PRECISAMOS DA PAZ

1. "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo". Jesus solenemente concede aos Seus a paz como um dom, algo vindo do céu, vindo de Deus de modo novo e necessário para a vida da Igreja e da missão salvífica. A paz de Jesus é libertadora, é vitória sobre o pecado, sobre a morte e sobre o mal de modo geral. A paz é ambientada entendida a partir da morte e ressurreição do mesmo Jesus. Ela não é uma invenção humana, mas vem de Deus, de Sua iniciativa, do Seu desejo de salvação. Ao contrário, a "paz" do mundo tem seu fundamento no pecado, nos aconchavos políticos, no jogo abominável do poder, na "vitória de uma nação sobre outra, fazendo escravos políticos e econômicos. A "paz" do mundo é uma tremenda ilusão, fantasia presente em muitas mentes, mas absolutamente distante dos desígnios de Deus: "Eu não vi trazer a paz". Realmente, essa "paz" mundana não é compartilhada por Jesus, não se encontra no plano de Deus.

2. "Não se perturbe nem se intimide o vosso coração". A comunidade dos discípulos de Jesus sente Sua ausência física, conhece as limitações pelas quais está passando, não tem confiança em nada, não sabe como enfrentar o mundo, sabe dos imensos desafios na missão no meio de um mundo que odeia a fé cristã, o modo de vida do discípulo, que, em si mesmo, é uma acusação aos desorientados do mundo. Ao discípulo são cobradas três coisas: amor, verdade e fé. Que cada um creia que Jesus não os abandonará, não os deixará à mercê da loucura do mundo, mas certamente caminhará com todos, passando pela cruz e ressurreição, pois cada um completa na sua carne o que faltou na paixão. O discípulo é chamado à alegria da ressurreição e da certeza de que seu Mestre está com o Pai e que toda Sua vida é total entrega de si ao Pai. Isso significa que cada discípulo, por meio de Jesus Cristo, deve fazer de sua vida uma total entrega ao mesmo Pai. Toda a Igreja existe para ser toda PROS TON THEON, toda voltada para o Pai, por Cristo, no Espírito Santo.
3. "... pois o Pai é maior do que eu". Deus, em si mesmo, é maior do que Ele mesmo na sua condição humana. Sem deixar de ser o que é, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, fez-Se carne, fez-Se um de nós, limitado na sua condição humana, agiu de modo humano, pensou de modo humano, chorou à semelhança de todos os humanos, tornou-se 100% homem, menos no pecado. Então, como homem, Ele é menor do que Ele mesmo como Deus. Alguns ainda manifestam dúvidas, mas basta pensar no fato de que Ele é eterno com o Pai e o Espírito. Como é possível ser ETERNO sem ser Deus? A eternidade é atributo de Deus. Além disso, Ele é ETERNAMENTE o FILHO. Ora, o Pai só é eternamente Pai, porque o Filho é eternamente Filho. Nunca houve um tempo em que Deus não fosse Pai; nunca houve um tempo em que o Filho não fosse Filho. Em Si mesmo, Deus não pode ser maior, menor ou um pouco abaixo, pois Deus é UM somente, uma só NATUREZA DIVINA; conforme foi dito no Concílio de Nicéia: “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai”, isto é, da mesma substância, essência ou natureza do Pai.
4. Quem é o príncipe deste mundo? “…, pois o chefe deste mundo vem. Ele não tem poder sobre mim”. Além deste texto, Jo 12,31 também fala sobre o “príncipe deste mundo”, mas como um derrotado pela cruz de Jesus. O Satanás será lançado por terra e eliminado do mundo pela cruz do Senhor. No cap. 6,70-71, Judas Iscariotes é considerado um diabo, pelo fato mesmo de ser um traidor de Jesus. Também em Jo 8,41-44, os líderes judaicos são chamados de filhos do diabo, pelo fato de fazerem as obras do príncipe deste mundo e não estarem atentos a presença de Deus em Jesus Cristo, não realizarem as obras de Deus, mas seguirem os caprichos, prazeres e interesses mundanos, porque também não reconhecem o Filho de Deus, a Verdade, que o Diabo tenta destruir. Não aceitar Jesus Cristo é o mesmo que colocar-se do lado do pai da mentira contra Jesus, que é a VERDADE. Em Jo 13,27, o diabo “entra em Judas Iscariotes” com o objetivo traiçoeiro, a fim de eliminar a Verdade do meio dos homens. Em suma, tanto os demônios quanto aqueles que agem instigados por eles são inimigos de Jesus Cristo, agem para afastar definitivamente a verdade da face da terra, mas são derrotados pela obediência total de Jesus à vontade do Pai, no cumprimento de Sua vontade salvífica.
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo