CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

domingo, 23 de junho de 2024

EVANGELHO TODO DIA EM NOSSAS VIDAS E NAS ORAÇÕES.

 

















Mc 4,35-41. XII Domingo do Tempo Comum, 23 de junho de 2024.

Evangelho


Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: "Vamos para a outra margem!" 36 Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele. 37 Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. 38 Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: "Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?" 39 Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: "Silêncio! Cala-te!" O ventou cessou e houve uma grande calmaria. 40 Então Jesus perguntou aos discípulos: "Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?" 41 Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: "Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?" 

— Palavra da Salvação.


Reflexão


"E eis que houve uma grande tempestade no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas". O mar pode ser interpretado como sendo o mundo, o mal e a morte. É a realidade de quem está submerso nos escombros de uma existência sem a verdade, sem o amor e sem esperança. É o mundo dos que ainda não optaram por Deus, não descobriram a beleza e a importância de pertencer ao Senhor, de poder chamá-LO de Pai. Nesse mundo quem manda é o egoísmo, o individualismo, a superstição, o superficial, a ilusão do ter e do prazer a qualquer custo, o desejo de posse de tudo e do outro semelhante, a idolatria de si mesmo, a ansiedade, a lógica da dominação, a guerra, a fome, as pestes e a morte.  É o mundo da concorrência desumana, da exploração do outro em todos os sentidos, do faz de conta, dos terrores inconscientes, vindos à tona. No meio desse mundo existe uma barca, aparentemente perdida, solitária, à mercê das tempestades, sendo sacudida por todos os lados. Essa barca é a Igreja de Jesus Cristo, a qual deve ser para o mundo o legítimo instrumento da verdade, do amor e da esperança, da vida e da dignidade humana. Ela tem outro tipo de lógica, outra forma de encarar a realidade planetária, uma outra forma de agir com o ser humano; ela tem horizonte, tem rumo e oferece a segurança da qual o mundo não dispõe. O jeito da Igreja é o de sua Cabeça; sua lógica é a de Cristo; sua finalidade é a comunhão eterna com Deus; seu modo de ação é fundamentado no amor e na verdade; sua maior alegria é servir à semelhança do seu Esposo. A lógica da Igreja desafia o mundo.

 

"Jesus, porém, dormia". O travesseiro de madeira e o túmulo podem indicar, simultaneamente, a cruz e a morte de Jesus. Enquanto Jesus esteve na cruz e no túmulo, os seus discípulos não tiveram paz, suas mentes inquietas e sem percebepção de futuro, atormentavam-nos. Que momento difícil! Tudo parecia destruído. Quem realmente poderia salvá-los? Somente o Ressuscistado. Significa, então, que Deus, muitas vezes, parece deixar o homem caminhar sozinho, a fim de que ele perceba suas limitações e suas necessidades, conheça a si mesmo e a importância de Deus na sua vida. Pois bem, não é que o Senhor se afaste de verdade, uma vez que tudo é por Ele sustentado. Nada pode continuar existindo se Deus se afasta. O sono de Jesus permite aos Seus discípulos a grande oportunidade de confiar mais e mais no seu Senhor, de ver que com as próprias forças não dá para conduzir a barca, que a caminhada no mundo necessita da graça divina, da proteção de Deus, de Sua presença salvadora. A barca não pode ser conduzida segundo os ditames da razão humana, mas segundo a lógica de Deus. Enquanto o homem confiar em si mesmo não alcançará jamais o plano de Deus para ele. Assim é a Igreja, que não pode continuar na história, no meio do mundo, enfrentando o mal e a morte, por meio das mentes "brilhantes" de homens e mulheres inchados de orgulho e contaminados com a forma de pensar de uma razão sem Deus. Dormindo enquanto a barca é sacudida, pode significar também uma lição para toda a Igreja de que, apesar dos atropelos e desafios de todos os dias, ela precisa se manter de pé, confiante na Palavra de Deus e totalmente voltada para sua Cabeça; ela não deve se desesperar diante das perseguições, pois nela está a paz (Jesus dorme, está tranquilo), está a vida, está Aquele que tem o poder sobre todas as coisas, que pode caminhar sobre as águas, multiplicar os pães, ressuscitar os mortos, etc.

 

"Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!". Pedro estava caminhando sobre as águas quando teve medo e começou a afundar. No momento mais crítico de sua vida, ao tocar suas limitações extremas, deu o grito da necessidade mais importante: "Senhor, salva-me". Esse é o grito da Igreja que, apesar de Santa enquanto obra de Deus e pertencente a Ele, é frágil em cada um de seus membros.  Além disso, a ferocidade de Satanás e do homem sem Deus é muito incisiva contra a comunidade dos filhos de Deus. O mundo age, sem receio, sem juízo, do modo mais esdrúxulo possível contra a Igreja, procurando, de toda forma, desmoralizá-la ou até mesmo destruí-la. Tanto externa quanto internamente o mundo tem afrontado os filhos de Deus dentro de sua própria casa. A Igreja é difamada, traída por muitos dentro dela mesma, tratada como se fosse uma desgraça e uma agente de desumanização. O mundo chama de verdade o que é mentira e de mentira o que é verdade. Jesus é a Verdade, mas o mundo insiste em contradizer Seus ensinamentos, falsificando-os e ensinando-os segundo suas ilusões. Se bem que, por outro lado, muitos também usam, dentro de suas invenções religiosas, o nome de Jesus para alcançar o que pelo mesmo Jesus é condenado, como a busca desenfreada por dinheiro. A ganância em nome de Jesus é a moda das seitas, que são uma deturpação total do Evangelho. O mundo, em sua realidade pagã e religiosa deturpada, lança contra a Igreja tudo aquilo que o caracteriza, a fim de que ele seja amado, e a Igreja sofra sempre mais a indiferença de todos que necessitam da salvação de Deus. Daí brota o grito dos discípulos "Senhor, salva-nos".

 

"Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?". Na pergunta já se encontra a resposta: fraqueza na fé. Jesus pede apenas uma coisa: o dom da Fé. Não qualquer forma de expressão fiducial, mas a fé como adesão total a Ele e à sua obra. O discípulo deve ser, antes de tudo, um homem de fé. Certamente, também o homem ou a mulher do amor e da verdade, da esperança e da vida. A fé dará sentido ao porquê se deve amar, que, por sua vez, alimentará o conhecimento da verdade, que dará força na caminhada esperançosa de vida eterna. A fé permite ao discípulo de, mesmo sofrendo, não temer "os que matam o corpo", os que querem somente permanecer nas trevas, porque a única coisa que sabem fazer é viver nas dependências psicológicas adquiridas, no fosso onde são acorrentados por toda sorte de vícios. O discípulo e a discípula devem ser sinais de esperança e de transformação verdadeira para o mundo, para todos os que estão acorrentados em suas misérias. Os discípulos devem ser o aconchego da salvação, o lugar do encontro com Cristo. Eles devem mostrar ao mundo que crêem não em qualquer coisa ou em qualquer um, mas em Jesus Cristo, Deus bendito e Salvador, levando o mundo, num primeiro momento a se perguntar: "Quem são estes homens e mulheres, que nada pode interromper tamanho amor e dedicação para o nosso único bem?". Na vida de cada um, deve haver o testemunho autêntico, uma resposta clara sobre quem é Jesus.

 

Será que quem está naquela barca com Jesus não é você? Tem consciência de estar com Jesus e, muitas vezes, não está para Ele? Será que aquela barca não é sua casa, local de trabalho, ambientes de encontros, entre outros? Nesses lugares, você tem deixado Jesus dormindo enquanto você faz o que lhe interessa? Quem está acordado dentro de você: Jesus Cristo ou outra coisa qualquer ou pessoa? Sua vida interior pode ser essa barca onde você e Jesus podem estar juntos, tem certeza disso? Quando Jesus parecia dormir, o que você fez de si mesmo?


Um forte e carinhoso abraço.

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