CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

domingo, 27 de outubro de 2013

A ESCRAVIDÃO DO MAIS FORTE



Durante muito tempo, acreditou-se na ideia de que a escravidão ocorrida na África fora mais branda e humanista se comparada à escravidão praticada na América até o século XIX. Muitos defendiam a tese de que o cativo era absorvido pelo povo que o capturava, caracterizando uma escravidão exclusivamente de cunho doméstico, mas, conforme veremos, a escravidão na África não ocorria somente neste formato.
No presente texto, nosso principal objetivo é analisar a escravidão existente na África e comparar com a escravidão presente no Novo Mundo. No entanto, não podemos comparar a brutalidade da escravidão na África com a da escravidão na América. “Qual escravidão foi mais brutal com os escravos, a africana ou a americana?”. Essa pergunta não tem resposta, pois os parâmetros utilizados por cada forma de escravidão pautam-se na realidade social, política e cultural específica de cada continente.

Quilombolas no lançamento da Agenda Social Quilombola e do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial, mais precisamente de liberdade religiosa, no Palácio do Planalto, em Brasília. Foto: Antônio Cruz/ABr
Porém, sabemos que a relação entre senhor e escravo, tanto na África como na América, sempre foi baseada na violência, nos castigos e nas punições disciplinares. Além disso, as pessoas foram retiradas dos meios em que viviam, separadas de suas famílias, obrigadas a aprender outros idiomas e outros costumes, além de terem sido humilhadas e torturadas. Todas essas características foram chamadas de processo de desterritorialização, que ocorre quando indivíduos são retirados à força de seus territórios para outros territórios muitas vezes inóspitos.
A partir de então, é preciso se conscientizar de que toda forma de escravidão é desumana e violenta. O escravo se encontrava em posição de subordinação e nunca foi tratado como igual, por isso devemos questionar a ideia de que na África a escravidão havia sido mais branda e humanitária. 
A escravidão africana se configurou como cruel e desumana, segundo a historiadora Marina de Melo e Souza[i]
“Desde os tempos mais antigos, alguns homens escravizaram outros homens, que não eram vistos como seus semelhantes, mas sim como inimigos e inferiores. A maior fonte de escravos sempre foram as guerras, com os prisioneiros sendo postos a trabalhar ou sendo vendidos pelos vencedores. Mas um homem podia perder seus direitos de membro da sociedade por outros motivos, como a condenação por transgressão e crimes cometidos, impossibilidade de pagar dívidas, ou mesmo de sobreviver independentemente por falta de recursos. [...] A escravidão existiu em muitas sociedades africanas bem antes de os europeus começarem a traficar escravos pelo oceano Atlântico”(SOUZA, 2006, p. 47 apud MOCELLIN; CARMARGO, 2010, p. 174).
As pessoas se tornavam escravizadas na África principalmente por guerras. Outra forma de escravidão presente na África foi a escravidão por dívida: o indivíduo endividado passava a ser escravo do credor da dívida.
Sabemos que a escravidão já existia na África antes da chegada dos europeus no continente, mas a escravidão se tornou um negócio lucrativo tanto para os africanos que escravizavam, quanto para os europeus que traficavam escravos. A acentuação da escravidão na África aconteceu porque as vendas de escravos para a América se tornou uma lucrativa atividade.
[1]SOUZA, Marina de Melo e. África e Brasil africano. In: CAMARGO, Rosiane de; MOCELLIN, Renato. História em debate. Volume 2. Ensino Médio. São Paulo: Editora do Brasil, 2010, p. 174.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

EXPRESSE O SEU PENSAMENTO AQUI.