Levaram-na ao Cenáculo, em Sião, onde morava. Ali esteve a Santíssima Virgem, durante alguns dias, tão fraca e doente e teve tantos desmaios, que várias vezes lhe esperaram a morte e já pensavam em prepara-lhe o sepulcro. Ela mesma escolheu para este fim uma gruta no Monte das Oliveiras e os Apóstolos mandaram um escultor cristão fazer ali um belo sepulcro.
Entretanto, o povo espalhava várias vezes falsas notícias da morte de
Maria SSma. E esse boato de ter morrido e sido sepultada em Jerusalém
propagou-se também em outros lugares. Mas quando o sepulcro ficou
pronto, ela já se restabelecera e tinha força bastante para voltar para
casa em Éfeso, onde, após ano e meio, faleceu realmente. O sepulcro
preparado no Monte das Oliveiras foi sempre venerado e guardado,
construindo-se depois sobre ele uma Igreja e João Damasceno escreveu
também, baseado nesse boato, que Maria morreu em Jerusalém e ali foi
sepultada.
Deus
permitiu que as notícias da morte, sepultura e assunção ao céu da
Virgem SS. se conservassem apenas numa incerta tradição, para não
alimentar no cristianismo o sentimento pagão daqueles tempos; pois
muitos talvez a tivessem adorado como deusa.”
Reunião dos Apóstolos, por ocasião da morte de Maria, em Éfeso
Algum
tempo antes da morte, rezou a SS. Virgem, para que nela se cumprisse o
que Jesus lhe prometera no dia antes da ascensão, em casa de Lázaro, em
Betânia. Foi-me mostrado em espírito, que quando ela lhe suplicou que
depois da ascensão não a deixasse muito tempo neste vale de lágrimas,
Jesus lhes disse vagamente quais as obras espirituais que ela devia
ainda fazer na terra até a morte e, atendendo-lhe a súplica,
prometeu-lhe que os Apóstolos e vários discípulos lhe assistiriam a
morte; recomendou-lhe o que lhes devia então dizer e como os devia
abençoar.
Quando a
SS. Virgem implorou que os Apóstolos se reunissem em torno dela, vi, em
regiões muito diferentes e opostas, chegar o chamado aos Apóstolos;
neste momento só me lembro do seguinte:
Os
Apóstolos já tinham construído pequenas Igrejas, em vários lugares, onde
tinham pregado; embora algumas dessas Igrejas não fossem construídas de
pedra, mas apenas de vime trançado e rebocadas de barro, todavia tinham
sempre, todas que tenho visto, na parte posterior, a forma circular ou
triangular, como a casa de Maria em Éfeso. Nessas Igrejas tinham altares e celebravam o santo sacrifício da Missa.
Vi que
todos foram chamados, inclusive os que estavam nas terras mais
longínquas, recebendo por aparições a ordem de ir ver a SS. Virgem. Em
geral não foi sem milagroso auxílio que os Apóstolos fizeram as
longuíssimas viagens. Creio que freqüentemente faziam as viagens de uma
maneira sobrenatural, sem eles mesmos saberem; pois muitas vezes os
tenho visto passar no meio de grandes multidões de homens, sem serem
vistos.
Quando o
chamado do Senhor se fez ouvir aos Apóstolos para irem a Éfeso, Pedro e
se bem me lembro, também Matias, se achavam na região de Antioquia.
André, que vinha de Jerusalém, onde fora perseguido, não se achava
longe. Judas, Tadeu Simão estavam na Pérsia. Tomé encontrava-se na
Índia, quando recebeu a ordem de partir, mas já resolvera ir a Tartária,
mais para o norte e não pode decidir-se a abandonar esse projeto. Assim
continuou o caminho para o norte, atravessando parte da China, até
chegar a região onde agora é a Rússia; ali foi chamado pela segunda vez e
partiu então as pressas a leste do Mar Vermelho, na Ásia. Paulo foi
chamado. Foram chamados apenas os que eram presentes ou amigos da
Sagrada Família.
Os últimos dias de vida de Maria
“Eu tinha
muita convivência com a Mãe de Deus em Éfeso, conta Catharina Emmerich, a
7 de agosto de 1821. Fui com ela e cerca de cinco outras santas
mulheres, percorrer a Via Sacra. Estava lá também a sobrinha da
profetiza Ana e a viúva Mara, sobrinha da Santa Isabel. A SS. Virgem ia a
frente de todas, senão o da intensa saudade, que a levava a união com o
Filho, a glorificação.
Maria era
indizivelmente séria; nunca a vi rir, mas apenas sorrir de modo tocante.
Estava emagrecida, mas não lhe vi rugas, nem sinal algum de velhice.
Estava como que espiritualizada. Parecia ser a última vez que fazia a
Via Sacra. Enquanto assim caminhava, parecia-me que João, Pedro e Tadeu
já tinham chegado.
Vi (a 9 de
agosto) Maria deitada num leito estreito e baixo coberto por um dossel,
em forma de tenda, do qual pendiam cortinas, a direita do quarto, atrás
do fogão. A cabeça repousava-lhe sobre uma almofada redonda. Estava
muito fraca e pálida e como abrasada de saúde. A cabeça e todo o corpo
lhe estava envolto num longo pano. Um cobertor de lã parda cobria-a.
Vi umas
cinco mulheres, uma depois da outra, entrarem e saírem do quarto;
pareciam despedir-se da moribunda. As que saiam, faziam com as mãos
gestos de comovedora tristeza ou de oração. Vi novamente entre elas a
sobrinha de Isabel, que tinha visto durante a Via Sacra.
Depois vi
seis Apóstolos já reunidos na sua casa, Pedro, André, João, Tadeu,
Bartolomeu e Matias, como também um dos sete diáconos, Nicanor, que era
sempre tão serviçal e amável. Os Apóstolos estavam reunidos em oração na
parte anterior da casa, a direita, onde tinham preparado um oratório.
Hoje (a 10
de agosto) vi entrar ainda dois Apóstolos, como as vestes arregaçadas,
como viajantes, Tiago o Menor e Mateus.
Os
Apóstolos celebraram ontem, a noite e hoje de manhã o oficio divino, na
parte anterior da casa. Diante do altar havia uma estante coberta, da
qual pendia um rolo da Escritura. Sobre o altar havia candeeiros acesos e
na mesa um vaso em forma de cruz, feito de uma substância que brilhava
como madrepérola. Tinha apenas um palmo de altura e outro tanto de
largura e continha cinco vasos fechados, com tampa de prata. No do meio
se achava o SS. Sacramento. Nos outros, porém, crisma, óleo, sal e
fibras (talvez algodão) e outras coisas santas. Os vasos foram feitos e
estavam fechados de tal maneira, que não se podia derramar nada. Os
Apóstolos costumavam transportar essa cruz nas viagens, pendente sobre o
peito, debaixo do manto. Assim eram mais do que o Sumo Sacerdote,
quando trazia sobre o peito o Santo do Antigo Testamento.
Pedro,
revestido do ornato sacerdotal, estava diante do altar, os outros atrás,
em coro. As mulheres assistiam em pé, no fundo da casa.
Vi chegar um novo Apóstolo (a 11 de agosto) foi Simão. Ainda faltavam Felipe e Tomé.
Houve
novamente oficio divino. Depois deu Pedro a SS. Virgem a Sagrada
Comunhão. Levou-lha naquele vaso em forma de cruz. Os Apóstolos formaram
duas fileiras, do altar até ao leito, inclinando-se profundamente,
quando Pedro passou por entre eles com o SS. Sacramento. As cortinas do
leito da SS. Virgem foram abertas de todos os lados.
Diante do
leito de Maria havia um banquinho baixo, triangular e sobre este, um
pratinho, com uma colherzinha parda e transparente.
Vi
novamente (a 12 de agosto) o divino ofício; foi celebrada a Missa. O
quartinho de Maria estava todo aberto. Uma mulher estava ajoelhada ao
lado do leito, levantando e amparando de vez em quando a Santíssima
Virgem. Vi fazê-lo também durante o dia e oferecer-lhe uma colher de
suco de fruta do pratinho. Maria tinha um crucifixo sobre o leito, em
forma de Y, tendo quase meio braço de comprimento; ela recebeu o SS.
Sacramento.
Vi hoje (a
13 de agosto) o ofício divino, como de costume e a Santíssima Virgem,
durante o dia, sentada no leito, tomando várias vezes algum alimento,
com a colherzinha.
Vi os
Apóstolos chegarem na maior parte muito fatigados. Ao entrar, abraçavam
os que já estavam presentes, muito comovidos; alguns choraram de alegria
e também de tristeza, pelo motivo tão doloroso daquele encontro.
Aproximavam-se do leito de Maria, saudando-a respeitosamente; ela,
porém, só poucas palavras lhes podia dizer.
Vi também cinco discípulos e lembro-me mais vivamente de Simão, o Justo e de Barnabé.
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