CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Aquilo que era promessa, em Jesus torna-se realidade. Is 61 manifesta o desejo de que a Boa Nova chegue aos pobres, que a libertação alcance os cativos, que a visão seja dada aos cegos, que os oprimidos possam ser livres, que a graça de Deus seja proclamada.

 


Aquilo que era promessa, em Jesus torna-se realidade. Is 61 manifesta o desejo de que a Boa Nova chegue aos pobres, que a libertação alcance os cativos, que a visão seja dada aos cegos, que os oprimidos possam ser livres, que a graça de Deus seja proclamada. Lc vê em Jesus Cristo Aquele pelo qual essas promessas puderam ser realizadas, o único capaz de libertar verdadeiramente o homem de suas misérias, cegueiras e escravidões; o único capaz de trazer a paz e proclamar o jubileu. Nos discursos e ações de Jesus, os pobres e os rejeitados têm vez, são valorizados, assentados nas principais cadeiras, respeitados, honrados e bem-aventurados.


 


2. Por que essa importância? Aqui não se trata de salvação simplesmente pelo fato de ser materialmente pobre e socialmente desprezado. A questão é bem mais complexa. Tem-se dois polos importantes: o primeiro diz respeito ao fato de esses pobres sofrerem as consequências da ganância dos poderosos tanto em campo político quanto no campo religioso de Israel. As lideranças eram corruptas. O segundo é que Jesus se apresenta consciente de sua missão, de sua identidade e da verdade que deve proclamar e o faz com amor total, doação total de Si, valorização de cada pessoa, respeito pela história de cada uma e consciente de que esses pobres são chamados ao conhecimento do Deus Verdadeiro através DELE, que é a revelação absoluta tanto de Deus quanto do próprio homem.


 


3. O grande desafio para quem se familiariza com alguém é conseguir depois enxergar nele o mistério de Deus. Esse é o grande risco do se tornar comum, misturar-se com o outro, ser um com o outro de tal modo que não se possa ver outra coisa senão um igual. Jesus Cristo assumiu-nos, fez-se um de nós, familiarizou-se conosco, participou de nossas limitações, solidarizou-se conosco em tudo, menos no pecado, que não é humano (pecar é dizer não a Deus e à sua obra, especialmente ao ser humano). Esse grau de familiaridade aumentou ainda mais com seus consanguíneos e concidadãos. Esses, certamente, tinham dificuldade em ver em Jesus o mistério de Deus. Daí a necessidade que tinham de milagres, de coisas extraordinárias, mirabolantes etc., coisas que, na verdade, deturpam a fé.


 


4. Ninguém deve crer à força de milagres e espetáculos. Os milagres são sinais e não razão de ser da fé. Então, duas coisas nesse texto indicam a rejeição a Jesus: o fato da encarnação e a busca por milagres. Quanto à encarnação, apenas viam em Jesus um simples homem incapaz de salvar a própria família, sem posição social digna, identificado simplesmente como “o filho de José”. Para isso, usavam a expressão “Médico, cura-te a ti mesmo”. Quanto à busca de milagres, era uma forma idolátrica daquele povo, que levaria Jesus a SE colocar como Ídolo, traidor de Sua verdadeira condição de obediência à vontade do Pai.


 


5. Faltou naquele povo a busca pela verdade, a vitória sobre a lógica do mundo e o reconhecimento da presença de Deus. O texto nos convida a enxergar que ali reside a necessidade de sermos amigos de Deus, mas sem esquecer que Ele é o Totalmente Outro, o Absoluto, o Senhor de todos as coisas, nosso Criador e Pai, Redentor e Santificador, razão de ser absoluta da nossa existência. Por mais íntimos que sejamos do Senhor, mais envolvidos nos Seus mistérios estaremos, por mais conhecimento que tenhamos DELE, mas torna-se maior a necessidade de conhecê-lo, por mais que tenhamos penetrado no Seu amor, mais e mais se abisma a necessidade de amá-lo e de ser amados. O caráter de mistério sempre existirá, pois Deus nos ultrapassa absolutamente.


 


6. Os projetos de Deus não se realizam de acordo com a nossa vontade, mas segundo os Seus desígnios. A lógica de Deus é outra, e Lc mostra isso com o exemplo da atuação de Elias e Eliseu a favor de pagãos necessitados da misericórdia de Deus. Eles correram atrás, procuraram e encontraram dentro de Israel, com os profetas de Israel, enquanto ao próprio povo de Deus não foi concedido nada. Deus não está circunscrito a um território, preso a alguma pessoa ou povo. Rejeitando Jesus, aquele povo está desprezando seu Salvador e, ao mesmo tempo, abrindo a porta da salvação para os pagãos, que reconhecerão a Deus por meio dos Seus profetas.


 


7. A reação contra Jesus lembra a reação contra os profetas no Antigo Testamento e indica não uma verdadeira fé, mas a crença num ídolo construído segundo os parâmetros da forma pecaminosa e dominadora do homem, que ainda não conseguiu dobrar-se ao Deus VERDADEIRO (por isso ficam furiosos ao escutarem a verdade proferida por Jesus). Enquanto o profeta fala em nome de Deus e, por isso mesmo, não pode mudar o seu discurso, o povo quer outra coisa, segue outra linguagem muitas vezes e se deixa conduzir pela lógica do mundo. Muitos estão tão apegados a si mesmos e ao mundo que não conseguem mais enxergar o dom de Deus. Jesus é O DOM DE DEUS para a salvação de todos, mas não está sendo bem recebido pelos seus familiares. Desde o Seu nascimento, já não foi bem recebido.

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