CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

domingo, 16 de dezembro de 2018

29 DE AGOSTO - HOMILIAS

03/09/2016

XXIII Domingo do Tempo Comum, 04 de setembro de 2016

Lc 14,25-33

1. Diante da rejeição ao banquete preparado por Deus para os seus convidados, Jesus apresenta a condição essencial para ser verdadeiramente seu discípulo. Jesus quer um coração inteiro. Um coração dividido é sinal de indecisão, incerteza na fé, dúvida quanto à vocação, apego às coisas materiais e a si mesmo. A indecisão mata o ser humano no íntimo de sua alma. Jesus Cristo é a escolha da vida, do bem maior, da razão de ser. Segui-Lo, é reconhecer nele o portador da realização do desejo salvífico de Deus, da maior e mais importante riqueza para o ser humano, o irmão mais amável e adorável, o único Caminho, Verdade e Vida para a divinização humana e sua filiação com Deus. 

2. Seguir Jesus exige decisão consciente e radical. É preciso medir as próprias capacidades. É preciso saber se realmente está disposto ou disposta a enfrentar a radicalidade da renúncia de si mesmo, dos apegos familiares, dos amigos, dos bens materiais, das mordomias, dos próprios conceitos; além disso, se é capaz de enfrentar a rejeição de muitos, inclusive da própria família e amigos, o sofrimento por causa do nome de Jesus; muitas vezes ser excluídos dos grupos de irmãos da mesma fé; ser desprezado ou desprezada por levar a sério a missão, com amor à Igreja e a Deus, sem medo defendendo a fé e a dignidade humana; não temer denunciar e anunciar apaixonadamente; sentir-se contente ao ser perseguido ou perseguida por causa da Palavra de Deus, em nome do mesmo Jesus Cristo; não temer o martírio, tornar-se um testemunho autêntico de Cristo.

3. A único riqueza de um discípulo é o próprio Cristo, que é a Torá da Nova e Eterna Aliança. Cabe ao discípulo abdicar de seus sonhos para viver seriamente o sonho de Deus, mediante total responsabilidade com a Palavra da Salvação, dedicação total à missão evangelizadora e ao bem do povo de Deus. O discípulo deve ser fiel, absolutamente voltado para o Pai, à semelhança de Jesus, seu Mestre (Prós thon Theon). Deus é fiel à Aliança e a todos, e espera que todos respondam com a mesma fidelidade. Por meio de Cristo, amando-o profundamente e vivendo seus ensinamentos, seguindo seus passos e indo na direção por Ele escolhida, o discípulo ou a discípula cumprirá a vontade do Pai. 

4. A realização da vontade do Pai dar-se-á somente com a renúncia de três coisas importantes: do apego às coisas materiais (usá-las para o bem de todos), à família (lembrar-se que formamos uma nova família no sangue de Cristo e que somente em Cristo se aprende a amar verdadeiramente a família terrena) e a nós mesmos (O amor a nós mesmos também depende do amor a Deus. A partir do Senhor, descobrimo-nos muito mais e nos amamos com o divino amor). É necessário, portanto, renunciar a tudo para se ter o TUDO.

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo

02/09/2016

Sexta-feira, 02 de setembro de 2016

Lc 5,33-39

1. "Os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo esta com eles?". Certamente não. A presença do noivo é sinal de festa e não de penitência. Os líderes judeus não estavam com o Noivo, não o reconheceram, por isso continuavam na penitência, bem como os que ainda insistiam no discipulado de João Batista. Todos os que se aproximaram de Jesus e ficaram com Ele não faziam mais jejuns, não praticavam aquelas penitências de preparação para a chegada da Boa Notícia, pois já estavam com ela. Os fariseus, além de jejuarem uma vez por ano, como manda a lei, insistiam, com mais afinco, em jejuar toda semana. Alguns, até duas vezes por semana. Na verdade, eles queriam conquistar Deus com os próprios esforços. Não é isso que agrada a Deus. Certamente, todos devem esforçar-se muito, fazer a sua parte, mas deixando que a graça de Deus atue segundo o desejo mesmo de Deus. Além disso, os fariseus estavam criticando tanto Jesus quanto Seus discípulos. Ao questionarem porque eles não jejuavam, estavam, de certo modo, querendo dizer que eram discípulos de quinta categoria, porque somente eles (fariseus) são realmente fiéis, santos, puros. 

2. Quando o Noivo for tirado, eles jejuarão. Esse é o tempo da Igreja, que vem da vontade do Pai, por Jesus Cristo, na força do Seu Espírito, e caminha na direção do Pai, pelo mesmo Filho, no Espírito Santo. É o tempo da missão evangelizadora, dos desafios da fé, das dificuldade da prática do amor, do sofrimento em nome da verdade, da rejeição por causa de Jesus, do martírio como testemunho autêntico de quem encontrou a ESTRADA verdadeira. Esse é o tempo de um deserto contínuo, de carências e sonhos, dores, e desilusões, fracassos, quedas e soerguimentos, humilhações, vitórias e conversões. É o tempo do abandono, da descoberta do essencial e da contemplação de Deus. É um tempo de penitência, de reconhecimento de si e de Deus, da natureza e do outro, e, ao mesmo tempo, da alegria de pertencer ao Senhor. 

3. Essa realidade nova exige uma profunda transformação interior. Não se pode abraçar Jesus Cristo com uma mentalidade farisaica. Não é possível seguir Jesus Cristo do jeito do judaico de ser. Jesus exige muito mais. Dentre os primeiros cristãos, alguns ainda tinham saudade do judaísmo, ainda queriam conservar "os mesmos remendos", queriam olhar para Jesus, mas vivendo as práticas judaicas. O texto é claro: "Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha;...". Não é possível introduzir a novidade de Jesus Cristo em velhas mentalidades. "Ninguém põe vinho novo em odres velhos". O novo exige também o novo, que significa conversão, mudança de vida, de mentalidade. Jesus é o NOVO, que exige um coração novo, a transformação da pessoa toda segundo Ele. Quem realmente experimentar Jesus, a realização, jamais voltará a ter saudade da promessa. 

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo

01/09/2016

Quinta-feira, 01 de setembro de 2016

Lc 5,1-11

1 - Jesus ensina à multidão sedenta da Palavra de Deus. Essa multidão representa a humanidade inteira, criada por Deus e necessitada DELE. Uma humanidade que, em si mesma, busca a Deus, mas que também se submete ao julgo do pecado e, consequentemente, torna-se inimiga dela mesma através daqueles que se colocam na condição de “guias” nos mais variados campos da administração governamental, dos que a eles se submetem. Nem sempre tais lideranças agem com justiça e para o bem comum. Historicamente se sabe das graves consequências das ações de lideranças desumanas na vida das pessoas mais simples, da miséria causada a muitos, dos atrasos sociais e do contexto sócio-econômico-psicológico doente em que o homem sempre se encontrou e que se agrava muito mais nos tempos atuais. A sociedade está doente porque doentes estão todos que a constituem. Cada vez mais, percebe-se o descaso humano, a valorização da mundanidade, do desrespeito, do individualismo, da imoralidade, da aparência, do “achismo” em lugar da verdade, da busca desenfreada do prazer a qualquer custo, da luta pelo ter sem esforço algum, do fanatismo em muitos e da indiferença com relação a Deus. De fato, essa realidade necessita, urgentemente, da PALAVRA DE DEUS. 

2 – O ensinamento de Jesus começa com a afirmativa de que o “Reino de Deus está próximo”, porque Ele próprio é a presença de Deus na história e sua mensagem é salvífica. Ensina sobre o amor, definindo-o como entrega total de si mesmo a Deus e ao próximo; sobre a necessidade de colocar o Reino de Deus em primeiro lugar e relativizar o resto; sobre a prática da misericórdia e do perdão; sobre a possibilidade de ultrapassamento de uma visão voltada para si mesmo, sendo capaz de amar o próprio inimigo; sobre a verdade de Sua pessoa e Sua missão; sobre a beleza de se ser um ser humano segundo Deus e para Deus. Enfim, Jesus ensina sobre a fé, a esperança e o amor, revelando-se como ÚNICO Caminho, Verdade e Vida. Em outras palavras, não existe nenhuma outra estrada que possa conduzir a humanidade à comunhão com Deus além do Filho de Deus. Não haverá verdadeira transformação do homem enquanto este não se encontrar com Jesus Cristo. A humanidade necessita conhecer, real e urgentemente, a lógica do Cordeiro de Deus.

3 – É preciso avançar para águas mais profundas. O mar simboliza o mal e a morte. A barca simboliza a Igreja de Jesus Cristo. Os pescadores são Seus apóstolos e discípulos. Os peixes são todos aqueles que estão submersos na realidade de pecado e de morte. Ir à águas mais profundas significa atingir, principalmente aqueles que estão em “estado terminal” de envolvimento no pecado, isto é, aqueles que são considerados perdidos, que não têm mais jeito, que já foram dominados pelo mal. Também quer dizer aqueles que desconhecem totalmente a presença de Deus através de Jesus Cristo. Além disso, faz referência ainda aos que, mesmo tendo tido uma experiência com Cristo, encontram-se numa crise profunda devido a tantos escândalos e problemas na própria vida e na família. É ainda um IR às periferias das misérias humanas. Pescar nessas “águas profundas” quer dizer libertar essas pessoas mediante a Palavra de Deus, com ações concretas de amor e esperança, dando a elas a possibilidade de largarem o mal no qual se encontram, a cegueira que as atinge fortemente, as amarras dos vícios, a escuridão da falta de sentido, para virem à luz. À difernça dos peixes, não são “pescados” para a morte, mas para a Vida de Deus. 

4 – O sucesso da pesca não depende do pescador, mas da graça de Deus. Em obediência à Palavra de Deus, os discípulos devem avançar para as águas profundas do mundo, das misérias humanas e das sociedades doentes, a fim de ilumiá-las com Cristo, sendo cada um transparência do Salvador. O Evangelho chegou até aqui por causa da escolha de Jesus, de Sua graça e vontade, por ação do Seu Espírito Santo, na vida daqueles escolhidos, que entenderam a importância do Filho de Deus e da proclamação da Palavra Salvadora. Diante da iniciativa e poder de Jesus, os apóstolos e discípulos, depois de terem alcançado a fé no Senhorio de Jesus Cristo, depois da ressurreição, não mediram circunstâncias para anunciar a Boa Nova aos povos, não temeram mais as lideranças de Israel nem o poder do Império romano, não fraquejaram diante da lógica do pensamento grego e da religiosidade judaica e pagã. Foram determinados, apaixonados e convincentes, mediante o testemunho da própria vida. Limitados e fracos, certamente, mas acompanhados do Poder de Deus, o Espírito da Verdade, eles foram capazes de transformar o mundo para sempre. Tal missão deve ser continuada hoje, agora, através de mim e de você. Coragem!

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo

31/08/2016

Quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Lc 4,38-44 (ver também Mt 8,14-17; Mc 1,29-39)

1. Jesus se misturava com seus discípulos, abraçava a família de cada um, libertava quem necessitasse naquela família e a todos manifestava a urgência da missão evangelizadora, expressa no gesto do serviço. A sogra de Simão (Pedro), uma vez livre do seu problema físico, colocou-se à disposição de Jesus e dos seus discípulos, servindo-os, certamente com muita fé e alegria. Essa cura deu-se depois de Jesus curar o servo do oficial romano (Mt 8,13). O gesto de Jesus O revela como o Servo, Aquele que se coloca à disposição dos  sofredores, libertando-os de suas mazelas e dando-lhes um horizonte novo de vida. Com todos se mistura, mesmo num final de tarde, depois de uma longa caminhada, desgasta-se ainda mais no serviço aos necessitados. Por outro lado, Sua ação exige uma resposta decisiva do outro. A sogra de Pedro, por exemplo, uma vez curada, ergue-se e põe-se a servir também. "O que de graça recebeste, de graça deves dar". Assim, percebe-se a continuidade do Evangelho na vida de quem se encontra com Jesus. O gesto de erguer-se, levantar-se indica a realidade do homem novo, ressuscitado. Nessa nova condição, torna-se reflexo do Servo, Jesus Cristo, o Senhor.

2. Num segundo momento, muitos doentes foram a Jesus. Já era tarde, ao anoitecer, Jesus curou a todos e expulsou demônios. Aqui se revela a missão de Jesus para com todos. A casa de Simão tornou-se o lugar do encontro libertador. Quanta alegria foi colocada nas mentes e corações daquela multidão curada e livre dos demônios! A casa de Simão é sinal da Igreja, que deve ser o lugar vivificador da fé, propagador da esperança e libertador no amor. A Igreja deve expressar a doação verdadeira de Cristo, ser Serva a serviço do Servo para o bem do povo de Deus e daqueles que desejam uma orientação e um acolhimento verdadeiro, uma vez que Ela possui o mesmo poder de sua Cabeça, a Cristo se identifica como seu Corpo, com Ele forma um todo. Nunca se deve esquecer que a Igreja é inseparável de Cristo.

3. Jesus proíbe os demônios de falaram quem Ele é. Os demônios são mostrados no texto como quem está perdido, como quem perdeu uma guerra, como quem está em retirada, porque chegou o verdadeiro guerreiro, alguém verdadeiramente forte, absolutamente poderoso. Jesus não só os expulsa como também os impossibilita de falar alguma coisa sobre Ele. Ora, calar o outro é sinal de autoridade sobre ele. Depois, não são os demônios que devem dizer quem é Jesus, mas o Espírito de Deus, que é o Espírito da Verdade. Os demônios mentem em vista de si mesmos e da derrota do homem. Somente quem tem fé e está cheio do Espírito Santo pode falar quem é Jesus, o que aconteceu após a ressurreição. Os demônios sabiam quem Ele era, mas não tinham a intenção de falar a verdade, pelo fato de serem maus, enganadores, mentirosos e inimigos do próprio Jesus. O "segredo messiânico", tão querido de Marcos, será revelado somente na cruz.

4. Jesus sempre se retira para um lugar deserto, pois precisa ficar sozinho com o Pai e o Espírito Santo. A oração é o momento de ficar com Deus e todo para Deus. Durante o dia, está com Deus e para todos. À noite, está com Deus e totalmente para Deus, mas sem deixar de se preocupar com todos. A oração é a coluna vertebral da alma. Sem uma verdadeira vida de comunhão com Deus, enquanto o mundo dorme, é impossível continuar firme na estrada da libertação. Jesus revela aos seus a importância de serem completamente voltados para o Pai, absolutamente decididos na oração e firmes no propósito de jamais de afastar da contemplação de Deus. Somente assim, o discípulo encontrará forças para a continuidade da árdua missão evangelizadora, que deve chegar a “outras aldeias”, isto é, a outros povos, nações, a toda humanidade (“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura…” Mc 16,15; Mt 28,19). 

5. Jesus tem autoridade sobre todas as coisas. Seu poder libertador atinge toda a natureza e todas as pessoas. Nada nem ninguém resiste ao poder de quem ama, daquele que fala somente a verdade, de quem é portador da esperança, de quem quer somente a salvação do outro. Os males físicos e espirituais não são nada diante de Jesus. Aqueles que se tornam livres conquistam o direito de se tornarem discípulos, servidores da graça de Deus. Tornam-se curados para curar e livres para libertar, aprendem a ser como Jesus um intinerante da salvação. Jesus não esbarra diante de nada, não se fixa em lugar algum, não se prende a nada. Sua missão deve chegar aos confins do mundo, a todos os povos. Ele é incansável! Por isso forma discípulos, a fim de que continuem essa missão salvífica maravilhosa. Ele é absolutamente livre e todo voltado para o que deve fazer. Assim deve ser cada um dos Seus discípulos. Assim devemos ser todos nós.

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo

30/08/2016

Terça-feira, 30 de agosto de 2016

Lc 4,31-37

1. Primeiro dado importante nesse texto é a informação de que Jesus ensinava nas sinagogas. No caso do texto acima, esse ensinamento deu-se em Cafarnaum, importante centro comercial. Ele é o Mestre por excelência! Ensina, certamente, sobre o Reino de Deus, sobre a vontade do Pai, sobre a Misericórdia divina, sobre o não seguimento à lógica da exploração do outro, a mentalidade da concorrência desumana, do individualismo, do uso da fé e da boa intenção das pessoas para uso pessoal, interesses individualistas e a indiferença para com Deus. Jesus ensina a importância de uma vida leal, desprendida de tudo, solidária, disponível e aberta à ação do Espírito de Deus. No Seu ensinamento, o ser humano tem valor enquanto imagem e semelhança de Deus; a liberdade é levada a sério e a dignidade é valorizada. Jesus ensina que não existe riqueza que torne alguém mais importante que outro, mas que todos, tendo riqueza ou não, estudado ou não, sadio ou doente, negro ou branco, feio ou bonito, todos têm a mesma dignidade enquanto seres humanos. Ninguém é mais importante para Deus por ter ou ser alguma coisas, pois o fato mesmo de serem criaturas de Deus, chamadas a serem filhos no Filho, Jesus Cristo, já diz tudo sobre sua dignidade. 

2. Jesus falava com autoridade. Isso significa que Ele tinha consciência de sua identidade de Filho, de sua missão e do modo como exercê-la. Ele sabia que sua vida e suas palavras são a única estrada da salvação, o único caminho para o Pai, para a realização da humanidade. Nos seus ensinamentos, deixou claro o desacordo entre o pensamento de Deus e a atitude dos representantes de Israel, que já não convenciam ninguém, porque exploravam o povo em benefício próprio; também evidenciou o a contra-mão da política partidária desumana; e mostrou ao povo que a lógica econômica só favorece ao jogo de interesses dos governantes e dos ambiciosos, tratando os mais fracos como escravos, seres de segunda categoria ou quase nada. Jesus inverte essa situação, ensinando a todos a lógica do serviço, a lógica do que tem mais poder fazer mais, doar-se mais, ser melhor na prática do bem. Em suma, todos servindo, pondo em prática a reciprocidade do amor. Diante disso, todos ficavam realmente admirados porque ninguém nunca falou desse jeito, jamais alguém teve tanta clareza e, ainda, ninguém deu tamanho testemunho do que acreditava e ensinava na forma de amor, verdade e confiança absoluta em Deus. 

3. Esse é o momento que provoca a reação do demônio, que percebe a presença do Filho de Deus, da libertação humana, da vitória sobre mal. Jesus combate a raiz do mal não somente na sociedade de modo geral, mas também no coração do homem, pois alí, quando não se é convertido, se encontra a raiz do mal tanto para o sujeito quanto para a sociedade. Ao expulsar o demônio, Jesus manifesta sua autoridade também sobre o mal. De fato, Ele tem autoridade sobre todos as coisas (Mt 28,18). Significa que Ele é o Senhor, o Libertador, o Salvador proclamado depois da Páscoa. A pessoa de Jesus na história é já a derrota de Satanás, pois Ele age de modo eficaz e com força, não uma força segundo o entendimento humano, mas a força do Espírito de Deus.

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo

29/08/2016

Segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Hoje a Igreja celebra a memória do martírio de são João Batista.

Mc 6,17-29


1. A partir dos versículos 14-16, tem-se uma introdução do texto acima, que evidencia duas coisas que certamente estremecem o mundo de Herodes, filho de Herodes o Grande, residente em Tiberíades, sendo governo da Galileia e da Pereia: João Batista, que foi degolado por ele e o possível reavivamento, do retorno à vida do profeta. Em Mc 6,14 há um acréscimo no modo como se apresenta essa introdução: "João Batista foi ressuscitado dos mortos, e por isso os poderes operam através dele. Já outros diziam: "É Elias. E outros ainda: É um profeta como os outros profetas. Herodes, ouvindo essas coisas, dizia: É João, que eu mandei decapitar, que ressuscitou". Em Lc 9,7, Herodes manifesta um forte interesse em conhecer esse profeta "redivivo". Ao lado desses tópicos, encontra-se, claramente, a crença na ressurreição, algo próprio do pensamento farisaico. Com isso, Mt, Mc e Lc estão afirmando, antecipadamente, a futura ressurreição de Jesus Cristo, que aqui tem seu prelúdio. 

2. João Batista não era amado por Herodes. Estava preso e acorrentado (na prisão de Maqueronte) por que era um perigo para o rei, pois não temia denunciá-lo pelo adultério, uma vez que Herodes mantinha um caso com Herodíades, mulher do seu irmão. Segundo Mt, Herodes, diz o texto, queria matá-lo. Apesar de ter prazer em escutar o profeta, manifesta também um grande interesse em destruí-lo, não o fazendo por medo. Em Mc, não é Herodes que quer matar o profeta, mas Herodíades, que tinha rancor contra ele (6,9). Em Mt, parece haver uma contradição entre o versículo 5 e o 9, porque enquanto se diz em Mt 14,5 que Herodes quer matar João, em Mt 14,9 diz que o rei ficou triste com o pedido da filha de Herodíades. Pode-se pensar, também, que realmente Horodes querida matar João Batista, mas não tinha ainda elaborado um plano que o livrasse da multidão seguidora do profeta. Então, ao declarar à sobrinha que lhe daria até a metade do reino, e já sabendo das intenções de sua amante, mulher de seu irmão, Filipe, sendo ele um assassino, mascara seu "zêlo" pelo profeta com demonstração de tristeza, mas no fundo, era isso que gostaria que fosse feito. 

3. O fato de prender e acorrentar o inocente já indica o desprazer para com ele. Mantê-lo preso, é uma forma de afastá-lo da multidão sedenta da verdade e da justiça, coisas distantes do coração de Herodes. João não era o profeta "bonzinho" e "prazeroso" para Herodes, mas seu inimigo. O testemunho de sua vida era como uma espada de dois gumes contra o rei e seu governo. A presença de João era como que uma enorme pedra no caminho de Herodes e de todos os que dele se aproximavam, bem como de todos aqueles que continuavam mantendo o povo debaixo de pesados fardos e escravos de uma forma corrupta de governabilidade. A liberdade interior do profeta afetava o âmago dos dirigentes de Israel. Somente eliminando o justo, eles poderiam continuar mais tranquilamente, pois achavam que sua presença poderia trazer conseqüências trágicas, talvez até uma revolução contra Roma. 

4. A morte de João Batista é prefiguração do futuro de Jesus. João é precursor do Mestre de Nazaré até com sua morte. Todo o seu ser esteve voltado para o Senhor de Israel e para a vivência da verdade e da justiça. Dono de uma tremenda liberdade interior, tornou-se sinal de todos aqueles que se colocarem à serviço da vontade do Pai, seguindo, sem medo, Jesus Cristo, a Verdade única. 

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo 

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