Naquele tempo, 15 um homem que estava à mesa, disse a Jesus: "Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!" 16 Jesus respondeu: "Um homem deu um grande banquete e convidou muitas pessoas. 17 Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: 'Vinde, pois tudo está pronto'. 18 Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: 'Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. Peço-te que aceites minhas desculpas'. 19 Um outro disse: 'Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las. Peço-te que aceites minhas desculpas'. 20 Um terceiro disse: 'Acabo de me casar e, por isso, não posso ir'. 21 O empregado voltou e contou tudo ao patrão. Então o dono da casa ficou muito zangado e disse ao empregado: 'Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos'. 22 O empregado disse: 'Senhor, o que tu mandaste fazer foi feito, e ainda há lugar'. 23 O patrão disse ao empregado: 'Sai pelas estradas e atalhos, e obriga as pessoas a virem aqui, para que minha casa fique cheia'. 24 Pois eu vos digo: nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete'".
— Palavra da Salvação.
Reflexão
1. Lucas inicia o texto com a bem-aventurança final: "Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!". Essa foi a manifestação de alguém que estava no banquete. A parábola vai responder a pergunta: quem será feliz nesse banquete? Em Mt 22,1-14, a pergunta é: quem será escolhido?
2. É necessário tomar uma decisão séria para poder participar do banquete eterno. Respeitando a liberdade dos que foram preparados, o convite de Deus se apresenta num contexto tremendamente sério. Deus não desiste dos convidados, mas estes desistiram de Deus porque fizeram outras escolhas: trocaram a salvação oferecida por Deus pelas coisas ligadas aos interesses mundanos. Diante da recusa, do abandono ao chamado do Senhor, os convidados receberam uma ameaça grave: "nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete". Deus é misericórdia infinita, mas é também infinita justiça. Ele respeita as decisões humanas, espera sua resposta, mas não é escravo dos desvarios dos que foram chamados. Aqui cabe ao discípulo levar a sério o convite de Deus, o chamado que exige imediatamente uma resposta decisiva.
3. Algo inesperado acontece: Deus chama aqueles rejeitados na sociedade, os últimos, os esquecidos, os que são tratados como sem valores, o resto segundo a mentalidade do mundo. São esses que assumem o lugar rejeitado pelos primeiros convidados. Israel rejeitou o convite e, por isso mesmo, perdeu o seu lugar. O banquete foi tirado de um povo e entregue a outro. Para o discípulo de Jesus Cristo, isso é muito significativo. É importante que cada um se coloque diante de Deus em estado constante de vigilância pessoal, pois as tentações do mundo são muito fortes e podem conduzir os eleitos a uma tomada de decisão desequilibrada. É necessário manter-se diante do Senhor, atento ao seu chamado, decidido na sua vida de comunhão com Ele, consciente do valor de ser absolutamente pertencente a Deus. A preocupação de um discípulo deve ser cuidar das coisas do Senhor em primeiro lugar, dar a vida, para que o Reino de Deus se estabeleça na própria vida e na vida do outro; ser um sinal autêntico de valorização dos desvalorizados; ser um verdadeiro instrumento de transformação no amor, verdade e fé.
4. Não combina com um discípulo seguir os ditames de um mundo falido em seus argumentos e interesses. A ilusão intelectiva de muitos, condena-os. Uma mentalidade forjada na luta por si mesmo não condiz com a verdade, mas tão somente com a deturpação do bem. O apego ao próprio “mundo” desqualifica uma vida que nasceu com a vocação de ser dom. O povo judeu, quando, por vários motivos, abraçou a lógica do mundo, distanciou-se do seu objetivo instrumental salvífico. Naturalmente o mundo é belo, mas encontra-se cheio de armadilhas. O olhar fixo em Deus permite que se enxergue tanto a beleza da criação quanto suas limitações. O problema é que, por causa do pecado, a humanidade tende justamente para as limitações, inclinações contrárias a Deus. Nessa realidade encontrou-se Israel, como também muitos atualmente. O chamado de Deus é para todos, mas é necessário que façamos a nossa parte, não de qualquer modo, mas com responsabilidade. É urgente descobrirmos a vontade de Deus nos lançarmos nela; largar o que pensa o mundo e nos deixar conduzir pelo Espírito do Senhor. Os escolhidos seremos todos nós quando seguirmos a lógica de Deus manifestada em Jesus Cristo. Nossa adesão total a Cristo nos tornará aptos ao Banquete.
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