A dignidade do discípulo está em ser discípulo. Jesus é o Mestre que não encontra comparação em nenhum outro na face da terra. Ele tem origem divina, tem consciência de uma missão divina, é consciente de ser o Filho de Deus, é portador do conhecimento absoluto-salvífico para a humanidade, é o Homem Novo, o Homem Perfeito, razão e modelo para todos, é o Caminho, a Verdade e a Vida. Além disso, é o Servo por excelência. Não se apegou a nenhum tipo de poder como dominação. Todo o seu ser foi colocado à disposição da vontade exclusiva do Pai. Sendo 100% servo, 100% homem e 100% Deus, Jesus jamais pode ser alcançado na sua condição de Mestre. Ser discípulo de Jesus é pode alcançar já aqui a mais bela da missões que alguém pode desempenhar. O discípulo é chamado a tornar-se aquilo que é o seu mestre: participante da natureza divina por ação do Espírito Santo, da filiação divina, da missão salvífica na condição de servo e do sofrimento em decorrência da missão.
2. O discípulo sabe que existe um mundo indiferente à Palavra de Deus, um mundo que procura apagar a luz, um mundo que não se conforma com a presença de autênticos cristãos. A esse mundo, o discípulo deve anunciar a Verdade, deve trazer a Luz verdadeira, os ensinamentos dados por Jesus "ao pé do ouvido". Tudo o que Jesus ensinou "às escondidas", "na escuridão", deve ser proclamado "sobre os telhados", do modo mais claro possível, da forma mais esclarecedora que alguém pode alcançar, não bastando somente as palavras, mas muito mais o testemunho de vida, a proclamação da verdade por meio de uma vida totalmente voltada para o Senhor, completamente apaixonada por Jesus Cristo e pela salvação de todos. Daí a necessidade de homens e mulheres totalmente desapegados e tudo e de todos, livres de qualquer interesse que não seja somente o de ficar com Jesus e ser seu instrumento salvífico, ser disponibilidade a toda prova, a fim de que a missão do Verbo feito carne continue na história.
3. A proclamação do Reino de Deus deve ser feita sem medo. Certamente, sozinhos, homens e mulheres serão incapazes de concretizá-la. Para isso, Jesus dá o Seu Espírito Santo, que impulsiona, esclarece, santifica, configura a Cristo e encoraja cada um e cada uma nesse ministério de tamanha responsabilidade. Com a Força de Deus, os discípulos certamente não temerão o mundo hostil, indiferente, representado pelos lobos. Aos discípulos Jesus esclarece que não devem se apegar a esse mundo, à materialidade, aos interesses dominantes, ao jogo da razão humana, à lógica que justifica somente a dominação e a escravidão, pois a figura desse mundo passa. Ao discípulo cabe confiar em Deus, em Sua providência, em Seu amor e no Seu poder salvífico. Cada um é importante diante do Senhor, muito mais do que qualquer outra coisa nesse mundo.
4. Também é verdade que existe uma conseqüência grave para quem não fizer de sua vida um dom, para quem não tiver coragem de aceitar o Dom de Deus, para aqueles que negarem a salvação gratuitamente oferecida pelo Senhor. A salvação exige duas coisas: a iniciativa de Deus e a resposta de cada um ao Seu chamado. De modo que, prescindir de Jesus, significa não ser acolhido no Reino dos Céus. Negar Jesus Cristo é o mesmo que rejeitar tanto o projeto salvífico do Pai quanto o próprio Pai; é rejeitar o objetivo para o qual todos foram criados: a comunhão com Deus. O dado escatológico é claro: "Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus".
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
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