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de forma saudável, não nos cobremos pelo que não nos engrandece. Quando
o perigo passar, nos reorganizaremos, tudo vai se encaixar e a
maturidade que tivemos para lidar com a situação nos dará orgulho. Vamos
aproveitar a travessia para alimentar nosso ser daquilo que realmente
nos importa e nos falta. Cada um sabe do que tem fome. FREIRE, Paulo.
Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de
Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2019. Páginas citadas: 142 e 47. * Professores entendem que a
suspensão de aulas não deva significar antecipação de férias. Rejeitamos
essa ideia. Ter férias é um direito, deve ser respeitado. A retomada do
calendário escolar deve ser acordada, coletivamente, nas assembleias da
comunidade escolar tão logo retornemos à normalidade das aulas.
Prestamos nossa solidariedade aos colegas da rede pública e privada que,
atacados por decisões governamentais e/ou de gerências privadas, têm
sido obrigados a produzir material, avaliar alunos e ainda conviver com a
ideal ilegal de antecipação de férias. Texto escrito no Facebook do Professor Jonas retrata o momento que estamos vivendo.
ESTE BLOG É PARA A POSTERIDADE,ESTÁ A SERVIÇO DA FÉ E DA CULTURA DESDE 10 DE OUTUBRO DE 2011,O PRIMEIRO BLOG SURGIU EM 13 DE MAIO.
CAMOCIM CEARÁ
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)
sábado, 4 de abril de 2020
QUEM SOBREVIVER VERÁ UM ANO ESPECIAL
É de conhecimento geral que a suspensão das aulas foi decretada em todos
os estabelecimentos de ensino para que houvesse menos circulação de
pessoas nas ruas e, assim, menos contaminação por COVID-19. É fato que o
tempo é de sacrifícios e espera. Com exceção do presidente da
República, ninguém discorda disso. Já que estamos falando sobre
prevenção, por que não incluir medidas que visem à eliminação também de
um outro vírus, bastante antigo, de difícil cura? Falamos do vírus do
conteudismo. O vírus, de contágio fácil e rápido, circula nas escolas,
nas residências e nos grupos de whatsapp. Ele se propaga cada vez que
alguém diz, por exemplo, “hoje não teve aula, foi só filme” ou, numa
reunião, quando um docente bastante preocupado diz "precisamos cumprir o
conteúdo”. O desespero de cumprir o conteúdo tem feito diversos
colégios, públicos e privados, exigirem de seus professores a produção
de material didático para ser enviado aos alunos durante o período de
quarentena. Mas as aulas não estão suspensas? Não houve até quem
dissesse que estávamos de férias?* Por que temos de produzir? A resposta
é simples: nossa visão de educação ainda é conservadora. A forma como a
educação à distância (EAD) está sendo implementada pelas redes pública e
privada em tempo de pandemia é a prova disso. Não adianta citar Paulo
Freire, modificar LDB, criar leis de inclusão cultural e social, falar
sobre igualdade, pluralidade, se não conseguimos o básico: entender que
educação não é SÓ conteúdo. O Corona vírus está nos dando uma
oportunidade única de nos repensarmos enquanto humanidade, isso inclui
pensar que tipo de educação queremos no futuro. “É uma pena que o
caráter socializante da escola, o que há de informal na experiência que
se vive nela (...) seja negligenciado. Fala-se quase exclusivamente do
ensino dos conteúdos, ensino lamentavelmente quase sempre entendido como
transferência do saber. Creio que uma das razões que explicam esse
descaso em torno do que ocorre no espaço-tempo da escola (...) vem sendo
uma compreensão estreita do que é educação e do que é aprender”, disse
Paulo Freire, para quem “educar exige bom senso”, entre outras coisas.
Quando o MEC elege a EAD como saída para que não haja prejuízo aos
alunos, ele não só desconsidera a realidade socioeconômica de nosso país
como também ignora que “ensinar não é transferir conhecimento mas criar
as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Nos
últimos dias, visitamos, virtualmente, museus, assistimos a espetáculos
de dança, teatro e música clássica. Professores fizeram lives, por
livre e espontânea vontade, em seus canais, nas redes sociais,
compartilhando diversas informações. Artistas declamaram poemas,
cantaram ao vivo nas redes. Livros (tem Paulo Freire!), filmes e músicas
foram disponibilizados gratuitamente. Para além do mundo virtual,
redescobrimos a oralidade, a culinária, os jogos, o estar em família.
Assistimos à dedicação de vários profissionais, à união e à
solidariedade entre as nações. Será que isso não é aprendizagem, não é
educação? Não somos contra o ensino à distância, muito menos defendemos a
ausência de conteúdo escolar. Porém, vivemos um momento delicado, que
nos obriga a olhar tudo de outro modo, inclusive nossa forma de educar.
Pessoas adoecem a todo momento. Precisamos cuidar de nós e dos que
amamos. Isso também é aprendizagem. Obrigar professores a produzirem
conteúdo, pressionar alunos a estudarem agora os fará adoecer.
Dedique-se ao que lhe faz bem. Se lhe faz bem estudar as matérias da
escola, estude, mas por prazer, não é tempo de cobrança. Não se permita
contaminar com o vírus conteudista, com o falso heroísmo da EAD, seja
humano, seja crítico. Alunos, responsáveis e professores, o ano letivo é
corrido, estressante, aproveitemos este mome
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