CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

AS VIRGENS PREVIDENTES

O Reino dos céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo”. Cinco delas eram providentes, e cinco improvidentes. O que as distinguia era, justamente, o óleo. Mt não dá tanta atenção à vigilância, até porque todas dormiram, mas ao fato de estarem prontas para seguir o noivo assim que chegasse. Para isso, o mais importante era o óleo, conservando as lamparinas acesas. O noivo aqui é identificado com Cristo, e as noivas com os cristãos; o salão das núpcias, com o Reino.
As virgens sábias ou prudentes ou, ainda, providentes, são os cristãos que não abandonam, em hipótese nenhuma, a Palavra de Deus, a Vontade do Senhor e a prática da caridade. São aqueles e aquelas que permanecem diante do Senhor, fazendo de suas vidas verdadeiros dons, sacrários de Deus e autênticos instrumentos da salvação; não desanimam diante dos problemas e das perseguições, não abandonam o barco da fé, não se escoram nos outros e nem trocam o seu amor por outros amores; são decididos, convictos e apaixonados por Jesus Cristo e pelo Seu Reino.
Os cristãos estamos com Cristo, mas também O esperamos; diante Dele, mas também desejamos vê-LO face a face; caminhamos à luz da fé, mas um dia com Ele reinaremos quando a fé e a esperança não forem mais necessárias, porque somente o amor será a nossa realidade. Antes disso, a fé e a esperança nos sustentam, dão-nos sentido de vida, certeza antecipada do que esperamos e acreditamos. Enfrentamos todo tipo de combate, lutamos com as armas da prudência e da simplicidade, preparamo-nos como as serpentes, a fim de não recebermos o bote, e agimos como as pombas, mirando apenas o bem do outro.
O óleo de que necessitamos é o Espírito Santo, Alma da Igreja, Consolo de nossas vidas, Santificação do nosso ser, Fortaleza na caminhada, Condição de configuração ao Noivo, Jesus Cristo, Luz permanente na espera do Salvador, Certeza de comunhão e participação na festa das eternas núpcias. Sem o Espírito, é impossível encontrar o Noivo, a Verdade e a Vida. Sem uma profunda vida de abertura ao Espírito de Deus não há possibilidade de permanência, de encontro e de transformação. O encontro com Cristo só será possível a quem se lançar no Espírito de Deus.
Plenos do Espírito, cada pessoa apaixonada poderá cantar: “Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! A minha alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água! Venho, assim, contemplar-vos no templo, para ver vossa glória e poder. Vosso amor vale mais do que a vida: e por isso meus lábios vos louvam. Quero, pois, vos louvar pela vida e elevar para vós minhas mãos! A minha alma será saciada, como em grande banquete de festa; cantará a alegria em meus lábios. Penso em vós no meu leito, de noite, nas vigílias suspiro por vós! Para mim fostes sempre um socorro; de vossas asas à sombra eu exulto! (Sl 62/63). Assim voltados totalmente para o Amado, poderemos praticar as obras da Justiça, fazer o bem, encher nossas vasilhas do oleo necessário para se chegar à sala das núpcias do Cordeiro, Sabedoria infinita, alegria de nossa alma.
Como a parábola faz referência à escatologia, isto é, ao encontro definitivo com Deus, ou, por outro lado, o desencontro eterno, cabe aqui a séria lição sobre a possibilidade de condenação para quem não der importância ao “óleo” da prática da justiça do Reino de Deus. No instante último, será doloroso escutar do “Noivo”, o Cordeiro: “… não vos conheço”. Certamente, Ele reconhecerá quem a Ele se identificou. Ele foi todo para o Pai e todo para a salvação dos atraídos pelo Pai. Identificar-se com Ele é colocar-se todo na direção de Deus e na prática do bem. Quem assim procede abastece suas lamparinas com o óleo do bem praticado. Do contrário, com a perda do “óleo” vem também a perda da salvação. Não basta dizer “Senhor, Senhor”, é necessário fazer a vontade do Pai.
E quando será o fim? Essa não é a preocupação de Jesus. A qualquer momento pode acontecer a chegada do Noivo na vida daquela determinada pessoa. O importante é manter-se preparado. Certamente haverá o fim último, mas quando? Paulo acreditava que Jesus voltaria com ele e a comunidade ainda vivos. Daí o problema: alguns já estavam morrendo, e Jesus não chegava. Aqui tem-se a demora do “noivo” da parábola. Por isso, Paulo, atento à salvação dos a ele confiados, iluminado por Deus, escreve-lhes, afirmando que os mortos ressuscitarão primeiro, e em seguida os vivos serão arrebatados. Vivos ou mortos, todos iremos para Deus, desde que, a partir do início, sejamos homens e mulheres atentos às coisas de Deus, à prática de Sua vontade e verdadeiros dons uns para os outros, e não esquecendo que só chegaremos à eternidade, à semelhanças das virgens previdentes, se formos como o Noivo, Jesus Cristo Nosso Senhor.
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo

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