Substância também melhora a concentração, a capacidade respiratória e ajuda a prevenir o diabetes
Reza a lenda que há muito tempo atrás um
pastor de nome Kaldi percebia que suas ovelhas ficavam mais agitadas
quando comiam os frutos de um cafeeiro que tinha no seu quintal. Quando o
pastor experimentou estes frutos também sentiu uma sensação de maior
vivacidade. Lenda ou não, desde o século IV A.C. surgiram os primeiros
relatos sobre o café e atualmente se estima que no Brasil seu consumo se
aproxime de 710 mil toneladas ou 20 milhões de sacas por ano. Talvez
todo este sucesso se deva à uma substância presente no café e de nome
bem conhecido: cafeína.
Bioquimicamente falando a cafeína é
classificada como um alcalóide, do grupo das xantinas, grupo este
formado também pela teofilina e pela teobromina, encontrada no
chocolate. Várias plantas possuem cafeína na sua composição, não sendo
exclusiva do café (Coffea arabica), sendo elas: erva mate ( Ilex
paraguariensis ), guaraná ( Paullinia cupana ), cacau (Theobroma cacao
), chá ( Camellia sinensis ) e cola ( Cola acuminata).
Os efeitos da cafeína dentro do nosso
organismo já são hoje melhor compreendidos pela ciência. Os benefícios
ou prejuízos vão depender de um detalhe: a dose. Dependo da quantidade
pode ser um ?santo remédio?, como prevenir a doença de Parkinson e o
diabetes, segundo estudos recentes, ou seu excesso se transformar em
"veneno", levando a arritmias cardíacas muitas vezes fatais. A dose pode
ser letal próximo de 10.000 miligramas, mas acalme-se pois uma xícara
de café de 240 ml pode ter de 90 a 200 miligramas.
Os benefícios da cafeína
A cafeína atua no sistema nervoso
central como um estimulante direto por inibir a ação da adenosina, sendo
esta substância uma participante do sistema de freio do cérebro,
funcionando como um discreto calmante. Ao diminuir os efeitos da
adenosina, a cafeína deixa nosso cérebro em constante alerta e com mais
atenção e concentração, diminuindo também a fadiga mental.
É possível que a cafeína também estimule
a produção cerebral de neurotransmissores como serotonina e dopamina,
funcionando assim como um leve antidepressivo. Mas lembre: tudo
dependerá da dose. Estes efeitos benéficos cerebrais da cafeína ocorrem
com doses que não ultrapassem 300 mg/dia. Acima disto, pode causar
irritabilidade, insônia e até mesmo dificultar a concentração. Aliás,
quem dorme pouco por insônia deve evitar o uso do café pelo menos nas 12
horas que antecedem a hora de dormir.
Outro efeito também conhecido da cafeína
é causar uma dilatação dos brônquios pulmonares, otimizando assim a
capacidade respiratória. Não à toa os estudos mostram que um dos motivos
do melhor rendimento dos atletas com o consumo prévio de cafeína antes
das atividades físicas é a melhora da capacidade respiratória com melhor
oxigenação dos músculos, melhorando assim seu rendimento. Aliás, além
deste benefício, a cafeína diminui a percepção de cansaço pelo cérebro
do atleta, fazendo com que o mesmo demore um pouco mais para atingir a
exaustão. É sabido também que a cafeína estimula a lipólise por inibir
uma enzima chamada fosfodiesterase. O que é a lipólise? Garanto que é
aquilo que todo gordinho e também os marombados desejam: utilizar as
células de gordura (adipócitos) estocadas em nosso corpo para gerar
combustível para queima durante os momentos que o corpo necessita de um
extra de energia para manter as atividades musculares que estão sendo
exigidas. Este é o famoso efeito termogênico da cafeína, ou seja, ao
transformar a gordura em fonte de energia há geração de calor e elevação
da temperatura corporal (termogênese).
Como consumir
Com tantos efeitos conhecidos da
cafeína dentro do corpo humano, o importante é saber utilizá-la com
segurança. Na sua forma natural como é encontrada nas plantas (café,
chá, chocolate, cola, erva mate ) sua ingestão é mais segura, mas não
por isso devemos exceder a dose recomendada. A sugestão de estudos é que
não devemos ingerir mais de 300 mg por dia de cafeína (alguns estudos
sugerem no máximo 200 mg/dia ).
Cafeína e a dependência
Devo alertar também para o risco de
desenvolvimento de dependência da cafeína. A ingestão frequente da
cafeína com uma parada abrupta pode causar sintomas de abstinência como
dores de cabeça, náuseas e irritabilidade. Nestes casos, a diminuição da
sua ingestão deve ser gradativa, aos poucos e com orientação médica.
Enfim, mais uma vez vale o velho e
sempre certeiro bom senso em nutrição: tudo se pode com ponderação e em
doses adequadas. Respeitando-se as contraindicações salve o nosso bom
cafezinho do dia a dia! Ou alguém discorda?
YAHOO
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