CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

segunda-feira, 12 de junho de 2017

JESUS NOS ENSINA A VIVER





1. Jesus vê as multidões, vê o povo de Deus, vê a humanidade necessitada de uma total transformação, de uma vida nova, de um novo rumo, de uma nova lógica, de um novo horizonte, do verdadeiro encontro com Deus. Na planície do mundo não é possível elevar o homem, pois indica a lógica do poder, da dominação, dos que mandam e pensam somente em si mesmos; daqueles que agem somente em nome da comida, bebida, saúde, sucesso, fama e prazer a qualquer custo. A isso chamam felicidade. É necessário subir a montanha de uma nova forma de vida de acordo com a vontade de Deus, uma vida aberta à ação do Espírito de Deus, guiada pelo poder do amor. A montanha é essa realidade da Palavra de Deus, da experiência com o Salvador; é o “monte Sinai” do Novo Testamento, lugar do projeto de Jesus Cristo para Seus discípulos, a constituição do Novo Povo de Deus.
2. As Bem-Aventuranças, trazidas por Mateus e Lucas, são “proclamações solenes universais”, são felicitações e congratulações aos que se colocarem na Estrada da salvação, são um convite à Sabedoria divina, à prática da Lei de Deus, à uma verdadeira vida de humildade, simplicidade, obediência e confiança no poder de Deus. Além disso, determinam a condição daqueles que desejam viver segundo Jesus Cristo, pois serão chamados à uma vida toda voltada para Deus e para o próximo, transparecendo uma existência no serviço por amor. As Bem-Aventuranças também são determinantes para um futuro de libertação. É por liberdade que todos gritam e lutam. Não se trata de qualquer liberdade, mas daquela dos filhos de Deus, daquela que vem da superação de si mesmo, da eliminação do pecado e da morte. Jesus é o portador da verdadeira libertação. Sua presença é sinal do Reino de Deus presente entre os homens, é intervenção de Deus a favor dos pobres, famintos e sofredores de modo geral. Em Lucas, há um olhar mais voltado para a realidade concreta dessas pessoas; em Mateus, há, além disso, uma preocupação espiritual dessa situação. Em suma, Jesus se interessa em ir a “águas mais profundas” das misérias humanas e espera uma resposta interior de todos que forem tocados por Ele. Aquele ou aquela que fizerem das Bem-Aventuranças seu projeto de vida não se tornarão mais fracos, como afirmava Nietzsche, pelo contrário, encontrarão a força legítima do combate e da vitória, porque não se trata de qualquer combate, mas da luta e da vitória sobre si mesmo.
3. “Bem-aventurados os pobres de coração, porque deles é o reino dos céus”. Aqueles que, por livre vontade, despojam-se de tudo o que possuem; aqueles que não acumulam nada para si; os que estão de mãos vazias diante de Deus e inclinados só para Ele; que não são autosuficientes, orgulhosos, mas que fazem de suas vidas um verdadeiro dom. São eles os “anawim” da Sagrada Escritura.
4. “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”. Todos aqueles que são afligidos pelas injustiças da sociedade e de toda forma de dominação interesseira; aqueles que são forçados a viver com a canga no pescoço, usados em seus direitos, manipulados para interesses vis, massa de manobra nas mãos de ditadores e tiranos de modo geral. A eles, Deus concederá a consolação no final, a justificação de suas vidas, uma vida jubilosa.
5. “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra”. São mansos todos aqueles que, apesar de sofrerem os desmandos dos dominantes ou mesmo de qualquer inimigo, não recorrem a violência, evitam o ódio e não querem a vingança, mas, pelo contrário, tolerando o que lhes faz sofrer, optam por uma vida de serviço, desarmados e decididos, à semelhança da ação de Jesus, colocando-se à disposição do bem maior até mesmo dos seus inimigos. Então, manso é todo aquele que duplamente se fortaleceu: pela luta interior de superação dos conflitos internos de desejos de vingança e pelo surgimento de uma decisão livre de contribuição na salvação do outro. Esses possuirão o Reino de Deus.
6. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque deles é o reino dos céus”. A justiça de Deus é a realização do Seu plano salvífico, portanto, ter fome e sede de justiça significa empenhar-se para salvar o irmão, a sociedade, o mundo inteiro; significa colocar em prática a vontade de Deus.
7. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcaçarão misericórdia”. Misericordioso é todo aquele que se empenha para ajudar os necessitados, que não teme “gastar” sua vida pelo bem do outro, que procura ser uma presença amiga onde existe a dor e tenta aliviar tal sofrimento; que tudo faz por causa do amor, da verdade e da verdadeira vida.
8. “Bem-aventurados os puros de coração, proque verão a Deus”. Aqueles que procuram viver segundo a vontade de Deus, que não colocam nada nem ninguém no lugar do Senhor, que não são dúbios na fé, que não pregam o que não desejam viver, que amam, mesmo carregando um madeiro, que não é idólatra nem adúltero no seu coração; quem não conduz sua alma para o mal e procura viver na sinceramente a verdade.
9. “Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus”. São todos aqueles que não cruzam os braços diante da violência do mundo, na própria sociedade, na sua comunidade ou até mesmo na sua família. Todos aqueles que se esforçam o máximo possível para evitar os conflitos, as guerras, a violência e toda sorte de desgraça para a vida humana. São aqueles que promovem, a todo custo, a vida humana segundo a vontade de Deus; que querem o bem para todos.
10. “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. Em Lucas há outros verbos, como odiar, rejeitar, insultar e difamar para expresser essa Bem-Aventurança, que coloca o discípulo na total obediência a Jesus, o Filho do Homem. São eles aqueles que têm conhecimento da tribulação advinda por causa da fidelidade a Jesus Cristo, ao amor, à verdade e à vida. Entendem que lutar sempre para o bem do outro não é somente um desafio interno, mas algo que incomoda a quem ganha às custas dos “inocentes”. São perseguidos, porque são verdadeiros, estão no caminho certo, desmascarando os que se escondem nas pelas de ovelhas para destruir a vida dos demais. Sabem do que aconteceu com o profetas que vieram antes deles, sabem do que aconteceu a Jesus, são conscientes da cruz que devem carregar pelo bem que fazem. Se no Antigo Testamento só eram considerados bem-aventurados se Deus intervisse, no Novo, o fato mesmo da perseguição já demonstra que são bem-aventurados, pois o motivo do sofrimento já os identifica com Cristo.
11. Em suma, quem realmente busca o Senhor? Sofonias responde, afirmando: “Buscai o Senhor, humildes da terra, que pondes em prática seus preceitos; praticai a justiça, procurai a humildade; achareis talvez um refúgio no dia da cólera do Senhor”. Esse texto inspirou também Mateus na construção do conjunto das Bem-Aventuranças. Os humildes, que buscam o Senhor, são aqueles que formam o RESTO DE ISRAEL. Eles terão a proteção de Deus. No contexto do Novo Testamento, Jesus olhou justamente para esse “resto”. O mundo observa os mais elevados financeira e intelectualmente, aqueles que têm um grau elevado de cultura. Jesus fez o inverso, escolheu o que o mundo desprezava, o resto, os incapacitados, aqueles sem “sabedoria humana” (1Cor 1,26), aqueles considerados pelo mundo como estúpidos (para confundir os sábios), fracos (para confundir os fortes), sem importância, desprezado e sem serventia (para mostrar a inutilidade do que é considerado importante), para mostrar Sua força, que se manifesta no amor transformador e libertador.
12. Nós fazemos parte dessas escolhas de Jesus. Não somos os melhores, os mais elevados, os expoentes do mundo. Somos o que Jesus quis que fôssemos e caminhamos para alcançarmos o que Deus tem preparado para nós.
Temos consciência disso?
Queremos, de fato, esse projeto?
Estamos dispostos a seguir Jesus Cristo?
Queremos viver a verdadeira liberdade dos filhos de Deus?
Temos coragem de renunciar nossos projetos para viver o Plano salvífico de Deus?
A primeira e a última sintetizam todas as bem-aventuranças, uma vez que as demais trazem aspectos explicativos dessas duas. O reino dos céus é a promessa básica para elas.
Pe. José Erinaldo

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