2. “…nada podeis fazer”. O “nada” indica universalidade, totalidade, absolutidade. Não existe algo que possa ser feito sem Jesus. O próprio existir depende DELE; o respeito autêntico pelo outro depende do Verbo de Deus, pelo fato mesmo de exigir uma maior compreensão do ser humano, verdade testemunhada e ensinada pelo próprio Jesus que se autoconclamou “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Contemplando-O, cada cristão, cada casal, quem quer que seja entenderá a importância de entendê-LO para bem conduzir sua vida neste mundo. Ele nos ensina o modo legítimo de amar: fazendo da própria vida uma entrega para o bem do outro. Isso vale para qualquer um, principalmente dentro do matrimônio. Se ambos vivem um para o bem do outro, o casamento estará sempre com a bênção de Deus e será realizado segundo a vontade do mesmo Deus. Todos os desafios internos e externos, todas adversidades, todos os empecilhos: tudo será superado se a pessoa estiver inserida em Cristo.
3. Estamos vivendo um tempo desafioso, uma realidade confusa e sem definições autênticas, uma época de mentiras, ódios e desesperos. Nesse contexto, encontramos desafiados a ser melhores, mais íntimos da verdade, mais envolvidos no amor. Já somos batizados, já fomos inseridos em Cristo, já pertencemos ao Corpo do Senhor, tornamo-nos filhos de Deus, pertencentes à Sua natureza, então o que nos resta? Somente tornarmo-nos verdadeiros discípulos, seguindo Seus passos, vivendo como atênticos servos por amor a Deus e ao próximo.
4. "Eu sou a videira verdadeira". Certamente havia uma forma alegórica muito forte sobre o uso da videira nos discursos religiosos para explicar a importância de se pertencer a Deus, de ser todo Dele, tanto no judaísmo quanto no paganismo grego e romano. No mundo helenístico (de cultura grega), o simbolismo da videira indicava uma vida; no mundo hebraico, ela simbolizava o tempo messiânico (abundância do fruto da vinha - cf. Gn 49,10-12), o próprio Israel em Os 10,1-3, e, em Is 5,1-7, o profeta mostra Israel como uma vinha, que apesar de todos os cuidados do viticultor, chamado de "amado", estéril, incapaz de produzir os frutos desejados pelo amado, incapaz da reciprocidade de amor. Ez 15,1-6 mostra como Israel, sendo a vinha de Deus, traiu o Senhor, não correspondendo no mesmo amor. Enquanto Deus a amava, cuidando carinhosamente dela, ela, por sua vez, mantinha-se estéril no amor, empedernida na contra-mão do horizonte de Deus. Esperançoso, o salmista reza: "Voltai, ó Deus dos exércitos, Olhai do alto céu, vede e vinde visitar a vinha. Protegei este cepo por vós plantado, este rebento que vossa mão cuidou" (Sl 80,15-16). A prece do salmista é o anseio por uma profunda transformação, por um perfeito encontro entre Deus e seu povo, realizado em Cristo.
5. Jesus Cristo é a videira perfeita, no qual se encontra definitivamente o novo povo de Deus. Não será mais possível constituir o povo de Deus sem Cristo, que é a Cabeça do novo povo, do corpo, chamado Igreja. O acento agora é cristológico, pois somente em Cristo, a vinha do Pai (o agricultor) dará os frutos por Ele desejados. Por meio de Jesus Cristo deu-se um ruptura com o antigo Israel. É permanecendo em Cristo que cada ramo, que cada pessoa, que a vinha inteira dará frutos. Esse permanecer indica a necessidade da comunhão com Cristo e a impossibilidade de salvação sem Ele.
6. Por outro lado, separar-se de Cristo (o mesmo que tornar-se galho seco) indica perdição. "Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta" ( significa condenação); "e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda" (poda, cuida, zela, limpa, purifica dos pecados). Sem a videira é impossível continuar vivo. Há, portanto, uma conotação escatológica no texto: o juízo será de vida para quem permanece, será de morte, para quem O nega ("será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados").
7. Cristo e seus discípulos formam como que um todo, uma única identidade na vivência recíproca do amor. Os discípulos permanecem em Cri
sto,
e Este nos Seus discípulos. Ambos constituem a videira, sendo a Igreja
os ramos, a tal ponto que já não se pode separar um do outro. Não existe
Cristo sem a Igreja, nem esta sem Cristo. Somente a partir dessa
comunhão recíproca, a Igreja pode voltar-se para o Pai, ser toda de Deus
e capaz de Suas graças e dons e, ainda, de dar-LHE glória para sempre.
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo
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