CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

quinta-feira, 23 de abril de 2015

HOMENS MANIPULADOS

Recusada por duas publicações devido a dilemas éticos, pesquisa gera discussão sobre os limites da ciência

 
Células de embrião humano - LatinStock


Um grupo de pesquisadores chineses conseguiu, pela primeira vez na História, modificar com sucesso genes de embriões humanos. A experiência, porém, já chega a público imersa em controvérsia devido a uma série de questões éticas. Sempre cautelosos quanto a esse tipo de pesquisa, cientistas temem que a modificação de genes humanos, ou eugenia, mesmo que com o objetivo de curar doenças genéticas, tenha consequências imprevisíveis sobre gerações futuras.

Rumores de que a pesquisa vinha sendo feita circulam no meio acadêmico desde março. Segundo o site da revista "Nature", tanto a "Nature" quanto a "Science", duas das maiores publicações científicas do mundo, recusaram-se a publicar o experimento devido a questões éticas que o trabalho suscita. Mas a equipe de pesquisadores liderada pelo professor Junjiu Huang, da universidade de Sun Yat-sen em Guangzhou, na China, conseguiu que seu estudo fosse aceito pelo bem menos conhecido jornal "Protein & Cell".
Huang e seus colegas tentaram driblar as preocupações usando embriões "inviáveis", ou seja, que não resultariam em nascimentos, obtidos em clínicas de fertilidade. A equipe buscou modificar o gene responsável pela β-thalassaemia, um distúrbio sanguíneo fatal, usando a ténica de edição genética conhecida como CRISPR/Cas9. Segundo os próprios pesquisadores, contudo, seus resultados revelam sérios obstáculos ao uso do método em aplicações médicas.
"Acredito que este é o primeiro estudo de CRISPR/Cas9 aplicado a embriões humanos e, sendo assim, o trabalho é um marco, mas também é motivo de cautela", disse ao site da "Nature" o biólogo genético George Daley, da Escola de Medicina de Harvard, em Boston, nos EUA. "A pesquisa deve servir de aviso a qualquer cientista que pensa que a tecnologia está pronta para tentar erradicar doenças genéticas".
No experimento, os cientistas injetaram nos embriões o complexo de enzimas CRISPR/Cas9, que "cega" e une DNA em locais específicos. O complexo pode ser programado para atuar sobre um gene problemático, que, então, é substituído ou reparado por outra molécula introduzida ao mesmo tempo. "O sistema é bastante estudado em células humanas adultas e em embriões de animais. Mas nunca houve pesquisas publicadas sobre o seu uso em embriões humanos", diz o site da "Nature".

'NÃO SOMOS RATOS DE LABORATÓRIO'

Os cientistas testaram a técnica em 86 embriões. Após 48 horas, os pesquisadores testaram 54 dos 71 embriões sobreviventes e identificaram que desses, 28 tinham sido modificados com sucesso. De acordo com próprio grupo de cientistas, a baixa taxa de sucesso indica que o processo não será aplicado em embriões viáveis tão cedo, já que, para isso, a pesquisa precisaria alcançar 100% de eficácia.
Em tese, a técnica pode servir de base para o tratamento de doenças genéticas. No entanto, a comunidade científica tem sérias preocupações quanto a seu uso na medicina. Mudanças no código genético podem não apenas alterar o ser humano cujo DNA estaria sendo "reparado", mas também seus filhos, netos, bisnetos etc. Ou seja, uma alteração no gene de uma pessoa pode resultar em gerações de humanos geneticamente modificados, sendo que ainda não há pesquisas para saber quais seriam as consequências disso.
No último dia 12 de março, a revista "Nature" publicou um alerta sobre pesquisas com embriões humanos, pedindo uma moratória total nesse tipo de estudo. Presidente da Aliança para a Medicina Regenerativa, o cientista Edward Lanphier e outros quatro pesquisadores pediram à comunidade mundial para não realizar experimentos nessa linha. "Não somos ratos de laboratório, muito menos algo como um milho transgênico. Por décadas, os países desenvolvidos debateram a modificação de genes em células reprodutivas e se posicionaram contra isso", disse Lanphier ao GLOBO em março.


Globo.Com

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