João Batista se torna vítima de sua missão. As trevas não suportam a verdade. João é o profeta da verdade e da justiça: ama o que faz e não teme as perseguições por causa de sua dedicação profética. Com a prisão de João, uma lacuna se abre, o Antigo Testamento se entrega ao Novo, o tempo da promessa se completa, porque agora é Jesus quem toma a iniciativa de plenificar o discurso do anúncio do Reino de Deus, começando por Cafarnaum, na Galiléia; Éle o cumpridor das promessas, a realização das esperanças de Israel, o Verdadeiro Libertador. Ali se encontra uma terra devastada pelas trevas da presença assíria desde 733 a.C. Naquela região, não tão próxima à corrupção religiosa de Jerusalém nem tão distante dos pagãos, Jesus se coloca como a Luz que brilha em meio as trevas, a fim de que todos possam alcançar a verdade. Em Jesus, tanto judeus quanto pagãos são convidados a formarem um só povo de Deus.
2. No discurso de Jesus, a expressão chave era "Reino dos céus" ou de Deus. Tal reino sendo Ele próprio presente na história da humanidade; mais ainda, o Reino sendo a prática da verdade, da justiça, da misericórdia, da solidariedade, da mansidão e da paz. O Reino como sendo a mais autêntica experiência da realidade mesma de Jesus, pois Ele é a Verdade, a Vida, a maior e mais bela definição do amor, como OBLATIVIDADE (entrega de si para o bem do outro), a compreensão em pessoa, a misericórdia em ato, o construtor da paz pela entrega de si mesmo à vontade do Pai. Tais características indicam o que Ele mesmo deseja dos seus discípulos. Para isso, é necessário a CONVERSÃO, uma verdadeira mundança de mentalidade: deixar de pensar como o mundo e abraçar, decididamente, o pensar de Deus; abandonar o desejo de poder das trevas e tornar-se desejo de serviço para o bem do outro; destruir o egoísmo pessoal e entregar-se à obediência necessária para a construção de um novo ser humano.
3. Jesus Se revela como sendo, Ele mesmo, a presença do Reino de Deus por meio de seus ensinamentos, de seu testemunho e de suas ações libertadoras: Ele cura toda sorte de doenças e expulsa os demônios. Na verdade, Ele se revela como quem tem domínio sobre o homem, sobre as leis da natureza e sobre o mal. Em suas mãos, o homem ferido encontra conforto e libertação de verdade; todo o seu ser é restaurado. Por meio dele, aquele povo pagão, que “jazia nas trevas”, expressão muito mais forte que a citada por Is 8,23b-9,1, pode encontrar alívio, segurança, libertação e sentido na sua existência. Jesus não estava ali simplesmente como um descendente de Davi, restaurador dos sonhos dinásticos de Israel, mas como o Filho de Deus, face misericordiosa do Pai, atuando pela transformação de todos, libertando-os dos males físicos e espirituais. Aquele era um povo distante dos objetivos dos poderosos, pois estava na rota das caravanas e dos exércitos, e por todos era esmagado, e para nada servia. Jesus o enxergou de verdade. O Reino de Deus chegou para ele. Mediante o arrependimento de todos os pecados, demonstra intimidade com Cristo e aceitação do projeto de Deus.
4. Tudo na vida de Jesus é entrega de Si mesmo, a fim de que a humanidade possa alcançar o objetivo querido pelo Pai: a comunhão com Ele. O mesmo deve ser feito pelos seus discípulos. Daí a necessidade do desprendimento, do desapego total, do desejo de fazer somente o bem, de ser somente de Deus, da disponibilidade sem medidas, da vontade de servir simplesmente pelo desejo da salvação de todos.
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo
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