CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

segunda-feira, 13 de julho de 2020

DA JUSTIÇA DIVINA NÃO HÁ QUEM ESCAPE

Oh, sim! Sabem que vão para o fogo! Foram avisado mil vezes, mas correm voluntariamente por causa do pecado, que não detesta e não querem abandonar, porque desprezaram e rechaçaram a misericórdia de Deus que incessantemente os chamava a penitência. Por isso a justiça Divina, provocada, os empurra, os insta, os persegue e não podem parar enquanto não chegam a este lugar.
Qual não deve ser o desespero destes desgraçados sem a menor esperança de sair daqui! - Exclamei. - Queres conhecer as inquietações e os furores das almas deles? Aproxima-te um pouco mais - Respondeu o guia.
Dei alguns passos para a janela, e vi que muitos daqueles miseráveis se golpeava e feriam uns aos outros e se mordiam como cães raivosos; outros se arranhavam o rosto, se laceravam as mãos, despedaçavam as próprias carnes e as atiravam pelo ar com desprezo. De repente, o teto da caverna se tornou transparente, como de cristal, e através dele se via um pedaço do céu e as radiantes figuras de seus companheiros para sempre salvos.
Os condenados bramiam com feroz inveja, porque os justos haviam sido olhados por ele, em certo tempo, como objeto de irrisão. Peccator videbit et irascetur; dentibus suis fremet et tabescet [O pecador verá e se encolerizará a seus dentes rangerão].
- Diz-me - Perguntei a meu guia - Como é que não se ouve nenhuma voz?
- Aproxima-te ainda mais - me gritou.
Aproximei-me do cristal da janela e ouvi que uns rugiam e choravam contorcendo-se; outros blasfemavam e imprecavam os santos. Aquilo tudo era um caos de vozes e gritos autos e confusos, pelo que perguntei ao meu amigo:
Que dizem eles? Que estão gritando?
- Recordando a sorte de seus companheiros bons, vêem-se obrigados a confessar: Nos insensati! Vitam illorum aestimabamus insaniam et finem illorum sine honoré [Nós, insensatos considerávamos uma loucura a vida que levavam, e seu fim sem honra]. Ecce quomodo computati sunt inter filios Dei et inter sanctos sors illorum est. Ergo erravimus a via veritatis [Eis que foram contados no numero dos filhos de Deus e sua sorte juntamente com a dos santos. Nós nos afastamos, pois, do caminho da verdade].
Por isso gritam: Lasati sumus in via iniquitatis et perditionis. Erravimus per vias difficiles, viam autem Domini ignoravimus [Corremos pelo caminho da iniqüidade e da perdição. Perdemo-nos por caminhos difíceis e não conhecemos o caminho do Senhor].
Quid nobis profuit superbia? [De que nos serviu nosso orgulho?]
Transierunt omnia illa tanquam umbra [Tudo passou como uma sombra].
Estes são os lúgubres cantos que ali ressoarão por toda a eternidade. Mas inúteis gritos, inúteis esforços, inútil pranto! Omnis dolor irruet super eos! [Toda a dor cairá sobre eles]. Aqui já não há tempo, há só eternidade.
Enquanto contemplava, cheio de horror, o estado de muitos de meus jovens, assaltou-me imprevistamente uma idéia:
- Mas como é possível que os que se encontram aqui estejam todos condenados? Estes jovens estavam ontem à tarde vivos no Oratório.
O amigo me disse: - Os que aqui vês vivem, mas estão mortos para a graça de Deus, e se morressem agora ou continuassem procedendo como no presente, se condenariam. Mas não percamos tempo; sigamos adiante.
E me afastou daquele lugar, e por um corredor que baixava a um profundo subterrâneo me conduziu a outro em cuja entrada estava escrito:
Vermis eorum non moritur, et ignis non extinguitur... Dabit Dominus omnipotens ignem et vermes in carnes eorum, ut urantur et sentiant usque in sempiternum (Judite 16, 21) [ Seu verme não morrerá e o fogo não se extinguirá... O Senhor onipotente dará fogo e vermes a suas carnes para que ardam e sofram eternamente].
Ali se contemplava o espetáculo dos atrozes remorsos dos que foram educados em nossas casas.
A recordação de todos e de cada um dos pecados não perdoados e sua justa condenação! A de terem tido mil remédios até mesmo extraordinários para se converterem ao Senhor, para serem perseverantes no bem, para ganharem o paraíso! A recordação de tantas graças prometidas, oferecidas e dadas por Maria Santíssima e não correspondidas! Terem podido se salvar com tão pouco esforço e perderem-se irremissivelmente para sempre! Lembrarem de tantos bons propósitos feitos e não compridos! Ah! Bem diz o provérbio que o inferno está cheia de boas intenções não realizadas!
Ali voltei a ver todos os jovens do oratório que havia visto pouco antes naquele forno (Alguns dos quais me estão ouvindo neste momento; outros já estiveram conosco, outros eu não conhecia). Aproximei-me e observei que todos estavam cheios de vermes e animais asquerosos que lhes roíam e consumiam o coração, os olhos, as mãos, as pernas, os braços, de maneira tão miserável que nem sei exprimir com palavras. Estavam imóveis, expostos a toda espécie de moléstias, e não podiam defender-se de modo algum.     SONHO DE S.DOM BOSCO

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