CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Naquele tempo, 1 Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. 2 Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava

 



Naquele tempo, 1 Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. 2 Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3 Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com seus discípulos. 4 Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.

5 Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” 6 Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”.

8 Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9 “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?” 10 Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens.

11 Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12 Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!”

13 Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14 Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. 15 Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.

— Palavra da Salvação.


Reflexão


Jesus passou para o outro lado do Mar da Galileia ou de Tiberíades. O termo “mar” era dado por Israel a toda grande quantidade de águas. Pois bem, Jesus atravessou, por muitas vezes, esse grande lago ou “mar”, a fim de anunciar o Reino também do outro lado e testar, talvez, segundo Teofilacto, a vontade do povo e tornar os homens de cada cidade mais ávidos e solícitos na fé (Catena Aurea, Evangelho de São João, 208). Já a multidão que o seguia estava realmente ávida, mas de milagres; ela sabia que Jesus havida curado cegos, coxos, aleijados, expulsado demônios, entre outras coisas importantes. Então, ele poderia fazer também ali alguns desses milagres. São João Crisóstomo diz que a busca por milagres indica o quanto grosseiras eram suas almas. Os mais sábios, por sua vez, inclinavam-se para a doutrina (Ut supra in Catena Aurea, 206). De fato, Jesus subiu o monte e sentou-se com seus discípulos para os ensinar.

 

Dentre tantos ensinamentos, alguns deles se referiam à multidão faminta e ao modo como seus discípulos encarariam essa realidade. Jesus coloca-os à prova, testa-os em pleno ensinamento. Esse evento é também tratado pelos evangelistas sinóticos. Certamente um evento muito importante para os apóstolos e discípulos e para toda a comunidade eclesial. Nesse capítulo, Jo cita, além dessa multiplicação, também a caminhada de Jesus sobre as águas e o encerra com o discurso sobre o pão do céu e a crise em muitos discípulos.  Nessa multiplicação dos pães, alguns temas são abordados, como a ida ao um lugar abandonado, presença de uma multidão, a páscoa dos judeus, a incompreensão do povo diante do sinal operado por Jesus, a atuação dos discípulos e a iniciativa do Mestre na ação e realização do milagre.

 

Pois bem, Jesus vê a multidão vindo a Ele. Não é qualquer multidão, mas um povo faminto tanto do alimento natural quanto do espiritual; uma multidão de sofredores e de incrédulos ao mesmo tempo. Nos sinóticos, Jesus vê e tem compaixão, aqui, Jo cita somente a iniciativa de Jesus e a certeza do que deveria fazer. Já nos sinóticos, são os discípulos que tomam a iniciativa. O acento joanino, por sua vez, é tremendamente cristológico tanto na iniciativa da ação quanto no modo de entender o que se passava com aquele povo. Em Jo são os discípulos que preparam a multidão, mas é Jesus quem lhe dá de comer. Os discípulos preparam, e Jesus concede a graça do alimento salvífico. Um dado importante é o fato de a multidão está VINDO A JESUS. Esse "vir a Jesus" indica também, na atualidade, o povo que procura incansavelmente a casa de Deus, na tentativa de ser saciado de suas necessidades e que devem encontrar os discípulos de Jesus dispostos a conceder-lhe o alimento essencial. O povo continua "vindo a Jesus". A questão é saber se os discípulos atualmente estão realmente com Ele e para Ele, dispostos ao serviço incansável pela salvação dessas almas sofredoras.

 

Jo traz para esse texto duas coisas importantes: uma referência à páscoa judaica e uma referência à ceia. De fato, o modo como é narrada, lembra a celebração eucarística, que já era celebrada antes do escrito joanino. Aquilo que já era vivido pela comunidade cristã é citado no texto. A liturgia precede o escrito do Novo Testamento. Quando é citado, por exemplo, o cuidado com as sobras dos pães, lembra muito o cuidado devido às sobras das partículas eucarísticas. O número 12 lembra a totalidade, a plenitude e universalidade. Nesse sentido, os 12 cestos restantes indicam que esse alimento é para todos.

 

O povo não entendeu o sinal. Ninguém duvida da ação de Jesus, mas não alcança seu verdadeiro sentido. Esse é o grande problema. Ao vivenciar esse evento, o povo imediatamente ligou Jesus à ideia messiânica de Israel, mas não da forma como Jesus entendia. O povo quis Jesus rei de Israel, um político poderoso, o libertador daquela gente. A esperança política de libertação eclipsou a verdadeira busca pela libertação interior da humanidade. Querer Jesus como libertador político é o mesmo que optar pela continuidade do homem velho, racional, filho das ilusões mundanas. Jesus deseja que cada um, sem medo, O procure como o Libertador, Aquele que livra do pecado, que oferece vida nova, mesmo na dor, no sofrimento cotidiano; Aquele que oferece a verdadeira vida: a vida eterna; Aquele que liberta socialmente, mas como consequência de uma vida convertida, mudada segundo sua graça e seu amor; Aquele que exige, antes de tudo, que o homem se volte primeiro para Deus e, por causa de Deus, para o bem maior do outro seu irmão.

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