A sonda americana Cassini iniciou os procedimentos para seu aguardado
"rasante" da superfície de Enceladus, uma lua de Saturno que vem
intrigando os cientistas.
A partir de 15h de Brasília nesta quarta-feira (28), a nave iniciará um
voo de reconhecimento, a apenas 5 mil metros de altura, para tentar
"provar" a atmosfera de Enceladus. Mais especificamente a química dos
jatos d'água que a lua emite a partir de seu polo sul.
publicidade
Nos últimos anos, Enceladus revelou uma série de segredos que, para
cientistas, fazem do satélite natural de Saturno um dos mais promissores
locais para se encontrar algum tipo de vida extraterrestre.
"Condições Benignas"
Cientistas dizem que a lua tem um imenso oceano escondido debaixo de
uma camada de gelo, cujas condições seriam "benignas" o suficiente para a
sobrevivência de micróbios.
"Enceladus não é apenas um mundo d'água. É um mundo que pode
proporcionar um meio ambiente habitável para a vida como conhecemos",
afirma Curt Niebur, um dos cientistas.
"Vamos ter a chance de mergulhar mais profundamente nos jatos vindos do
polo sul. E poderemos coletar a melhor amostra já obtida de um oceano
extraterrestre".
Uma das principais missões da Cassini será tentar detectar moléculas de
hidrogênio. Isso seria um sinal da existência de respiradouros quentes
no fundo do oceano gelado. Isso seria outro fator que poderia contribuir
para a existência de vida.
Tais respiradouros existem na Terra e fornecem energia e nutrientes
para ecossistemas marinhos de alta profundidade. Nesses sistemas, a água
é puxada para o leito rochoso, aquecida e saturada com minerais antes
de ser expelida.
Bactérias prosperam nesse ambiente, criando uma cadeia alimentar que suporta organismos mais complexos.
Mas se isso está acontecendo em Enceladus, no momento, é apenas especulação.
"A quantidade de hidrogênio emitido vai revelar quanta atividade
hidrotérmica está realmente acontecendo no leito do oceano e quanta
energia está sendo gerada", explica Linda Spilker, do Laboratório de
Propulsão a Jato da Nasa, a agência espacial americana.
O resultado das análises, porém, só deverá ser conhecido em dias ou semanas.
"Teremos uma primeira chance de analisar os dados sobre gases e
partículas em até uma semana após o 'rasante'. Nas semanas seguintes,
faremos uma análise mais detalhada para nos ajudar a entender o que está
acontecendo em Enceladus", completa Spilker.
A Cassini está entrando nos estágios finais de sua missão a Saturno e
suas luas, que teve início com um voo orbital ao redor do planeta dos
anéis, em julho de 2004. Desde então, a sonda fez visitas repetidas aos
principais dos 62 satélites do planeta para estudar sua composição e
seus ambientes.
O "rasante" sobre Enceladus será o mais próximo que a Cassini chegará
da superfície da lua. Todas as aproximações seguintes serão a distâncias
bem maiores. Sendo assim, o encontro dessa quarta-feira oferece a
última oportunidade real de mapear com mais detalhes os jatos gelados do
polo sul.
Análises anteriores já identificaram a presença de sais e compostos
orgânicos. Indicadores da existência de respiradouros seriam as
partículas de sílica e metano.
No ano que vem, a Cassini iniciará uma série de manobras que a
colocarão em órbitas que atravessarão e sobrevoarão os anéis de Saturno.
E, em 2017, quando o combustível da sonda se esgotar, seus
controladores darão um comando para que ela mergulhe na atmosfera do
planeta, onde será destruída".
BBC BRASIL / TERRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário
EXPRESSE O SEU PENSAMENTO AQUI.