Curitibanos têm enfrentado a semana mais quente de verão dos
últimos oito anos. Na quarta-feira, o termômetro na capital alcançou
34,7°C pouco depois das 16 horas. A medição do tempo em Curitiba é feita
pelo Instituto Tecnológico Simepar desde 1997. Meteorologistas não
descartam que o recorde histórico de calor em Curitiba – registrado em
outubro de 2012, com 35ºC – seja ultrapassado. Ontem, os termômetros
chegaram a 33°C.
Embora pareça pouco comum, a alta dos termômetros é considerada
normal. O meteorologista do instituto Reinaldo Kneib afirma que esse
calor não faz parte de nenhum fenômeno especial e é causado por uma
intensa massa de ar quente que está estacionada sobre a região Sul.
“As chuvas têm ocorrido, mas de forma muito irregular, não
suficientes para diminuir as temperaturas. Além disso, a maioria dos
dias têm amanhecido quente e as nuvens têm se formado mais tarde do
habitual, por volta das 16 horas”, afirma Kneib.
Em tempos de temperaturas recordes, as soluções caseiras para
apaziguar o calor, como colocar uma bacia d’água no meio da sala para se
refrescar, são repetidas por muitos. Será que funciona? É possível
fritar ovo no asfalto quente? A reportagem consultou especialistas para
desfazer este e outros mitos do calor. Confira:
Verdade ou mito?
Roupas claras
Depende. Marina Seibert, professora da faculdade de Moda da
Universidade Feevale, com sede no Rio Grande do Sul, explica que o preto
tem a característica de reter calor, enquanto o branco reflete os raios
solares e proporciona maior sensação de frescor. Entretanto, se o
branco for usado perto do colo, por exemplo, o calor pode refletir para o
rosto e aumentar a sensação de abafamento. A escolha têxtil também é
importante: mesmo com cores mais escuras, se as peças forem de materiais
que permitem a transpiração ou tiverem perfurações, como as rendas,
isso irá interferir na sensação térmica corporal.
Gelo no ventilador
É verdade. De acordo com o pneumologista Adalberto Rubin, professor
da Universidade Federal das Ciências da Saúde de Porto Alegre, mesmo sem
estar perto de um ventilador, uma bacia de água ou gelo podem ajudar a
aumentar a umidade do ar, reduzindo a sensação de calor.
Abrir as janelas do carro mesmo com o ar ligado?
É verdade. Em dias quentes, a temperatura externa do veículo pode
passar dos 50°C. Com isso, o painel superaquece. Se o ar-condicionado
for ligado no máximo, com as janelas fechadas, o sistema será
sobrecarregado e pode ocorrer queima ou derretimento dos fios,
danificando o equipamento. O empresário do ramo de ar-condicionado
automotivo Marcelo Ramos orienta a deixar as janelas abertas por um
tempo, já com o ar ligado, para acelerar o resfriamento do painel e
evitar perda de eficiência.
Fritar ovo
Depende. A reportagem fez a experiência e comprovou que o dito
popular é, na maioria das vezes, figura de linguagem. Entre as 14h30min e
as 15 horas do dia em que o calor foi mais intenso, a temperatura do
asfalto chegou a 65°C. Para fritar um ovo, seria preciso algo em torno
de 90°C.
Sorvete e picolé
É verdade. Mas não por muito tempo. Alimentos gelados proporcionam
sensação de frescor imediato. A dica da nutricionista Júlia Dubin
Melnick é fazer picolés em casa, congelando sucos naturais de frutas,
sem adição de açúcar, ou mesmo iogurtes, para reduzir o potencial
calórico do refresco.
Bebês sentem menos calor
É mito. Bebês sentem tanto calor quanto adultos. Segundo o
vice-presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Marcelo
Pavese Porto, em temperaturas muito baixas, crianças pequenas podem
sentir mais frio do que adultos, mas não no calor extremo. Segundo o
pediatra, em dias de calorão, o ideal é deixar a criança somente de
fraldas. Bebês que estão em fase de aleitamento podem solicitar mais
vezes por dia o peito da mãe, porque sentem sede, e o leite materno é o
melhor nutriente que a criança pode ter para evitar desidratação.
Dormir com ventilador ligado faz mal
Depende. Conforme o pneumologista Adalberto Rubin, pesquisador
clínico em doenças respiratórias, se o ar-condicionado mantiver a
temperatura estável em torno dos 23°C não há riscos à saúde. O problema é
quando o ambiente fica resfriado demais, pois isso resseca o ar,
causando irritação nas vias respiratórias. Ventilador diretamente
voltado para a cama têm o mesmo efeito. Segundo Rubin, o risco é maior
para pessoas que têm problemas respiratórios.
GAZETA DO POVO
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