CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

PALAVRAS DE VIDA ETERNA . PENSANDO EM JESUS CRISTO

 O relato da multiplicação dos pães está presente nos quatro evangelistas. De acordo com o texto de Mt, a multiplicação vem logo após o texto da narração da morte de João Batista. Em Mt, quando Jesus toma conhecimento da morte do profeta precursor, vai ao deserto. Esse é um momento especial de reflexão sobre a missão salvífica diante da hostilidade do mundo, representada na figura de Herodes. Jesus precisa ficar sozinho com o Pai. Todo o Seu ser se volta para a Vontade do Pai e para a missão salvífica. Ele sabe do desafio que terá pela frente, conhece bem o coração dos homens, entende suas fraquezas, mas também suas iniquidades. Em busca de si mesmos, eles são capazes de negar a própria salvação.


2. Um multidão segue Jesus, que ao descer da barca, vê a todos, enche-se de compaixão e cura os doentes dentre eles. Importante frisar aqui o uso dos verbos: ver, compadecer-se e curar. Jesus vê uma multidão sem horizonte, sem futuro, escrava de três grandes poderes: político, econômico e religioso da época. O olhar de Jesus sobre a eles não é superficial. Ele os alcança com sua visão penetrante. Cada um se sente envolvido e amado no âmbito da visão do Mestre de Nazaré. Seu olhar o faz ir ao mais íntimo do outro, penetrar na sua história e sentir seus sofrimentos. Jesus se faz tão próximo que chega ao ponto de sofrer com o outro. Daí sua atitude de compaixão, suportando sobre si as misérias dos sofredores. Ele quer dar àquele povo o maior dom, a maior riqueza, que vem do encontro que estão tendo com o Salvador. Por último, o gesto libertador de Jesus, revelado pela sua atitude de curar os doentes, libertando-os fisicamente como sinal de transformação da pessoa toda.

2. "Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor". Aquela multidão ali, diante de Jesus, representa não somente todo o Israel, mas também toda a humanidade. Por toda parte, a humanidade vive sem verdadeiros pastores tanto em âmbito político quanto religioso. Dos dois lados, no tempo de Jesus, a exploração dos mais fracos era gritante. A parte política, segundo sua milenar forma de criar dependentes, massacrando o povo com pesados impostos; e a parte religiosa, invés de cuidar e curar as ovelhas, arrancavam sua lã em benefícios de exploradores religiosos no Templo, homens que colocavam fardos pesados nos ombros do povo e não eram capazes de tocar-lhes com um só dedo, diz Jesus. Homens capazes de pregarem os ensinamentos da Torah, mas incapazes de ajudar o ser humano necessitado. De fato, a multidão não tinha pastor. É Jesus o Pastor BELO, isto é, BOM, VERDADEIRO, único, que se compadece daquele povo, que veio ao seu encontro, assumindo suas dores, dando sua vida e resgatando-as do mal.

3. "Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas". A multidão, antes de tudo, tinha fome da verdade, do conhecimento de Deus, da Palavra da salvação. Jesus Cristo ensina não somente por saber do assunto, mas muito mais pelo amor, pela convicção, pela paixão total ao que diz, pelo fato de ser Ele mesmo a Palavra que salva e que conduz cada um à verdade de si mesmo, de Deus e do mundo. Jesus mostra-lhes o Reino, a importância de segui-lo, condição única de salvação, e a necessidade de se viver em comunhão, cuidando uns dos outros para o bem de todos. Em Si mesmo, Jesus Cristo é a doutrina do Pai, a qual, somente no Espírito Santo, é possível de ser entendida e vivida. Essa doutrina continua até hoje e o será para sempre ensinada na Igreja, Corpo de Cristo. Daí a importância de se conhecer bem o que a Igreja de Cristo ensina. Os ensinamentos dogmáticos são luz para a continuidade do cristão na Luz que é Cristo. O dogma é a verdade da revelação, colocado de modo definitivo pela Igreja para todos os cristãos, a fim de que todos possam alcançar a salvação realizada por Jesus, que é a Verdade, a Luz que ilumina o mundo, especialmente quando se vive no deserto e no pôr do sol da humanidade. Ao entardecer, num lugar deserto, manifesta-se a revelação e o poder de Deus, sinal de que, mesmo nos tempos difíceis atuais, abandonar-se em Deus, em seus ensinamentos é o melhor caminho, única segurança, pois somente em Deus o homem encontra repouso de verdade e alimento para sua fome.

4. Jesus não despede o povo, não abandona a multidão faminta de Deus e de alimento. Pede aos discípulos para eles mesmo darem de comer a multidão, mesmo a razão humana dizendo que não é possível alimentar tanta gente com cinco pães e dois peixes. No caixa e Jesus e dos seus discípulos só havia duzentos denários; para o jantar, somente cinco pães e dois peixes. Era tudo que eles tinham para treze pessoas. A multidão era de cinco mil homens, isso sem falar das mulheres e crianças. Humanamente falando, impossível alimentar tanta gente com tão pouco! Aqui se revela o poder amoroso de Deus. Jesus tem o domínio da natureza, revela sua divindade, mostra a todos que ele é o Novo Moisés e mais do que os profetas; traz à memória de todos que Deus não precisa de muita coisar para realizar um feito grandioso; vence qualquer batalha com poucos soldados; com poucos pães, alimentará multidões, com sua ÚNICA Palavra salvará toda a criação. Este é um momento de crise na vida dos discípulos, que são convidados a crer profundamente, a esperar contra toda esperança, confiar para além de tudo o que pode dizer a razão humana e amar, tornando-se, cada um, um dom para todos. Neste momento, revela-se para eles o significado da vida eucarística, do viver em comunhão com Cristo para ser todo para os outros. O Pão do Céu, Cristo, mais o peixe da humanidade, juntos para alimentar o povo faminto, sofredor, necessitado da salvação. Em comunhão com Cristo, os discípulos desempenharão o pastoreio de Jesus por toda a história, daí necessitarem de uma fé pura, esperança apaixonada, confiança absoluta e amor total a Deus e aos homens.

5. Jesus é o Novo Moisés (Nm 27,17), é o Messias davídico, é Deus e o verdadeiro Pastor (Ez 34,16-23). Ele cuida das ovelhas, cura suas feridas, conhece cada uma pela nome, entende seus sofrimentos, concede-lhes verdes pastagens, ensina-as a verdade, não teme o inimigo, mas é capaz de dar sua própria vida em troca da vida de todas elas. Quatro verbos se tornam como que um modelo de vida do Bom Pastor para toda Igreja: Ver, Compadecer-se, Ensinar e Alimentar. Ele vê a multidão, compadece-se dela, ensina-lhe a verdade e alimenta-a. Esse modelo deve ser seguido e vivido por todos os batizados, todos os que nos tornamos filhos de Deus, discípulos do Bom Pastor.

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