Mc 8,14-21
1. Os discípulos também sofrem da mesma cegueira dos fariseus e herodianos. Mesmo tendo visto os sinais, ainda continuam endurecidos nos seus conceitos, demonstrando uma tremenda dificuldade de compreensão diante da novidade de Jesus Cristo. Na verdade, o pecado tornou a mente humana muito inclinada para baixo, de modo a não permitir-lhe uma rápida abertura às coisas do alto. Apesar de o desejo de Deus ser inato no ser humano, entregar-se a ele é um verdadeiro desafio, pois os interesses instintivos são os mais próximos, os mais "saborosos", os aparentemente humanos. Os fariseus não queriam perder o poder religioso; os herodianos, por sua vez, não queriam perder o domínio político. E assim, cada um, lutava pelos seus interesses mundanos.
2. Seguir no comando é o sonho de todo insubordinado, de quem pensa ser insubstituível, único capaz de tal função ou missão. Nesse tipo de gente, não há espaço para Deus, para a misericórdia e para o reconhecimento das próprias limitações. Por isso, não somente não segue a Deus, como também não serve ao povo, mas usa tanto de Deus quanto do povo para se manter no poder. Então, qualquer sinal do céu pode lembrar ilusão, talvez mais uma forma de se querer também assumir o poder. Em tal situação aquilo que se concebe como racional é o que será mais apetitoso, mais confiável. A fé não encontra em tal espaço seu lugar decisivo. Quem reina é a hipocrisia, o jogo sujo, a criatividade para se lucrar a qualquer custo.
3. Os discípulos de Jesus são convidados a não se assemelharem a essas pessoas, a não usarem do mesmo fermento hipócrita, a não seguirem os ditames exclusivos da razão, mas orientarem sua existência pela fé. São convidados a quebrar toda e qualquer barreira que os impede de ver o verdadeiro Messias Servo, o Filho de Deus ali presente, o único libertador; são convidados a se entregarem totalmente ao projeto de Deus, a serem autênticas testemunhas da salvação, a se identificarem exclusivamente com Cristo.
4. O passo decisivo dos discípulos será dado depois da Ressurreição de Jesus. Até o dia da ressurreição do Mestre, os discípulos estarão debaixo do poder da ignorância, da dúvida, da escuridão fiducial e no medo vergonhoso por seguirem um "engano" talvez e não o verdadeiro messias. Talvez um grande homem, mas não necessariamente o messias prometido. Tudo isso só será resolvido com a Ressurreição.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
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