2. Certamente muitas coisas fixaram-se na vida daquele povo: eles perderam o gosto pela Lei de Deus e já não obedeciam aos ensinamentos proféticos. Outros coisas se instalaram em suas vidas, como vícios, desejo de poder e dominação, interesses lucrativos, apegos a si mesmos, vaidades, entre outras coisas. De fato, eles já não tinham mais vinho, pois estavam embriagados de prostituições, adultérios, corrupção, roubos, enganos e idolatria. Não havia mais vida na experiência com a primeira Aliança. O relacionamento com Deus foi adulterado.
3. Em Caná se dá a possibilidade da restauração da vida desse povo com Deus mediante o encontro com Jesus Cristo, o Noivo da Nova e Eterna Aliança. Um fato curioso é que não se diz nada sobre a noiva. Sequer ela aparece na narração. É possível que seja proposital tal ausência, para que o leitor entenda que a noiva é aquela que aparecerá com a adesão a Jesus Cristo, mediante a fé e o batismo. Neste caso, a noiva vai se identificar com a comunidade dos seguidores, daqueles que farão de Jesus a razão absoluta de suas vidas. Certamente, tratar-se-á da Igreja, a nova Sião, Corpo de Cristo e Templo do Espírito Santo.
4. Outro detalhe importante é que o episódio de Caná acontece no “sexto dia” da primeira semana simbólica do Evangelho de João. Isso siginifica associação a Gn 1,26ss, pois no sexto dia surgiu a humanidade. Essa referência quer dizer, portanto, o surgimento de uma nova humanidade, verdadeiramente voltada para o Cristo, inserida NELE, feita esposa de Jesus, “o Novo e definitivo Esposo”. Todavia, a hora desse “vinho novo” chegará apenas no momento da cruz, porque será a hora da manifestação máxima do amor do Pai e do Filho e do Espírito Santo; a hora da misericórida por excelência; hora da entrega total do Filho de Deus; mas também a hora do juízo da humanidade, que ali percebe sua miséria, seu desprezo e, por isso mesmo, sua desumanidade. A cruz será a hora definitiva, preparadora da nova humanidade, que agirá na potência do Espírito Santo, o QUAL concederá à Igreja a diversidade de dons, ministérios e atividades (cf. 1Cor 12,4-6), bem como a palavra da sabedoria, a palavra da ciência, a fé, o dom de curas, o poder de fazer milagres, a profecia, o discernimento dos espíritos, o dom de falar línguas estranhas e também o dom da interpretação de línguas. A diversidade de dons dada às mais diversas pessoas, sendo cada uma responsável pela aplicação do dom recebido em vista do bem comum, isto é, de toda a Igreja (cf. 1Cor 12,7-11). É no mesmo Espírito Santo que se dá a Nova e Eterna Aliança; que acontece a profunda intimidade entre Cristo e sua Igreja; e a realidade da ligação entre Cristo Cabeça e Igreja Corpo, formando o novo povo de Deus.
5. Quanto À MULHER, que, antes de tudo, é Maria a qual aparece relacionada com a hora de Jesus, simboliza também os serventes e Israel, que passa tudo a Jesus; que se lança para Ele e NELE confia absolutamente. Já o mestre-sala, que não reconhece a novidade vinda de Jesus, tão somente observa aquele fato como se fosse algo do próprio noivo. Agindo assim, ele não reconhece a NOVIDADE, mas continua num distanciamento do NOIVO VERDADEIRO, como aqueles que ainda preferem fechar os olhos diante do Messias ali presente para seguir, cegamente, a primeira Aliança. Em se tratando da água e do vinho, ambos podem também significar a Palavra de Deus que veio para lavar e purificar a humanidade e, também, torná-la nova e pronta para as bodas.
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