CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

quarta-feira, 31 de maio de 2017

HOMILIA HOJE

Quarta-feira, 31 de maio de 2017
Lc 1,39-56
1. Depois de dialogar com o Anjo Gabriel, Maria foi apressadamente se encontrar com sua prima Isabel. Ela não duvidava das palavras do arcanjo. Sua ida à casa de sua prima mostra, antes de tudo, sua disponibilidade, seu interesse em cuidar de uma senhora grávida, pois Isabel era de idade avançada. Certamente passava na cabeça de Maria o que lhe foi dito pelo Anjo Gabriel, mas não era seu intuito querer saber se o Anjo realmente tinha acertado no que disse. Isso seria duvidar de Deus. Maria não tem dúvida da palavra que lhe foi dirigida, tanto é que se colocou absolutamente à disposição do Senhor: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra". Maria aparece muito mais como a Serva do Senhor.
2. Para além de uma observação factual, Lc apresenta uma importante hermenêutica bíblica. O texto revela uma profunda teologia, aquilo que ele e a Igreja experimentaram a partir da ressurreição de Jesus. A ida de Maria ao encontro de Isabel é sinal do encontro entre a Nova e e Antiga Aliança. Na saudação de Maria é proclamada, solenemente, a chegada do Messias esperado, “o Príncipe da paz” (Is 9,5), a presença da “paz abundante” (Sl 71,7), a paz necessária para a construção de um mundo novo. Maria, então, é portadora da paz. Isabel chama Maria de “Bendita entre as mulheres”. Jael e Judite também receberam esse tipo de saudação (Jz 5,24 e Jt 13,23), duas mulheres frágeis, mas que, por graça de Deus, venceram. Ora, aplicando essa saudação à Maria, Lc está querendo afirmar que ela é o instrumento frágil e pobre pelo qual Deus realiza Suas maravilhas, dando ao mundo o Salvador. Além disso, Isabel representa o Antigo Testamento; Maria, o Novo. Aquela estéril, Esta, fecunda.
3. Maria é bendita, antes de tudo, por ter sido pensada, preparada e escolhida por Deus; também por ser toda voltada para o seu Senhor; e, ainda, por causa do Bendito, por Ele agraciada, a fim de ser sua Mãe. Por vontade do Pai, Maria foi criada como um sacrário, não feito por mãos humanas, mas do jeito do querer de Deus. A arca foi criada para transportar a Lei de Deus, era motivo de reverência, júbilo e festa. Nela, o povo entendia que estava o Senhor. Dos lábios de Davi vem a exclamação: “Como virá a Arca do Senhor para ficar na minha casa?” (2Sm 6,9). A Arca passa três meses em uma residência judaica, depois de ter sido recebida com muita festa: danças, gritos alegres e cantos festivos, porque ali se encontrava a presença do Senhor e isso era bênção para toda a família acolhedora (2Sm 6,10-11). É possível perceber a ligação estabelecida por Lc entre esses textos e o encontro de Maria com Isabel, que provoca uma reação exultante tanto em Isabel quanto na criança no seu ventre, que “pula de alegria”. A presença de Maria é sinal da presença de Deus, Maria como a nova ARCA exclusiva de Deus, que se apresenta como realização das promessas messiânicas.
4. Maria foi pensada por Deus como a Kecharitomene, a AGRACIADA em sentido pleno, por isso, a pleníssima da graça, para ser a mãe da Graça salvífica. Isabel não vê a prima Maria, mas a Mãe do Senhor. Aquele momento expressa unicamente ação da graça de Deus, presença do Espírito e, portanto, manifestação de fé. O encanto manifestado por Isabel revela o que se espera do povo antigo de Deus, mas também o encanto de todo a Igreja pelo mistério de Deus na vida de Maria, que foi feita encanto de Deus. Todo o seu ser exprime essa verdade. Por isso, nos lábios de Maria, o cântico do pequeninos de Deus foi bem colocado: "A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador". Todo o ser de Maria é um ENCANTO para Deus. Ela é proclamada “Bem-aventurada” porque acreditou (Lc 1,45). No evangelhos de Lc, essa é a primeira bem-aventurança, marcada não pela visão, mas pela adesão total “porque acreditou”. Em Jo 20,29, Jesus afirma: “Felizes os que creem sem ter visto”. Não resta dúvidas que Maria é o que todos os cristãos devem ser com relação a Jesus. Maria é chamada de BENDITA por Isabel e BEM-AVENTURADA no magníficat, expressões que não deixam dúvidas quanto à vida assunta da Virgem Mãe de Deus. O texto é claro: não diz que ela será bem-aventurada, mas que É, no presente, Bendita, e que, doravante, todas as gerações, todos os homens e mulheres, de todos os tempos, a proclamarão Bem-Aventurada. Outro detalhe: “porque o Todo-Poderoso fez GRANDES coisas em meu favor”: dispersou os soberbos, destruiu os tronos dos poderosos, elevou os humildes, alimentou os famintos, os ricos deixou sem nada e socorreu Israel, seu servo (…). Além disso, plenificou Maria de Sua GRAÇA, tornando-a mãe do Novo Israel, da Nova Humanidade, do Novo Povo de Deus, da Nova História.
5. Maria é o sinal autêntico da Nova e Eterna Aliança. Sua presença provocou uma verdadeira transformação na realidade de Isabel, que ficou "cheia do Espírito Santo". Maria, plena do Espírito, portadora do Eterno, concede a Isabel a graça de perceber a grande novidade, o prometido, o Messias, já presente na história, ali no ventre da Virgem. No encontro das mulheres (as duas Alianças), dá-se o encontro de duas crianças, o Bendito, o Salvador, e o seu precursor, "a voz do que clama no deserto", aquele que, naquele momento, representa todo o povo de Israel. A criança no seio de Isabel alegra-se ao sentir a presença do esperado e, ali, recebe a Força do Altíssimo para exercer sua grande missão profética, a de ser o maior dos profetas por anunciar, batizar e apontar o Messias Servo do Senhor.
6. “Minha alma glorifica ao Senhor”. O “cântico de Maria” é, na verdade, tirado do Antigo Testamento, uma parte de 1Sm 2,1-11 e alguns versículos de salmos. Para muitos biblistas, trata-se de um canto composto depois da Ressurreição de Jesus, atribuido, primeiramente, à “virgem” Israel, segundo sua condição de pobreza, humilhação e desprezo por parte de outras nações. Quando os primeiras cristãos perceberam que Jesus era, realmente, o Messias esperado, não tiveram dúvidas da ação divina em magnificar a “virgem” Israel, que seria para sempre chamada “bem-aventurada. Lc, à luz do Espírito de Deus, compreendeu que se tratava de um canto totalmente voltado para a realidade da “Virgem” (1,27), Mãe do Messias, pela qual Deus se fez presença no mundo. Em Lc não há possibilidade de ser Mãe do Glorioso Deus se não for plenamente revestida da mesma glória.
E nós, somos capazes de proclamar que somos um encanto para Deus? Somos cristãos alegres? Temos fé realmente? Maria, por ser a mãe do Senhor, é bem vinda a nossa casa? Temos dúvidas quanto a sua importância na Igreja? Acreditamos, verdadeiramente, na assunção de Maria?
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo

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