CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

O MUNDO DEVE CONHECER SUA PALAVRA

30/07/2016

XVIII Domingo do Tempo Comum, 31 de julho de 2016 Lc 12,13-21



1. A primeira coisa que nos vem com esse texto é o pronome indefinido "alguém". Com ele, não se diz diretamente quem está querendo a parte que lhe cabe da herança, porque indica qualquer pessoa que esteja nessa mesma situação. No caso do homem rico da parábola, alguém preso em si mesmo, prudente quanto a si, mas desumano quanto a partilha dos bens. Tal rico, juntando tudo o que possuía, preparando seu futuro, acumulando tantas coisas, demonstra um homem sem família, vida social, enclausurado na redoma do seu egoísmo. É tudo que não deve ser um discípulo de Cristo. Quando ele morrer, seus bens vão servir para a discórdia, para outros que lutarão com a arma da avareza. No fim da vida, mesmo na mentalidade falida do mundo, todos dirão que tudo não passou de vaidade (cf. Ecle 2,21). Trabalhou talvez pensando em deixar uma herança, mas não se preocupou em formar homens e mulheres capazes de Deus, de amor, fraternidade e solidariedade. O resultado não poder ser outro: onde há o domínio do jogo de interesse, da cobiça, há também a discórdia, a guerra e a morte. Quem para si tudo edifica, desprezando aqueles que necessitam, tornar-se-á faminto eterno do essencial, mas não será saciado. Sua vida foi pura vaidade.

2. Jesus não se mete em questões que devem ser resolvidas pelos magistrados. Sua preocupação maior ultrapassa esse ponto, indo à raiz do problema: a avareza, mediante a qual milhares de pessoas destroem a própria vida e a dos demais de sua família. Avareza é palavra sempre moderna, sempre presente na vida de quem ainda não foi capaz de se encontrar verdadeiramente com Cristo. É uma palavra que denota uma fome insaciável pelos bens mundanos, pelo desejo de ter tudo e sempre mais. Um discípulo de Cristo deve combatê-la com todas as suas forças. Na verdade, um discípulo deve fazer morrer tudo aquilo que pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a COBIÇA, que é IDOLATRIA (cf. Cl 3,5).

3. "A vida de um homem não consiste na abundância de bens". Nós não fomos criados para viver neste mundo. Nossa realidade, mesmo humana, ultrapassa os limites do tempo. Uma vez batizados, fomos “ressuscitados com Cristo” (cf. Cl 3,1). Por isso, devemos esforçar-nos para alcançar as coisas do alto, devemos aspirar às coisas celestes (cf. Cl 3,1-3), devemos procurar, sem saudades do passado, viver em comunhão com Deus por meio de Jesus Cristo. Deus nos criou para Ele, para vivermos a vida DELE, por meio de Jesus Cristo, que nos assumiu, deu-nos sua vida e fez-se alimento de vida eterna para nós. Fomos criados para Deus mesmo, para participarmos de sua natureza, como filhos no FILHO. Recebemos o Espírito Santo, que nos inseriu no Corpo de Cristo, que nos fez participantes de Deus, filhos no Filho e, continuamente, nos configura a Jesus mediante os sacramentos.

4. Como discípulos, devemos ser totalmente de Deus. Nosso tesouro é o próprio Cristo. Nosso futuro é Deus mesmo. Nossa preocupação é estar sempre voltados para Deus e para a humanidade, partilhando tudo o que tem para o bem de todos. O dinheiro, em nossas mãos, se somos realmente discípulos, é aplicado para a justiça. Devemos, nessa condição, ser ricos no amor, na verdade, na paz, na justiça, solidariedade, fraternidade e unidade; devemos ter o serviço como nossa maior manifestação de interesse, vendo no outro, convertido, nosso maior investimento. Essa é a palavra chave: investir em nós, segundo Deus, e no outro, a fim de que todos possamos participar dignamente do Reino de Deus.

Um forte e carinhoso abraço.

Pe. José Erinaldo

Sábado, 30 de julho de 2016

Mt 14,1-12

1. Na introdução do texto acima, Mt evidencia duas coisas que certamente estremecem o mundo de Herodes: João Batista, que foi degolado por ele, e o possível reavivamento, isto é, do retorno à vida do profeta. Em Mc 6,14 há um acréscimo no modo como se apresenta essa introdução: "João Batista foi ressuscitado dos mortos, e por isso os poderes operam através dele. Já outros diziam: "É Elias. E outros ainda: É um profeta como os outros profetas. Herodes, ouvindo essas coisas, dizia: É João, que eu mandei decapitar, que ressuscitou". Em Lc 9,7, Herodes manifesta um forte interesse em conhecer esse profeta "redivivo". Ao lado desses tópicos, encontra-se, claramente, a crença na ressurreição, algo próprio do pensamento farisaico. Com isso, Mt, Mc e Lc estão afirmando, antecipadamente, a futura ressurreição de Jesus Cristo, que aqui tem seu prelúdio.

2. João Batista não era amado por Herodes. Estava preso e acorrentado (na prisão de Maqueronte) por que era um perigo para o rei, pois não temia denunciá-lo pelo adultério, uma vez que Herodes mantinha um caso com Herodíades, mulher do seu irmão. Herodes, diz o texto, queria matá-lo. Apesar de ter prazer em escutar o profeta, manifesta também um grande interesse em destruí-lo, não o fazendo por medo. Em Mc, não é Herodes que quer matar o profeta, mas Herodíades. Em Mt, parece haver uma contradição entre o versículo 5 e o 9, porque enquanto se diz em Mt 14,5 que Herodes quer matar João, em Mt 14,9 diz que o rei ficou triste com o pedido da filha de Herodíades. Pode-se pensar, também, que realmente Horodes querida matar João Batista, mas não tinha ainda elaborado um plano que o livrasse da multidão seguidora do profeta. Então, ao declarar à sobrinha que lhe daria até a metade do reino, e já sabendo das intenções de sua amante, mulher de seu irmão, Filipe, sendo ele um assassino, mascara seu "zêlo" pelo profeta com demonstração de tristeza, mas no fundo, era isso que gostaria que fosse feito.

3. O fato de prender e acorrentar o inocente já indica o desprazer para com ele. Mantê-lo preso, é uma forma de afastá-lo da multidão sedenta da verdade e da justiça, coisas distantes do coração de Herodes. João não era o profeta "bonzinho" e "prazeroso" para Herodes, mas seu inimigo. O testemunho de sua vida era como uma espada de dois gumes contra o rei e seu governo. A presença de João era como que uma enorme pedra no caminho de Herodes e de todos os que dele se aproximavam, bem como de todos aqueles que continuavam mantendo o povo debaixo de pesados fardos e escravos de uma forma corrupta de governabilidade. A liberdade interior do profeta afetava o âmago dos dirigentes de Israel. Somente eliminando o justo, eles poderiam continuar mais tranquilamente, pois achavam que sua presença poderia trazer conseqüências trágicas, talvez até uma revolução contra Roma.

4. A morte de João Batista é prefiguração do futuro de Jesus. João é precursor do Mestre de Nazaré até com sua morte. Todo o seu ser esteve voltado para o Senhor de Israel e para a vivência da verdade e da justiça. Dono de uma tremenda liberdade interior, tornou-se sinal de todos aqueles que se colocarem à serviço da vontade do Pai, seguindo, sem medo, Jesus Cristo, a Verdade única.

Um forte e carinhoso abraço.

Pe. José Erinaldo

28/07/2016

Quinta-feira, 28 de julho de 2016

Mt 13,47-53

1. Essa parabola se encontra somente em Mt e se assemelha muito à parabola do trigo e do joio. Também, no geral, mostra a paciência de Deus e a impaciência de quem deseja que tudo seja transformado a todo custo. Deus respeita o tempo dos homens. O contexto faz referência ao final de uma jornada de trabalho. Para os Pescadores não existe outro objetivo senão de pegar muitos bons peixes. O pior acontece quando não pegam nada (cf. Jo 21,3). A referência aos “peixes bons” quer significar homens e mulheres que procuram, no seu dia a dia, fazer a vontade de Deus. São aqueles que colocam Deus em primeiro plano, aqueles que estão sempre na visão do Senhor. Por outro lado, os “peixes maus” indicam aqueles que, desprezando a vontade de Deus, entregam-se aos seus próprios desejos, seus ideais e, ainda, além de agirem contra si mesmos, fazem de suas vidas instrumentos de transtornos para os demais, causando-lhes males terríveis. Os ditos “peixes maus” são também aqueles que praticam toda sorte de inveja, discórdia, maledicências, divisões, egoísmo, corrupção e exploração dos seus semelhantes e da natureza.

2. O texto responde qual será o resultado para quem vive fazendo o mal: a fornalha ardente, imagem tirada do lixão da cidade, onde se queima continuamente os detritos; há alí um fogo permanente para se queimar tudo. Em Israel é um vale chamado GEENA, onde, na época dos reis, havia uma fornalha até para sacrificar os falsos deuses Moloch. Tal imagem indica o inferno, estado de quem desprezou o bem, de quem abandonou a Palavra de Deus, daqueles que fizeram opções por si mesmos. O fogo ardente se torna símbolo de exclusão e de condenação. No final, o que acontece aos que abandonaram a vida em comunhão com Deus é o resultado de uma auto-exclusão, de uma abandono a si mesmo. Deus não exclui ninguém e nem deseja que isso aconteça, mas respeita a liberdade de escolha de cada um. Negar que exista condenação significa negar a própria liberdade de escolha. Deus nos fez livres para dizer sim a Ele, mas infelizmente o não foi acrescentado pela limitação humana. O inferno não é, certamente, um fim, pois nosso único FIM é Deus. FIM no sentido de objetivo supremo, finalidade de nossa existência.

3. O inferno não é um lugar, mas um estado de alma; é uma situação que não será desfeita na vida daquele ou daquela que, livremente, desprezaram a salvação oferecida por Deus; não é um fogo material, mas o queimor na alma, uma angústia sem medidas, uma solidão desesperadora, uma profunda falta de sentido, um vazio sem limites, uma vontade de morrer absurda sem condição nenhuma de morte, um ódio tremendo a si mesmo, mas sem condições de auto-destruição.

4. Quanto ao doutor da Lei, comparando-o ao pai de família, Jesus ensina que a educação dos filhos se dá mediante a transmissão de tudo o que os pais aprenderam de bom na vida. Os filhos aprendem com a sabedoria dos pais. O mesmo deve ser feito pelos doutores da lei. Eles estudaram a Lei de Deus, aprenderam a verdade sobre Deus a partir do AT, são especialistas nas Sagradas Escrituras do AT. Devem eliminar tudo isso depois do encontro com Jesus? Não, absolutamente. Pelo contrário, devem conceber todo seu aprendizado como preparação para o NOVO que acabaram de conhecer, a fim de entenderem melhor o NT e seguirem firmes, bem enraizados com as coisas “velhas e novas”, isto é, com o Antigo Testamento e a realização dele no Novo Testamento, por meio de Jesus Cristo, que, uma vez encontrado, não despreza a Lei e os profetas, mas os conserva e os plenifica na continuidade do projeto de Deus realizado absolutamente em Cristo.

Um forte e carinhoso abraço.

Pe. José Erinaldo

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