CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 29 de abril de 2017

HOMILIA DESTE DOMINGO

III Domingo da Páscoa, 30 de abril de 2017
Lc 24,13-35
1. Antes de tudo, esse texto é próprio de Lucas. Os discípulos de Emaús sinalizam, logo de início, um grande perigo: o de que, se Cristo não tivesse ressuscitado, tudo seria apenas lembrança de um grande homem cheio de boa vontade que não conseguiu atingir seus objetivos, seguindo seu coração e lutando pelas pessoas. Na verdade, muitos querem isso ainda hoje. Não admitem a ressurreição daquele Homem de Nazaré, porque para eles não é fácil entender como isso poderia ter acontecido. Além disso, a Escritura Sagrada seria letra morta, sem futuro, talvez service apenas como ensinamento de auto-ajuda. E os discípulos, por outro lado, seriam apenas sonhadores, frutrasdos e sem futuro, homens e mulheres considerados “loucos”, “tolos”, “cegos” (cegueira sinalizada pela ida a Emaús) e abjetos perante os líderes da religião judaica. Eles estão tentando voltar à vida do comum das pessoas, à “aldeia” de onde sairam, a um passado que não tinha mais sentido, à uma realidade que não mais lhes interessava tanto. A experiência com Jesus tinha sido arrasadora. No entanto, faltava-lhes a fé. Jesus vem ao encontro deles, mostra-lhes a verdade da ressurreição, explica-lhes os textos bíblicos e celebra a ceia com eles, revelando-lhes a Sua nova realidade e o futuro deles.
2. Sinais da ressurreição: além da comprovação do túmulo vazio, duas outras coisas são importantes para se entender a realidade de Jesus em estado de glória: as aparições de Jesus e a releitura das Escrituras. O túmulo vazio indica, historicamente, o dado da ressurreição, mas não basta. Somam-se a isso, as aparições do mesmo Jesus ressuscitado, que por iniciativa própria vem ao encontro dos Seus. O encontro com o Ressuscitado permite-lhes aprofundar ainda mais suas convicções a partir do texto do Antigo Testamento. Eles são impulsionados por Jesus, além da grande necessidade pessoal, à compreensão da Sagrada Escritura, que já tratava da ressurreição. Assim, nesse relato dos discípulos de Emaús, encontram-se tanto a aparição de Jesus quanto a reflexão sobre a Palavra de Deus, indicando a novidade do Mestre, percebido apenas pela fé. Interessante, porque nesse relato, Jesus mesmo é o exegeta, é quem toma a iniciativa da interpretação escriturística, é Ele mesmo quem indica aos discípulos a estrada verdadeira para chegar a Jesus ressuscitado, que é a legítima chave de interpretação tanto para se entender Sua própria vida quanto para se compreender a Sagrada Escritura.
3. Muitos gostariam que Jesus continuasse no meio da comunidade do jeito como era antes de Sua morte; gostariam que Ele estivesse ali em todos os momentos com Seus ensinamentos e milagres. O texto evidencia que agora é chegado o tempo da Igreja, corpo de Cristo. Jesus cumpriu as Escrituras, realizou sua missão salvífica, dando-Se por nós. Foi vitorioso, vencendo a morte, o pecado e o Diabo. Ressurgiu dos mortos e agora vive de modo glorioso, como Senhor dos vivos e dos mortos. Sua presença continua na Igreja por meio da Palavra, da Liturgia, da própria assembleia reunida, em cada um em oração, nos grupos reunidos em Seu nome. Ele continua caminhando com Sua Igreja, com cada discípulo, com todos aqueles que precisam de conversão. Como se dá essa presença? Por meio do Espírito Santo.
4. O que deve fazer a Igreja? Continuar, a cada instante, a busca sempre mais eficaz da compreensão da Palavra de Deus; sempre mais entrar na intimidade de Deus por meio da oração; lutar sempre por tudo aquilo que possibilite um maior conhecimento de Jesus; celebrar com convicção e fervor a Santa Eucaristia, pois foi no partir do pão que os discípulos de Emaús reconheceram Jesus. Uma comunidade sem Eucaristia não pode ser cristã. A Eucaristia é central na vida da comunidade de Jesus, que se fez alimento de vida eterna para Sua Igreja. Não é possível pensar a Igreja de Jesus ressuscitado sem o Pão do Céu, sem a Eucaristia, que é Jesus Cristo mesmo glorificado. A Eucaristia é a presença mais concreta de Jesus Cristo na história. Ele mesmo prometeu: "Estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mt 28,20).
5. Convém que cada cristão, que cada discípulo mantenha firme três coisas inseparáveis: a Palavra, a Eucaristia e Profissão de Fé. Mediante a vivência dessas, que chamamos colunas, todos reconhecerão o Senhor Jesus Cristo. A vivência da Palavra, da Eucaristia e da Profissão de fé exige conversão, mudança de mentalidade, renúncia de si mesmo, do seu horizonte, para entrar no Horizonte de Deus mediante a Fé, o Amor, a Verdade e a vida na Vida. Ciente dessa novidade em sua vida, Pedro levantou-se, saiu do fundo do poço, criou coragem para enfrentar tudo aquilo que se colocasse contra sua obediência a Cristo, a quem amava apaixonadamente, enfrentou os que conduziram Jesus à morte, proclamou a ressurreição, deu testemunho de Jesus Vivo, vitorioso, e a todos convidou para uma vida segundo a fé e a esperança em Deus, o Senhor da vida. Os discípulos de Emaús, por sua vez, venceram o medo, a ignorância e o desânimo. Depois do encontro com Cristo, na fração do pão, alegraram-se com Jesus e com a Igreja e colocaram-se à disposição da missão evangelizadora. E você, o que ainda está esperando?
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo

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