CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

domingo, 6 de outubro de 2019

FÉ,ESPERANÇA E CARIDADE

   O primeiro aspecto desse texto diz respeito à fé. O discípulo é aquele que entende sua vida na experiência do amor, da verdade e da fé. Faltando um desses elementos, sua vida se transforma num desastre total para si e para os demais. A fé é o fundamento do sentido da vida na história. Por isso é necessário que o discípulo peça ao Senhor que o fortaleça na fé. Não é a quantidade da fé, mas sua qualidade que justifica o homem. Ser forte na fé é ser todo de Deus e para Deus, tornando-se, por isso mesmo, também todo para o bem do outro. Assim, os escândalos serão evitados, e a construção de uma nova comunidade será elevada.
2. O que indica um aumento na fé é a adesão sempre maior a Jesus Cristo. Quanto mais houver aproximação a Ele, conhecimento DELE, clareza no relacionamento com Ele e identificação com Ele, certamente maior a fé. Essa identificação exige “passar pela porta estreita” (Lc 13,24), renunciar os apegos familiares e a si mesmo (cf. Lc 14,26-27), renunciar o mundo e suas riquezas (cf. Lc 14,33) e, sem dúvida alguma, perdoar sempre e sem impor condições (cf. Lc 17,5-6). Essas são exigências extremamente importantes que medem a condição fiducial de quem deseja viver verdadeiramente segundo a Fé, que o justifica (cf. Hab 2,4).
3. Convém prestar atenção ao fato de um entendimento da fé como instrumento de interesse pessoal. Aqui reside um gravíssimo erro. A fé não é para se conseguir milagres, glórias pessoais, favores, méritos, sucessos e vaidades. Pelo contrário, a fé é, antes de tudo, um dom de Deus. Depois, ela exige renúncia de si para se viver em adesão total a Deus, submetido à Sua vontade salvífica. Somente a partir daí, pode-se entender porque a fé não é um mecanismo de transporte de coisas e/ou pessoas, mas, além de adesão a Deus e à Sua doutrina, é instrumento de libertação da pessoa humana, principalmente quando se trata de desavenças, richas, ódios, individualismos, desequilíbrios familiares, perseguições, preconceitos, etc. Tudo isso precisa ser vencido, eliminado do homem e de seus relacionamentos. Nesse caso, a fé coloca o homem diante de Deus, de si mesmo e do outro como um verdadeiro dom de salvação.
4. Na segunda parte do texto acima, Jesus quer conduzir Seus discípulos para o desprendimento total de si. O discípulo é aquele que cumpre a vontade do Mestre em total desinteresse e gratuidade. A missão evangelizadora parte do desejo de Deus e tem como objetivo Deus mesmo. O discípulo é alguém chamado, escolhido, preparado e enviado por Deus como instrumento de salvação, como sinal do seu amor e verdade, como defensor da vida e testemunho de sua bondade. Deus faz do discípulo um portador da Boa Notícia para a elevação do homem e para a transformação do mundo.
5. Não pode ser discípulo de Cristo quem busca privilégios e títulos de prestígio. O texto não quer mostrar Jesus como um homem grosso, bruto e desumano na ação. Na verdade, por essa parabola, Ele quer combater, nos Seus discípulos, toda e qualquer forma de ação que esteja fora da realidade do amor. Quem age por privilégios não ama, é explorador do outro. Esse tipo de religiosidade é condenado vivamente por Jesus. Quem quer ser discípulo deve lançar por terra toda forma de mercantilismo na relação com Deus, isto é, procurar fazer algo em troca de alguma coisa. O discípulo, como qualquer ser humano, tem seus interesses, seus sonhos, mas traz consigo algumas diferenças: uma vez sendo discípulo, sua alegria é servir ao seu Senhor na implantação do seu Reino; além disso, sofre muito para poder ficar livre do julgo dos seus interesses, podendo ser até tratado como inimigo quando na verdade tem como pretensão ser somente fiel a Deus; uma outra coisa, ele sofre a rejeição daqueles por quem está gastando sua vida; sua vida se assemelha a de Cristo Servo.
6. Num mundo que busca as honras, o poder, a fama, as câmeras fotográficas e filmadoras, os primeiros lugares, os aplausos, os títulos, o sucesso em tudo, o desinteresse pelo profetismo (consequencia de quem busca a si mesmo), que escraviza a religiosidade aos princípios econômicos, colocando Deus na situação de justificador dos desejos mais doentios de dominação, manipulação de ideias, desequilíbrio psicológico e eliminação da dignidade do outro, nasce o discípulo e a discípula de Jesus Cristo, portadores da mesma missão do Mestre para agirem da mesma forma: como SERVOS, mesmo carregando a cruz imposta pelos iludidos do mundo. No meio desse mundo, o discípulo faz a vontade de Deus, tem consciência do chamado, sabe qual é a sua missão, reveste-se do serviço e corajosamente se lança na missão. No final, ele tem consciência de que só foi capaz de realizar a missão de Cristo porque soube viver a condição de servo, servindo unicamente por amor, e que essa condição foi essencial inclusive e primeiramente para sua própria salvação.
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo


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