CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

GLÓRIA A VÓS SENHOR

O texto evidencia a realidade de quem conhece e ensina a Palavra de Deus, mas não a coloca em prática de modo pessoal, colocando-se como servo, como obediente aos ensinamentos de Deus, mas tão somente como observantes. Os mestres da Lei e os fariseus são respeitados na condição de conhecedores, ensinantes, guardiães e protetores da Lei. Por outro lado, pelo fato de não terem uma vida conforme aquilo que sabem, são tratados aqui como hipócritas, sepulcros caiados, homens conhecedores da verdade, mas também amantes de si mesmos, das honrarias, dos títulos honoríficos, dos primeiros lugares, das considerações puramente humanas e dos aplausos. Enquanto buscam a si mesmos, nem sequer se importam com o peso de uma observância escravista da Lei de Deus, imposta de goela abaixo, de qualquer forma, sem humanidade, ao povo do Senhor.
2. Eles são piores do que aqueles que, no tempo atual, se vestem como seus ídolos, marcando sua pele com figuras pagãs, adequando-se à realidade de fantasias, ilusões e deturpações da verdade, pois colocam a lei divina, escrita em pergaminhos, na testa, o que era normal para o contexto bíblico na oração matinal, mas indigno na condição como era usado pelos fariseus (cf. Ex 13,1-10.11-16; Dt 6,4-9; 11,13-21). Também, como ensina o Antigo Testamento (Nm 15,37-41; Dt 22,12), usavam longas franjas, para lembrar sempre os mandamentos. O que os torna em condição pior do que aqueles seguidores dos ídolos do nosso tempo, é a forma do uso com segundas intenções, jogo de interesse, busca de si mesmos, sem identificação nenhuma com aquilo que pregam. Além disso, o motivo maior era o de ter acesso aos primeiros lugares, serem reconhecidos como "santos", seguidores da lei divina e serem reverenciados pelo povo.
3. Jesus não admite que sejam chamados de Mestres (Jesus é o verdadeiro Mestre, pois não somente ensina, mas também cuida, liberta, preocupa-se com o ser humano, coloca-se como Servo, guiando para o Pai), Guias (não pode ser guia quem conhece somente das letras, mas desconhece o gesto de amar, o ato da misericórdia e a humildade do serviço) e Pai (só existe um Pai absolutamente, mas todo aquele que foi chamado para cuidar dos filhos de Deus deve ser uma transparência do Pai, agir como o Pai. É aqui onde se encontra a paternidade terrena, numa atitude de serviço, por causa de Deus e em vista de Deus mesmo). Por quê? Note bem que o problema está na forma de ação e de intenção por parte das autoridades. Os líderes se consideram mais importantes, superiores, melhores, mais dignos, mais puros, mais próximos de Deus, merecedores de reverências e de obediência. Chamá-los de mestres, guias e pai é o mesmo que amaciar o ego de todos, reconhecer a própria submissão a eles e a própria indignidade. Além de assumir ser realmente menor, menos importante, menos humano, menos amado por Deus. Jesus não condena o fato de alguém ser mestre no sentido de ser mais bem preparado para ensinar, esclarecer, tornar mais clara a verdade. O que ele condena é a atitude de se colocar diante do outro não mais como irmão, mas como se fosse de outra espécie, melhor, mais digno, superior e “donos” do “resto” que deve agir como escravo.
4. Para Jesus, toda e qualquer forma de relacionamento que leve em conta a vaidade pessoal em detrimento do outro, a busca de si mesmo e não o serviço aos mais necessitados, à incompreensão da igualdade perante Deus, é injusta, desumana e satânica. Tirando a relação de poder dominador, alguém é mestre, porque ensina; é guia, porque sabe o caminho e a meta; é pai, porque, tendo a missão de mestre e guia, participa do ato criador de Deus, num processo natural contínuo de educação para a comunhão com Deus. A paternidade, maternidade e filiação indicam a família, que é imagem de Deus. Antes de criar a família humana, Deus é a FAMÍLIA DIVINA: Pai, Filho e Espírito Santo. Também não se deve cair no exagero dos "Adventistas", que não admitem nem sequer chamar o genitor de pai. Isso significa total desconhecimento do ensinamento de Jesus, pois a Sagrada Escritura ensina "Honrar pai e mãe" (Ex 20,12). Convém ressaltar que o texto acima conclui condenando justamente a relação de supremacia sobre o outro, que é irmão: "o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado".
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

EXPRESSE O SEU PENSAMENTO AQUI.