CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 19 de outubro de 2024

Imaginemos a cena inicial: os discípulos estavam A CAMINHO (para Jerusalém), ESPANTADOS e com MEDO. Por outro lado, Jesus está decidido, sabe o que lhe acontecerá

 


Imaginemos a cena inicial: os discípulos estavam A CAMINHO (para Jerusalém), ESPANTADOS e com MEDO. Por outro lado, Jesus está decidido, sabe o que lhe acontecerá, não será nada fácil, trata-se de uma tragédia iminente, mas também um juízo universal, a possibilidade de o homem enxergar sua própria miséria. Os que estão próximos a Jesus começam a sentir reações contrárias muito fortes, não sabem o que fazer, os sonhos se esvanecem, a esperança fica adormecida, trevas se apoderam de seus pensamentos, a mente fica sombria e a incerteza se torna uma companheira. Nessa situação, Jesus faz o terceiro anúncio de Sua morte e ressurreição. À frente dos Seus, decidido, consciente de Sua entrega e de quem iria matá-lo, parte para o centro da fé judaica, vai ao núcleo de Jerusalém. Jesus, não ameniza Seu discurso, mesmo estando Seus discípulos em quase extrema agonia: “… o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos escribas, que o condenarão à morte e o entregarão aos gentios; e zombarão dele e cuspirão nele e o açoitarão e o matarão; mas após três dias ele ressuscitará”. Esse trecho catequético de Mc ensina o valor de não se medir esforços para viver a realidade cristã; esclarece porque os cristãos são perseguidos; estimula aquem já é discípulo a não desanimar e seguir decido a estrada da salvação; e, ao mesmo tempo, prepara sua comunidade para o encontro decisivo com o Ressuscitado, com o vitorioso.


 


2. Mc insere um dado certamente histórico da audácia dos filhos de Zebedeu (João e Tiago), que manifestaram o desejo de ser os primeiros-ministros de Jesus, sentar-se a sua direita, tendo os primeiros lugares no Reino. No meio de um discurso de morte, tal questão apresentada indica seriamente uma mentalidade completamente distante do projeto de Deus em Jesus Cristo, uma realidade ainda envolvida com a forma de pensar do jogo de interesse do mundo, uma expressiva manifestação da lógica dos poderosos, que, justamente por causa disso, iriam matar o Salvador. Isso mostra o quanto os discípulos de Jesus não estavam preparados para a missão, o quanto é frágil quem está com Jesus, mas não está para Ele, isto é, voltado para Ele, aderindo a Ele de todo o coração e de toda alma. Também mostra o quanto é difícil abraçar a lógica de Cristo, de fazer-se solidário, de fazer-se dom para todos, porque isso exige renúnica de si mesmo, dos próprios projetos e dos próprios interesses. Como é difícil largar as amarras mundanas! Os apóstolos também sofreram dessas prisões. Todos os outros dez, ao reagirem, manifestaram o mesmo tipo de apego, de mundanidade, de fragilidade diante do projeto de Deus. Eles também eram carreristas e interesseiros, buscavam promoções ao lado do Rei. Mc evidencia a fragilidade de todo o grupo do Apóstolos.


 


3. Quem pode estar do lado de Jesus? Quem for capaz de tomar do Seu cálice, passar pelo mesmo tipo de batismo e ser escolhido pelo Pai. Tomar o cálice significa enfrentar a morte, a eliminação da própria vida do meio social, ser rejeitado, destruido, abandonado como um maldito (cf. Sl 75,9; Dt 21,23). Esse tipo de pena era próprio dos ímpios e infiéis (cf. Is 51,17), entendido como cólera de Deus, juízo do pecado de todas as nações (cf. Jr 25,15; Ez 23,32-34). O que acontecerá com Jesus? Sem dúvidas, beberá desse cálice até a borra, solidarizando-se com todos os pecadores, assumindo seus sofrimentos, e tornando-se, por isso mesmo, execrável, maldito, miserável, um excomungado por aqueles pelos quais dava Sua vida. Quanto ao tipo de batismo, indica um sofrimento, dor tremenda, um mergulho na morte dolorosa (cf. Sl 69,3.15). Tal batismo é a mais clara manifestação de Sua solidariedade com os pecadores. Ele se solidariza ao se encarnar, mas também ao assumir o sofrimento humano e a morte. Essa realidade abraçada livremente por Jesus deve fazer parte da vida dos Seus discípulos, que devem agir da mesma forma. João e Tiago responderam que estariam dispostos a passar por isso, o que indica total entrega de si mesmos ao Senhor, muito embora João não tenha sofrido o martírio à semelhança dos demais. Cabe, portanto, aos discípulos entregarem-se totalmente à vontade de Deus, abandonar-se à sua fidelidade e liberdade, aos Seus desígnios e propostas.


 


4. “… aquele que quiser ser o primeiro, seja o servidor de todos”. Jesus não quer seus discípulos envolvidos com a mentalidade dos príncipes deste mundo. Eles são dominadores e querem somente o poder a qualquer custo. Essa mentalidade cria dependentes, escravos, pobreza, indignidade, subversão, inimizades, concorrências, fome, pestes e guerras. São eles que corrompem mentes e corações, estimulam o gosto pelo ter, poder e prazer, desestimulam o interesse pelo investimento pessoal, pela descoberta do bem maior, mas estimulam, por outro lado, tudo o que rebaixa, desfaz e conduz à morte das pessoas. Os discípulos devem seguir uma outra mentalidade, outro modo de vida, aquele que plenifica o ser humano, que lhe mostra e lhe permite viver sua dignidade.

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