Preparar discípulos e enviá-los em missão é sinal do interesse salvífico-universal de Jesus, que quis formar aqueles que deveriam continuar sua missão no mundo, uma vez tornados participantes desse projeto. Foi da vontade do Senhor servir-se da mediação humana desde quando optou pela encarnação. Cada discípulo é convidado a ser solidário a Cristo na missão e nas conseqüências dela.
2. O discípulo é escolhido, preparado e enviado por iniciativa de Jesus Cristo para realizar a mesma missão, com o mesmo poder, na mesma condição de servo e com a mesma finalidade. A dignidade do discípulo está em ser para sempre discípulo, totalmente livre e disponível para a missão evangelizadora e para viver uma profunda intimidade com o Mestre. Quanto mais intimidade, mais profundidade.
3. O discípulo não deve ter outra riqueza que não Cristo. Seu tesouro é o próprio Senhor, sua missão e ensinamentos. A Palavra de Deus e a comunhão com Ele devem preencher toda a vida do discípulo e estimulá-lo, afervorando-o no ministério evangelizador. Quanto mais desapegado for o ser humano, mais condições de ser discípulo ele terá. A disponibilidade exige desapego e entrega total de si à missão de Cristo.
4. O gesto das sandálias indica a seriedade da missão. É chegado o tempo da decisão. Optar pelo Reino de Deus em Jesus Cristo é extremamente necessário para a salvação. Por Ele se dá a Nova e Eterna Aliança. Ele é aquele para o qual tendem todo o Antigo Testamente e toda a humanidade. Sem Cristo é impossível a salvação para a criação. Negar Jesus Cristo é o mesmo que negar todo o projeto salvífico de Deus. Em outras palavras: é negar Deus mesmo. Sacudir a poeira das sandálias, para além do gesto de não contaminação pagã, é o testemunho da consciência que se tem da verdade do que se prega contra aqueles que não conseguem enxergar a Luz que brilha no mundo para todos.
5. Hoje, mais do que nunca, o mundo carece de homens e mulheres apaixonados por Cristo e sua Igreja, a fim de realizarem um verdadeiro discipulado. Para isso, o conhecimento da Palavra e a disponibilidade são imprescindíveis. Assim fez Amós, homem do campo, pastor de gado, mas, por vontade de Deus, colocou-se à disposição do Senhor, para realizar uma nova missão: ser profeta (cf. Am 7,12-15). Segundo São Paulo, a missão deve ser realizada em santidade, irrepreensibilidade e caridade, sempre na presença do Senhor (cf. Ef 1,4). Como filhos, através do Filho de Deus, co-herdeiros com Ele, santificados e guiados pelo Espírito do Ressuscitado, resta-nos aceitar a vontade de Deus naquilo que Ele deseja, a fim de que Seu projeto de salvação se realize.
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo
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