CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 1 de julho de 2017

O SENHOR NOS FAZ RESPIRAR


Mt 8,1-4
1. Um leproso. Certamente o artigo indefinido quer indicar não somente alguém que foi liberto de uma doença, mas todo aquele que necessita de libertação em toda sua realidade existencial. A lepra era uma doença terrível não só pela doença em si, mas também pelo que foi montado a partir dela: as pessoas portadoras dessa doença eram marginalizadas pela sociedade e, até mesmo, pelo contexto religioso (cf. Lv 13,1-2.44-46). Pelo fato de ser uma doença transmissível, o contato deveria ser evitado como uma questão de saúde pública. Além disso, havia um discurso religioso deturpado quanto a quem se encontrava com tal doença: aquele que estivesse com tal doença, manifestava, por isso mesmo, uma vida de pecado. Tal pessoa permanecia, portanto, sem contato físico, sem o carinho e atenção de familiares e amigos, e era abandonada no lugar próprio dos leprosos. Se ficasse boa, deveria ser apresentada ao sacerdote no Templo e, depois retornar à sociedade; caso contrário, morreria abandonada.
2. Entre si, os lemprosos formavam uma comunidade de rejeitados. Juntos, eram capazes de criar uma unidade, fruto do sofrimento comum vivido. Podiam ser judeus e estrangeiros, apesar das diferenças, mantinham-se unidos no mesmo objetivo e interesse de sobrevivência. Na dor, aprendiam o valor da unidade. O sofrimento era-lhes uma verdadeira escola. Hoje, mais do que nunca, o mundo necessita olhar para a cruz de Cristo e somar sua dor à do Mestre, a fim de possibilitar uma verdadeira transformação interior, na família, passando pela comunidade e, até mesmo, pela sociedade. Jesus se solidarizou com toda a humanidade, especialmente com todos os sofredores.
3. O leproso reconheceu algo mais em Jesus. Não viu somente o homem bom, mas alguém que possuía um poder extraordinário jamais visto, alguém que amava e fazia o bem sem temer nada nem ninguém, viu alguém capaz de fazer a diferença no mundo, viu o Filho de Deus. Por isso, seu primeiro gesto foi de humilhação total e reconhecimento do senhorio de Jesus sobre ele. Colocando-se de joelho, confirmou sua fé em Jesus: "Se queres tens o poder de curar-me", demonstrando que o poder libertador vem somente de Jesus. Seu olhar foi tão forte na direção do Salvador, que ele nem se lembrava da norma de não se aproximar de ninguém. Isso significa que somente Jesus Cristo é a norma absoluta para o cristão e para o mundo.
4. Jesus teve compaixão daquele homem, humilhado pela doença e pelos seus irmãos, uma clara demonstração de insatisfação com o código de pureza desumano, o qual, em nome de Deus, marginalizava e, indiretamente, matava as pessoas. Não temeu se misturar com aquele pecador nem carregar sua impureza sobre si, pois seu desejo é libertador. Tocou aquele leproso, quebrando, assim, mais uma vez, tal código desumano. A ação de Jesus, nesse caso, revelou seu querer para com toda a humanidade. Na verdade, Ele veio ao mundo para salvar o homem pecador, carregando sobre si as impurezas de um mundo decaído pelo pecado, mas capaz de ser transformado pelo Seu Poder. Não tinha pecado, mas assumiu os de todos os seres humanos e os venceu pela cruz e ressurreição. Sem ferir as determinações humanas, ordenou ao homem que fosse apresentar-se ao sacerdote, mas que não dissesse nada a ninguém sobre o ocorrido. No texto de Mc 1,40-45 há duas citações diferentes: uma que faz referência à “ira” e outra ao fato de Jesus “ordenar severeamente”. Na verdade, a atitude de mandar logo embora aquele que foi curado revelou Sua ira contra tal código falido, inimigo da dignidade humana.
5. Aquele homem foi desobediente! Assim que saiu de perto de Jesus, proclamou as maravilhas nele operadas. Consequentemente, Jesus foi condenado pelo código de pureza pelo fato de ter tocado um impuro e, por isso, já não podia entrar mais numa cidade. Mas o povo sai ao Seu encontro, pois NELE encontrou a verdadeira libertação vinda de Deus.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo

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