O gato continuara a correr e chegara a um castelo. Com a maior
cara de pau, bateu à porta:
- Quem é - perguntou o guarda.
- Pode dizer-me de quem é este castelo?
- É de um terrível feiticeiro! - respondeu o guarda. - É melhor você ir
andando, porque hoje ele espera hóspedes para um banquete.
O gato insistiu:
- Não posso passar por aqui sem parar para ver seu patrão. Pode anunciar-me:
sou o gato do Marquês de Carabá e quero cumprimentá-lo.
- Um gato! Que visita estranha! - disse o feiticeiro, que era muito vaidoso.
E mandou-o entrar, pensando que o gato viesse prestar-lhe homenagens.
Aproxime-se! - ordenou o feiticeiro ao gato. - Vejamos se consegue me
agradar.
- Que bela barba o senhor tem! - exclamou o gato. - E que barriga tão gorda!
- Bravo, gato! Você sabe fazer elogios. E agora, o que tem para me dizer?
- Ouvi falar que . . . mas não é possível . . . não acredito . . . que o
senhor é capaz de se transformar num leão!
- Oh! As más línguas . . . Mas, se o senhor me der uma prova de seu poder .
. .
- Claro. Posso me transformar no que quiser - respondeu o feiticeiro.
Um . . . dois . . . três! O feiticeiro se transformou num enorme leão. O
gato teve tanto medo, que até suas botas tremeram. Mas acalmou-se e disse:
- Muito bem, muito bem! Mas deve ser fácil virar leão. O senhor é grande e o
leão também é . . . Não vejo dificuldade nisso!
- Posso virar qualquer coisa, já disse! Até uma coisinha bem pequena!
- Não é possível - retrucou o gato. - Ainda mais porque agora o senhor já
deve estar cansado!
- Sou um feiticeiro e os feiticeiros não se cansam. Pode escolher qualquer
bicho e me transformarei nele.
O gato que era muito esperto, pediu ao feiticeiro que virasse um ratinho bem
pequeno.
- Isso é fácil - disse o feiticeiro. Fique olhando: um, dois e três! O
feiticeiro, grande como era, virou um ratinho.
O gato, não perdeu tempo: num instante pegou o ratinho e comeu. Livre do
feiticeiro, o gato percorreu o castelo, dizendo:
- O feiticeiro morreu. O novo dono do castelo é o Marquês de Carabá.
Guardas! Servos! Cozinheiros! Preparem-se para receber o Marquês de Carabá
e Sua Majestade o rei, em pessoa!
- O feiticeiro morreu. O novo dono do castelo é o Marquês de Carabá.
Guardas! Servos! Cozinheiros! Preparem-se para receber o Marquês de Carabá
e Sua Majestade o rei, em pessoa!
O banquete que o feiticeiro ia oferecer aos amigos, será servido ao rei, -
continuou o gato.
- Depressa! A carruagem real se aproxima!
De fato, exatamente naquele momento a carruagem do rei passava pela frente
do castelo. O gato correu à estrada e disse:
- Sua Majestade seja bem vindo ao castelo do Marquês de Carabá!
- Oh! Meu caro marquês, não sabia que o senhor possuía também um castelo!
- Para dizer a verdade, nem eu! - respondeu o rapaz.
- Tem um lindo castelo! - disse-lhe o rei - bem construído e belo!
O moço em confusão, pensava quieto:
- Isso é coisa do gato, por certo!
- É mais lindo que o nosso - disse a princesa!
- Não é meu, doce princesa! Sou um pobre sonhador. Tenho castelos nas
nuvens. Mas estes não tem valor.
- Ai, ai, ai, ai . . . disse o rei! Um disse que é do Marquês, outro diz que
não é! Ou me falam a verdade ou mando enforcar os dois, antes do cair da
tarde.
- Realmente senhor, eu menti - disse o gato - peço perdão majestade. Eu juro
que nesse instante, contarei toda a verdade.
- Há muitos e muitos anos atrás, o gigante roubou todas as terras dos avós
desse rapaz. Mas graças a minha astúcia, posso-lhe afirmar nesse instante.
Tudo agora é do meu amo. Pois já comi o gigante!
- Viva! Então, Gato de Botas, condecorado serás, porque livraste o meu reino
do gigante feiticeiro - disse o rei - Quanto a ti, belo mancebo, pela sua
honestidade, a partir desse momento, será marquês de verdade.
- Para alegria de todos, dou a mão de minha filha - completou o rei!
E assim termina a história desse gato que foi de fato o mais esperto que
houve.
Gato de Botas que levou sua história a tão bom fim.
Feliz de quem tiver um gato assim!
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