Retirado do livro
Mês das Almas do Purgatório
Mons. José Basílio Pereira
livro de 1943
(Transcrito por Carlos A. R. Júnior)
DIA 30
III. Evitar também o pecado venial
Ainda uma lição só, uma das
mais úteis para minha alma.
É a queixa que se ouve de
quase todas as almas do Purgatório, pois quase todas sofrem por não terem
compreendido bastante o alcance do pecado venial.
«Nós dizíamos na terra: É
um simples pecado venial, e nos deixávamos levar por esse pendor de nosso
coração, nos deixávamos ganhar por essa pequena satisfação dos sentidos. Mas,
como se dissipou essa ilusão, quando, à hora da morte, vimos, na luz do
Senhor, as lamentáveis consequências dessas faltas!
Felizes, todavia, por não
nos terem sido de mais terríveis consequências! Sim, esses pecados veniais
podiam nos conduzir ao inferno.
Os pecados veniais não
condenam, é certo, mas, com inteligência, com malícia, em grande número e sem
que se os apague com a devida penitência, conduzem pouco a pouco, por um
declive insensível, mas resvaladiço, ao pecado mortal que condena.
Conduzem a esse termo fatal
pelo enfraquecimento progressivo de todas as forças vivas da alma:
Pela diminuição do horror
do mal;
Pela excitação e
desenvolvimento das paixões;
Pela subtração de certas
graças especiais de distinção;
Por mil caminhos a um
tempo.
E quando a alma, neste
estado, não se converte, muitas vezes só a morte, vindo-lhe ao encontro, pode
livrá-la de rolar até o fundo do abismo: porém, oh! Deus nem sempre usa a
misericórdia de enviar a morte bastante cedo para prevenir que o homem nessa
voluntária cegueira consuma a sua desgraça!
Deus nos fez esta graça:
deu-nos a morte em hora oportuna; mas, terrível castigo o nosso! que dura
expiação a que sofremos!
A cada um dos nossos
pecados veniais corresponde uma medida de penas. E, se Deus contou em nossa
consciência milhares de pecados veniais, qual será o rigor e a duração das
penas que ainda nos estão reservadas!
Considerai também, ó amigos
que na terra vos interessais por nós, considerai que o Purgatório não é o
castigo só dos pecados veniais, ainda subsistentes na hora da morte, mas o
castigo de todos os pecados perdoados e não expiados.
Oh! vivei, pois, na
justiça, na santidade no temor de Deus!
Vós, que amais, evitai
nossa triste sorte: sofrereis muito!»
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