CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 7 de setembro de 2024

Estamos vivendo uma época de muitos contrastes e desafios enormes. Muitos seguem o rítmo do pessimismo, achando que tudo está perdido, o mundo vai se acabar logo


 Estamos vivendo uma época de muitos contrastes e desafios enormes. Muitos seguem o rítmo do pessimismo, achando que tudo está perdido, o mundo vai se acabar logo, o sol vai deixar de brilhar, o mar vai engolir a terra, o calor secará tudo, as matas desaparecerão, os animais serão exterminados, entre tantas outras coisas. Vivemos como que a cultura do medo, uma realidade de pessoas que já não dobram mais seus joelhos com humildade para louvar, agradecer e invocar a presença do Senhor em suas vidas. O medo está conduzindo muitas pessoas ao desespero, a vender-se por qualquer ilusão, ao vício, ao desânimo. Em situação parecida, o profeta Isaías exortou: "Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar" (Is 35,4). De fato, o Senhor se fez Deus conosco em Jesus Cristo, e o que disse Is, concretizou-se por meio do Filho de Deus: "Então se abrirão os olhos dos cegos e se descrrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos, assim como brotarão águas no deserto e jrrarão torrentes no ermo. A terra árida se transformará em lago, e a região sedenta, em fontes d'água"(Is 35,5-7a). 



A promessa atingiu sua realização. Deus se fez presente na história. No momento oportuno, Ele nos assumiu, tornou-se um de nós entre os judeus, para, a partir da judeia, iluminar toda a humanidade. Além do território judeu, Jesus também passou pela área limítrofe da Galileia (Tiro, Sidônia, Decápole), território pagão, onde realiza o milagre na vida da filha da mulher pagã Siro-fenícia (7,24-30), que se satisfez somente com a migalha, com a sobra do pão dos filhos, uma tremenda demonstração de humildade e fé. Além desse, hoje também o milagre do surdo-mudo, mediante gestos que indicam mais um ritual batismal. A presença de Jesus nesse território, segundo a teologia de Mc, tem como objetivo levar aos pagãos a salvação, conceder-lhes a graças de serem também eles participantes da Nova e Eterna Aliança. Há, no texto de Mc, um sentido universal da FÉ. Jesus ao transitar por essa região deixou claro que não faz acepção de pessoas, não restringe sua graça aos judeus, não pensa como os líderes de Israel, mas deve tornar Deus conhecido e capaz de ser amado por toda parte. Toda a criação necessita do conhecimento daquele que a fez existir. Tal conhecimento deve atingir, especialmente, os mais limitados, mais necessitados, os mais desprezados pela lógica desumanizadora do mundo (cf. Tg 2,1-5), a fim de eles se abram a Deus e fechem todas as portas de suas existências aos inimigos da salvação.  


 


O modo como Jesus realiza o milagre no surdo-mudo não deve surpreender, pois não se trata do mais importante. Não deixa, portanto, de ser algo curioso, até porque não era nada visto em outros milagres realizados por Jesus. O gesto de Jesus não diz respeito à uma ação terapêutica ou mesmo uma ação mágica. Ele não é um benzedor judeu nem um mágico grego. Ele não brinca com as pessoas nem muito menos com o bem que está realizando para a salvação delas. Mc apresenta esse gesto como um sinal da abertura do homem à uma realidade nova. É um gesto simbólico de uma força tremenda. Aqui se revela o cumprimento das promessas de Is 35,5-6: "Então se abrirão os olhos dos cegos, os ouvidos dos surdos se desobstruirão, o coxo saltará como um cervo e língua dos mudos entoará cantos".


 


Jesus toca o ouvido do surdo, permitindo-lhe escutar a Palavra de Deus, dando-lhe a graça de poder aprofundar esse conhecimento da teologia, da ciência de Deus, de fugir das vozes do mundo e ser todo para Deus. Em seguida, com Sua saliva toca-lhe a língua, sinal de que a palavra que será proclamada por aquele homem não será sua, mas de Deus, é o Cristo mesmo, Palavra Eterna do Pai, a Palavra da Salvação. Agora aquele homem pode proclamar a Palavra que não é dele, mas de Deus, pode anunciar a Palavra que lhe foi dada.


 


A surdez e a mudez daquele homem indicam os surdos-mudos do mundo sem fé, daqueles que se fecham totalmente à graça de Deus, que não querem saber das coisas de Deus. Portanto, um mundo sem escuta da Palavra de Deus e, consequentemente, sem profetas, é um mundo sem fé, amor e esperança; um mundo egoísta, individualista e sem horizonte; um mundo da força, da opressão e da ilusão. O surdo-mudo, agora curado, simboliza os que se abriram e aqueles que se abrirão à fé e, por isso mesmo, ao batismo. Os gestos de Jesus indicam o momento batismal. Pela fé e pelo batismo nasce um novo homem, decidido à escuta de Deus e pronto para proclamá-LO. É missão da Igreja eliminar com a surdez e mudez do mundo o quanto antes. Urge essa missão libertadora na força do Espírito de Deus.


 


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