar a minha cruz. Amém.
I ESTAÇÃO – Jesus é condenado à morte
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Pilatos tornou a entrar no pretório, chamou Jesus e disse-Lhe: “Tu és o rei dos judeus?” (…) Respondeu Jesus:” O Meu Reino
não é deste mundo; se o Meu Reino fosse deste mundo, pelejariam os
Meus servos, para que Eu não fosse entregue aos judeus; mas o Meu Reino
não é daqui” (Jo 18,33 e 36).
Pilatos (…) fez com que lhe trouxessem
água, lavou as mãos diante do povo e disse: “Sou inocente do sangue
deste homem. Isto é lá convosco!” E todo o povo respondeu: Caia sobre
nós o seu sangue e sobre nossos filhos!” Libertou então Barrabás, mandou
açoitar Jesus e lho entregou para ser crucificado (Mt 27, 24-26).
Jesus, ao afirmar não ser o Seu reino
deste mundo, não deixa de querer ser o Rei dos nossos corações. Ele irá
entregar-Se nas mãos dos carrascos por amor a nós. Neste momento de Sua
prisão, não devemos oferecer-Lhe também nossos corações?
Não quero ser neutro face a esse
profundo desejo de Jesus. Essa foi a grande falta cometida por Pilatos: a
neutralidade diante de um apelo divino e de uma criminosa acusação.
Jesus está a implorar meu coração neste passo da Paixão, Ele quer a minha santificação.
Ó meu adorável Jesus, vejo o enorme peso
dos meus pecados no ódio dos que Vos rejeitam. Aceitai, Senhor, o meu
pobre coração e assumi-o como Rei e dono absoluto. Estou seguro de que
se assim o fizerdes, jamais Vos ofenderei.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
II ESTAÇÃO – Jesus Carrega a Cruz às costas
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direcção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota (Jo 19, 17).
Em verdade, Ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos (Is 53, 4).
Jamais um romano poderia ser condenado à
morte de crucifixão, por ser a cruz o símbolo máximo da desonra,
reservada aos piores criminosos. Mas o sinal da vergonha por excelência
foi abraçado por Jesus, “Ele próprio carregava a sua cruz…”
Neste passo da Paixão, Jesus toma sobre
Seus ombros adoráveis os meus pecados. Entretanto, o Divino Redentor é
Rei tão grandioso que transformará a cruz em objeto de elevada nobreza e
distinção. Ela será colocada no alto das igrejas, nas coroas dos reis…
e será a paixão dos santos.
Que devo eu oferecer a Jesus neste momento em que O vejo beijar a cruz?
Ó Jesus meu! Ao ver-Vos ajoelhado para
abraçar o instrumento do Vosso suplício, lanço-me a Vossos pés contrito e
humilhado. Consumi todas as minhas culpas na Vossa infinita
misericórdia e transformai-as em mais uma coroa de Vossa glória.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
III ESTAÇÃO – Jesus cai pela primeira vez
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Mas
Ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades.
O castigo que nos salva pesou sobre Ele, e fomos curados graças às
suas chagas (Is 53, 5).
Terríveis são os nossos crimes, eles fazem cair um Deus feito homem!
Não era longo o caminho até ao Calvário.
Contudo, o esgotamento produzido pela flagelação… a coroação de
espinhos… a noite sem dormir…
Ele bem poderia negar-Se a continuar a
Sua Via Sacra. Bastaria todo o ocorrido para justificar uma incapacidade
de prosseguir. Mas, Ele deseja ensinar-nos a nunca desanimar, a jamais
desistir. Neste passo, Ele demonstra estar disposto a nos reerguer de
nossas quedas, por piores que sejam.
Ó Jesus, castigado pelos meus crimes,
elevai-me desta situação em que me encontro, produzi em mim uma
verdadeira conversão, para que eu retorne ao caminho de minha salvação e
nunca desanime de a alcançar. Que eu deteste tudo aquilo que me separa
de Vós. Que eu morra para o pecado e, quando cair, jamais desconfie do
Vosso socorro.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
IV ESTAÇÃO – Encontro de Jesus com sua Mãe
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este Menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento
para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará
contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos
corações. E uma espada transpassará a tua alma (Lc 2, 34-35).
Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta (Lm 1, 12).
“Sua mãe guardava todas estas coisas no
seu coração” (Lc 2, 51). Devia Ela lembrar-se com exatidão das
palavras do Arcanjo São Gabriel durante a Anunciação: “Ele será grande e
chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu
pai David; reinará eternamente na casa de Jacob, e o seu reino não terá
fim” (Lc 1, 32-33).
Mas como será esse trono e esse reino,
deveria pensar Ela, se meu Filho é uma só chaga da cabeça aos pés, sem
forças sob o peso da cruz?
Maria, por sua sabedoria, conhecia
profundamente a imensa gravidade do pecado. Mas seria necessário
levar as coisas a esse ponto? Quem poderia imaginar cena mais trágica?
Uma espada de dor penetrou em sua alma puríssima e ali depositou um
sofrimento lancinante.
Ó Virgem Dolorosa, perdão! Perdão pela
grande culpa que tenho neste passo da Paixão. Agradeço-Vos por Vos
terdes associado aos tormentos de Vosso Divino Filho para me redimir. Ó
celeste Co-redentora, invoco essa sagrada troca de olhares entre Mãe e
Filho, em circunstâncias tão dramáticas, para implorar perdão.
Pai Nosso, Ave Maria, Gloria
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
V ESTAÇÃO – Simão Cirineu ajuda a Jesus a carregar a Cruz
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Passava por ali certo homem de Cirene,
chamado Simão, que vinha do campo, pai de Alexandre e de Rufo, e
obrigaram-no que Lhe levasse a cruz (Mc 15, 20-21).
Os soldados romanos receiam que o Divino
condenado venha a morrer, antes mesmo de chegar ao Gólgota. É urgente
encontrar alguém que O auxilie a terminar o percurso.
O centurião que comandava os soldados
romanos vê Simão. Quem era ele? Sabe-se somente que era de Cirene, quase
um anônimo. Porém, embora obrigado, ajudou a levar a cruz de Jesus, e
de alguma forma cooperou com a obra da Redenção.
Oh! exemplo extraordinário para mim!
Mesmo que fosse inocente, devo lembrar-me das palavras do Divino Mestre:
“Quem não toma a sua cruz e não Me segue, não é digno de Mim” (Mt 10,
38).
É indispensável que eu tome a minha
cruz, ou seja, aquela responsabilidade, aquela humilhação. A cruz da
honestidade, da retidão de consciência e da prática da virtude. Sim, é
preciso que eu seja perfeito.
Ó Jesus que neste passo de Vossa Paixão
pedis a minha ajuda, quero seguir-Vos com a minha cruz. Mas, ajudai-me a
ajudar-Vos, Senhor.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
VI ESTAÇÃO – Verônica enxuga o rosto de Jesus
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz
da vossa face. Confiado na Vossa justiça, eu contemplarei a Vossa face;
ao despertar, saciar-me-ei com a visão de Vossa ima¬gem.(Sl 4, 7; 16,
15).
“Vera
ícona”, ou seja, verdadeira imagem. Este é o significado do nome
daquela que se compadeceu de Jesus e Lhe enxugou o rosto. Que poderia
oferecer Ele, naquele momento, em retribuição por tão distinta atitude? A
Sua verdadeira Face! Jesus quis deixar-nos esta preciosa mensagem:
sempre que, de alguma forma, eu Lhe enxugar a Face, sua fisionomia se
estampará em minha alma, serei outro Cristo. Sim, “christianus alter
Christus”, o cristão é um outro Cristo.
Se, na vida de todos os dias, me empenhar em auxiliar o próximo a trilhar as vias do Evangelho, a buscar a Salvação, a face de Cristo se fixará em meu espírito, e eu me tornarei semelhante a Ele.
Se, na vida de todos os dias, me empenhar em auxiliar o próximo a trilhar as vias do Evangelho, a buscar a Salvação, a face de Cristo se fixará em meu espírito, e eu me tornarei semelhante a Ele.
Senhor, compreendo agora, por um auxílio
da Vossa graça, o Vosso mandamento: “Amai-vos uns aos outros, como Eu
vos tenho amado” (Jo 13, 34). Quereis de mim que eu seja atencioso com
os necessitados de meu auxílio, bondoso para com os humildes, forte
pa¬ra com os orgulhosos. Estou disposto a assim proceder.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
VII ESTAÇÃO – Jesus cai pela segunda vez
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Não abriu a boca, como um cordeiro que
se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. O
Senhor torna firmes os passos do homem e aprova os seus caminhos. Ainda
que caia, não ficará prostrado, porque o Senhor o sustenta pela mão (Sl 36, 23-24).
Apesar do auxílio do Cireneu, o peso da
cruz vai se tornando esmagador. Quem, ao cair pela segunda vez naquelas
circunstâncias, não se deixaria permanecer no chão? Era a oportunidade
para desistir. Mas Jesus quis levar até ao fim o holocausto. E como eram
suaves aquelas pedras do caminho em comparação com os sofrimentos que
ainda viriam pela frente…
Mais uma vez, quis Jesus mostrar-nos
qual deve ser a extensão de nossa confiança, mesmo quando recaímos em
nossas faltas. O Salvador está sempre disposto a nos perdoar. Tendo Ele
assumido nossas culpas, jamais deixará de nos reerguer.
Pelos infinitos méritos dessa Vossa segunda queda, confirmai-me na Vossa graça, por Maria Santíssima eu Vo-lo imploro.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
VIII ESTAÇÃO – Jesus consola as filhas de Jerusalém
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
Seguia-O uma grande multidão de povo e
de mulheres, que batiam no peito e O lamentavam. Voltando-se para elas,
Jesus disse: Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorai
sobre vós mesmas e sobre vossos filhos (Lc 23, 28).
Jesus, embora mergulhado nos tormentos
da Paixão, caminhava para o triunfo do cumprimento de Sua missão. Mas,
na sua infinita justiça, não deixava de advertir as santas mulheres da
necessidade de repararem o pecado coletivo. Não bastava comoverem-se com
a tragédia de um Deus injustiçado. Era indispensável aplacar a cólera
divina contra os homens, pelo crime cometido.
Ó Jesus, Senhor da Justiça que a todo
bem premiais e a todo mal castigais, dai-me a graça de ter plena
consciência de minhas loucuras, crimes e pecados, a fim de pedir-Vos
perdão com sinceridade. Quanto mais profundamente eu reconhecer minhas
faltas, melhor será o meu arrependimento e mais completa será a Vossa
absolvição.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
IX ESTAÇÃO – Jesus cai pela terceira vez
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Mas aprouve ao Senhor esmagá-Lo pelo sofrimento (Is. 53, 3).
Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais os Seus passos. Carregou os nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça (I Pe 2, 21, 24).
Aí está, diante dos meus olhos, e sob o peso da cruz, a luz do mundo caída ao chão pela terceira vez.
De que serviu o Cireneu para carregar a
Cruz? Por que não tomou ele sobre seus ombros pelo menos a parte mais
pesada? Se os soldados haviam já decidido convocar compulsoriamente o
Cireneu, não lhes faltava compreensão para perceber o estado de
esgotamento de sua vítima. Por que lhe exigem continuar a caminhada?
Uma vez mais é a imagem da nossa miséria. Assim somos nós.
Se eu fosse o Cireneu, procederia de
outra forma? Quantas e quantas vezes não fui relaxado no cumprimento de
meus deveres, na prática da virtude, no evitar as ocasiões que me levam
ao pecado… Como estou longe da perfeição, deixando Jesus ser quase
esmagado sob o peso da Cruz, sem me preocupar em ajudá-Lo!
Jesus dá-me o divino exemplo: se me abandonam ou me perseguem, e caio sob o madeiro das decepções, jamais o desânimo me abaterá.
Sempre há mais para dar, mesmo quando as forças parecem já não existir. Essa é também uma das lições contidas nesta Estação.
Ó meu Jesus, eu Vos agradeço o exemplo
de generosidade e entrega totais que neste passo da Paixão me dais, e
rogo-Vos graças eficazes para Vos servir continuamente com amor
desinteressado e ânimo forte.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
X ESTAÇÃO – Jesus é despojado de suas vestes
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Tomaram as Suas vestes e fizeram delas
quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de
alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: “Não a
rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela para ver de quem será”. Assim se
cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram
sorte sobre a minha túnica (Jo 19, 23-24) .
Quem poderia imaginar tão grande
humilhação? Jesus, o próprio criador do pudor é despojado de Suas vestes
diante de todo o populacho. Talvez para reparar a imoralidade e falta
de modéstia dos trajes de épocas futuras. De modas que receberiam a
grave cen¬sura de Nossa Senhora, em Fátima.
Quatro são os cantos da terra e em
quatro se repartem os Seus pertences. É um belíssimo símbolo da expansão
da mais alta das obras de Jesus, a Santa Igreja, que tomará conta de
toda a extensão do mundo.
Sobre a túnica decidiram jogar a sorte,
por concluírem os soldados tratar-se de uma peça de elevado valor, pois
não tinha uma só costura de alto a baixo.
A Santa Igreja é simbolizada em sua
unidade perfeita pela túnica sem costura. Ela reclama uma união total
entre todos os seus fiéis, não comportando a menor divisão.
Ó meu Jesus, que eu ame a unidade de
Vossa Santa Igreja e trabalhe por sua expansão no mundo inteiro, jamais
fazendo acepção de pessoas nessa tarefa, para ajudar-Vos a salvar pobres
ou ricos, enfim, todas as almas.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
XI ESTAÇÃO – Jesus é pregado na Cruz
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Chegados que foram ao lugar chamado
Calvário, ali O crucificaram, como também os ladrões, um à direita e
outro à esquerda. Pilatos redigiu uma inscrição e a fixou por cima da
cruz. Nela estava escrito: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus” (Lc 23, 33; Jo 19, 19).
Por fim chega Jesus ao Calvário, lugar
onde, segundo uma piedosa e antiga tradição, Adão havia sido sepultado.
Ali abundara o pecado, ali transbordaria a graça.
Crucificado! Aquela mesma cruz que tanto
Lhe pesara sobre os ombros seria o Seu instrumento de morte. Os braços?
Abertos, para atrair a Si a humanidade inteira, conforme afirma S. João
Crisóstomo. Já em estado pré-agônico, enormes cravos perfuram as Suas
sagradas mãos e divinos pés, levando Jesus a contorcer-Se de dor.
O requinte da maldade de seus acusadores
chega ao ponto de O crucificarem entre dois ladrões para ser
considerado também como tal. Enquanto os soldados repartiam entre si os
haveres materiais do Divino Crucificado, Ele entregava sua preciosa
herança – Maria Santíssima – ao discípulo amado, num último e supremo
gesto de amor filial.
Ó Jesus meu! Vejo, nesta meditação, o
drama da loucura de amor de um Deus por Suas criaturas. Se fosse eu o
único a haver pecado, Vosso procedimento não teria sido outro. Vós
fostes crucificado por mim.
Concedei-me as mesmas graças derramadas sobre o bom ladrão e possa eu, assim, um dia estar convosco no Paraíso.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
XII ESTAÇÃO – Jesus morre na Cruz
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Havendo Jesus tomado do vinagre, disse:
“Tudo está consumado”. Inclinou a cabeça e rendeu o espírito. Vieram os
soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro que com Ele foram
crucificados.Chegando porém, a Jesus, como O vissem já morto, não Lhe
quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-Lhe o lado com uma lança e
imediatamente saiu sangue e água (Jo 19, 30; 32-34).
“Inclinou a cabeça e rendeu o espírito”,
afirma o Evan¬gelho. A este respeito, pergunta Santo Agostinho: “Quem
pode dormir quando quer, como Jesus morreu quando quis?” E afirma São
João Crisóstomo: “Por Seus atos, indica o Evangelista que Ele era Senhor
de todas as coisas”.
Do seu lado “saiu sangue e água”, que
simbolizam os Sacramentos da Igreja, indispensáveis para nossa salvação.
São João emprega o verbo “abrir” para significar a abertura da porta da
qual nasceria a Santa Igreja.
Ó meu Jesus, prova de amor maior não há!
Vós destes Vossa preciosíssima vida por mim! E que Vos devo dar eu?
Pensar que esse mesmo sacrifício se renova todos os dias sobre o altar,
de forma incruenta, para que eu me beneficiasse dele totalmente!
Ah, Senhor, aceitai o meu pobre ser, o
meu corpo, a minha alma, os meus familiares, tudo o que me pertence
agora e no futuro, até os meus méritos. Tudo é vosso, Senhor, e a Vós
entrego em retribuição, por meio de Maria Santíssima.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
XIII ESTAÇÃO – Jesus é descido da Cruz
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Depois disso, José de Arimatéia, que era
discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a
Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu.
Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus. Acompanhou-o Nicodemos
(aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas
cem libras de uma mistura de mirra e aloés. Tomaram o corpo de Jesus e O
envolveram em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar (Jo
19, 38-40).
A Providência traça com perfeição as
linhas da História. José de Arimatéia, além de ser nobre, era muito
relacionado com Poncio Pilatos, reunindo portanto as condições
favoráveis para dele obter a autorização necessária para que Jesus não
fosse enterrado como um condenado qualquer, mas sim como uma pessoa
ilustre. Quem, a não ser José, teria coragem de se apresentar ao
governador romano para lhe pedir o corpo de um crucificado? Por isso, a
respeito dele comenta S. João Crisóstomo: “Veja-se o valor deste homem;
põe-se em perigo de morte, atraindo sobre si as inimizades de todos, por
seu afeto a Jesus Cristo…”
Que graça insígne destes a este José! A
de poder descer da cruz, com o auxílio de Nicodemos, o Divino Corpo,
vítima de valor infinito, e de sepultá-Lo.
Ó Sagrado Corpo de Jesus, vendo-Vos
assim sem vida, sinto meu coração gemer. Essas mãos que deram ordens aos
mares e às tempestades, expulsaram os vendilhões do Templo e fizeram o
bem por todo Israel, já não se articulam. Os Vossos pés, que caminharam
sobre as águas e trilharam todos os caminhos em busca dos necessitados,
não se movem. A Vossa voz, que fazia estremecer os fariseus, mas
perdoava com doçura os pecadores arrependidos, já não se faz ouvir. Uma
só chaga Vos cobre de alto a baixo.
Ó Virgem Dolorosa, eu Vos imploro a
insigne graça de manter diante de mim, pelo resto da minha vida, essa
terrível imagem da gravidade do pecado. Perdão, minha Mãe, perdão! E
ajudai-me a nunca mais pecar!
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
XIV ESTAÇÃO – Jesus é sepultado
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
No lugar em que Ele foi crucificado
havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora
depositado. Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos
judeus e da proximidade do túmulo. Depois (José
de Arimatéia) rolou uma grande pedra à entrada do sepulcro e foi-se
embora. Maria Madalena e a outra Maria ficaram lá, sentadas defronte do
túmulo (Jo 19, 41-42; Mt 27, 60-61).
Uma grande pedra nos separa, neste momento, do Corpo Sagrado de Jesus.
Quem tivesse Fé, poderia adorar a Jesus
em Corpo e Divindade presente no Sepulcro, e dEle se beneficiar,
recebendo graças concedidas diretamente pelo Salvador. Esse foi o grande
consolo das Santas Mulheres.
Por isso afirma São Jerónimo: “As
mulheres perseveraram no seu dever, esperando o que Jesus havia
prometido; por esta razão mereceram ser as primeiras a verem a
Ressurreição, porque “quem perseverar até ao fim, se salvará.” Felizes
as Santas Mulheres! Mais felizes ainda somos nós, pois temos a Jesus em
Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Eucaristia. Nela nós O adoramos, não
com “uma grande lápide” de permeio, mas tão somente através das
aparências do pão e do vinho.
A Vós, ó Virgem, recorro a fim de que me
obtenhais de Jesus sepultado, a confirmação na graça de Deus para, um
dia, seguindo os Vossos caminhos e os dEle, possa eu ressuscitar para a
glória eterna.
Pai-Nosso Ave-Maria GlóriaV/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
Oração Final
Em Vós, ó Virgem Dolorosa, recordo a síntese de todos os episódios por mim meditados. Que graças místicas não Vos devem
ter sido concedidas em meio àquelas angústias! Graças de sentir em Si
mesma as próprias dores do Redentor. Não é sem razão que, debaixo de
certo ângulo, Vós podeis ser chamada de Co-Redendora.
É a Vós que “recorro e de Vós me valho,
gemendo sob o peso de meus pecados”, na inabalável convicção de que
“nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à Vossa
proteção, implorado a vossa assistência e reclamado o vosso socorro,
fosse por Vós desamparado”.
Mãe Dolorosa, é a Vós que recorro,
imploro e reclamo pelo perdão de meus pecados, pela minha salvação
eterna e pela total santificação de minha alma.
E muito Vos peço ainda pela sociedade em
geral, e pela própria Santa Igreja Católica Apostólica e Romana, para
que cheguem à plenitude de seu esplendor e graça, e possa assim ser
realizada a proclamação universal do triunfo do vosso Imaculado Coração:
“Por fim Meu Imaculado Coração triunfará!” Amém.
Requisitos para obter indulgência plênaria
Pode-se obter indulgência plenária
rezando a Via-Sacra de acordo com o costume, que consiste em fazer as
leituras, orações e meditações de cada Estação diante do respectivo
quadro, ou cruz, colocados habitualmente ao longo das paredes das
igrejas. Quando a Via–Sacra é rezada em conjunto e há dificuldade de
todos se movimentarem ordenadamente, de uma Estação para outra, basta
que o dirigente se desloque.
É necessário ainda, além da repulsa de
todo o afeto a qualquer pecado, até venial, o cumprimento das três
condições seguintes: confissão sacramental, comunhão eucarística e
oração nas intenções do Sumo Pontífice (costuma-se rezar um Pai-Nosso,
uma Ave-Maria e um Glória). Uma confissão pode valer para se obterem
todas as indulgências plenárias durante o período de um mês.
Esta Via Sacra é de autoria do Monsenhor João Clá Dias, EP
FONTE: http://semanasanta.arautos.org/via-sacra/
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