Jesus ensina Seus discípulos a viverem justamente aquilo que Ele mesmo viveu. Que cada um possa cumprir em sua vida tão somente aquilo que Jesus cumpriu na Sua. Todos devem ser, diante de Deus e dos homens, apenas e tão somente o que foi Jesus. Na verdade, Jesus é o modelo de homem perfeito, pois trata-se do Homem Novo, querido pelo Pai. Ele é a misericórdia do Pai agindo na história, é a mais elevada expressão do amor, o DOM de Deus para a salvação do mundo. É assim que Lc quer mostrar Jesus, não usando os termos como justiça e perfeição, próprios de Mt 5,48, mas servindo-se de termos que exprimem diretamente a bondade de Deus para com a humanidade.
2. O desafio para os discípulos é justamente este: de ser semelhantes ao Mestre em realidades divinas. A verdade é que todos são chamados a essas realidades. A humanidade existe para Deus, para a eterna comunhão, para a divinização. Isso não é um sonho, uma ideia, mas uma realidade, projeto do Pai, que o realizará através do Seu Filho, no Espírito Santo. Quando os discípulos fizeram opção por Jesus, o Filho de Deus, então colocaram-se à disposição dessa divinização, que exige a renúncia de si mesmo, para abraçar as coisas que são do Alto, como a Misericórdia, própria de Deus, e o amor incondicional. Para ser discípulo ou discípula, a pessoa precisa configurar-se mais e mais ao Mestre, a Jesus, o Filho Amado; deixar-se plasmar à imagem de Deus.
3. Pela ordem do texto de hoje, Jesus, falando aos que O escutam, isto é, aos Seus discípulos, pede apenas o seguinte: que eles amem seus inimigos; façam o bem aos que os odeiam; bendigam aqueles que os amaldiçoam; rezem pelos que os caluniam; ofereçam a outra face quando esbofeteados (façam o bem quando receberem o mal); ofereçam a túnica aos que roubaram o manto (atinjam o máximo que puderem na bondade, pois dessa forma colocam um freio na sequencia do mal); possam doar a quem lhes pedir; não peçam devolução do que lhes foi tirado; tenham um coração voltado para aquele que vive na miséria e saibam que serão medidos com a mesma medida utilizada para medir os outros. Ou seja, o que Jesus ordena, na relação com o outro, diz respeito à uma forma de dez mandamentos: 1. Amar os inimigos; 2. Bendizer os que amaldiçoam; 3. Rezar pelos que caluniam; 4. Fazer o bem; 5. Emprestar sem esperar nada em troca; 6. Ser misericordioso; 7. Não julgar; 8. Não condenar; 9. Perdoar; e 10. Dar do que é próprio e, como fez Jesus, dar-se para o bem de quem necessita.
4. Jesus exige que Seus discípulos não tenham nem desenvolvam nenhuma forma de mal dentro deles nem nas suas ações. Para ser discípulo, é necessário o máximo possível de perfeição a que o ser humano possa chegar. Agindo dessa forma, elimina-se a continuidade do mal e constrói-se uma nova realidade segundo a vontade de Deus. Por isso a exigência de os Seus discípulos amarem seus inimigos, fazerem o bem, emprestarem sem esperar nada em troca. O que se ganha com isso? Qual será a recompensa? Jesus afirma categoricamente: “… sereis filhos do Altíssimo, …”. Tornar-se filho de Deus significa participar de Sua vida, ser divinizado, entrar na comunhão eterna e ser transparência do próprio Deus. Agindo dessa forma, superarão o homem natural e tornar-se-ão o homem espiritual querido por Deus.
5. Como filhos, por causa do Filho Jesus Cristo, os discípulos devem ser verdadeiros dons para os irmãos e para a humanidade. Como? De que forma? Lc, nos versículos de 36-38, dá a seguinte resposta: ser misericordioso, como o Pai é misericordioso; não julgar ninguém, para não ser julgado; não condenar, para não ser condenado; perdoar, para ser perdoado e dar, para receber. Em outras palavras, Jesus deseja que em seus discípulos haja somente bondade para com todos e que sejam, para todos, a expressão visível do amor de Deus. Essa é a medida dos discípulos e que seja também a nossa.
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