Sem temerem multas, caminhoneiros fazem carreata e planejam mais um dia de protestos
Carreata em São Miguel do Oeste reuniu caminhoneiros e agricultores nesta sexta-feira
Foto:
Diorgenes Pandini / Agencia RBS
O anúncio de aplicação de multas para
os caminhoneiros que se recusarem a liberar as rodovias por causa dos
protestos não desmobilizou as manifestações no Oeste de SC,
apesar de motoristas já evitarem estacionar os veículos no meio das
vias. Os transportadores prosseguem nos pontos de protestos em diversas
cidades da região e porta-vozes afirmam que as informações sobre acordos
vindos de Brasília não são suficientes para diluir as paralisações.
O que ainda esperam da Capital, principalmente, é um acordo para a
redução do óleo diesel. E dizem não abrir mão de reivindicações pouco
específicas, como o “fim da corrupção”.
Um dos novos objetivos traçados nesta sexta-feira foi a criação de
uma comitiva com as principais lideranças dos bloqueios no Oeste que irá
se direcionar para Brasília e tentar audiências com ministros e a
secretaria-geral da Presidência.
Vilmar Bonora, porta-voz da manifestação em São Miguel do Oeste,
reuniu-se com políticos que atuam na região, o deputado estadual Mauro
de Nadal e o deputado federal e Valdir Colatto, ambos do PMDB, com quem
tenta articular a viagem. Esperam conseguir montar o grupo até
segunda-feira.
— Nada do que foi acertado em Brasília é importante para nós. Ainda
há a questão do óleo diesel, que continua com preço muito alto. Também
estamos cansados da corrupção. O movimento continua firme e forte e
essas balelas de multa não convencem mais ninguém. O principal ainda é
preço do combustível, frete e pedágios, que precisam ser negociados —
disse Bonora.
No município, agricultores se uniram aos caminhoneiros e, além de
reivindicarem também a redução da tarifa da energia elétrica,
organizaram com os transportadores uma carreata pelas ruas do município.
Dirigindo caminhões e tratores, fizeram um protesto pacífico e buzinaço
com escolta da Polícia Militar, de dentro dos seus veículos.
— Estamos convidando a sociedade para participar. Todos que estão
descontentes com a atual situação. Enquanto não houver redução no
combustível e na energia elétrica, o movimento em São Miguel do Oeste
vai continuar. Estamos fazendo essa passeata também para que a população
urbana tome conhecimento das nossas reivindicações — disse Joel de
Moura, presidente da Associação de agricultores do município.
Em Chapecó, onde um novo bloqueio foi instalado desde a quarta-feira
no trevo de acesso ao município, manifestantes se concentram para mais
um dia de protesto. Jorge Marteli, um dos integrantes que aceitou
conversar com a reportagem, diz que não acredita mais nas decisões de
Brasília e não se importa com o anúncio das multas. Para ele, também a
pauta principal é quanto ao preço do combustível.
— A indignação é tanta que nenhuma informação ou ameaça afeta mais nossa mobilização — disse.
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