"António de Lisboa, embora muito festejado e venerado como santo pelo
povo, é menos conhecido como um homem de cultura literária invulgar e
como um verdadeiro intelectual da Idade Média. Reveladora dessa cultura
ímpar, é a sua obra escrita, cheia de beleza e densidade de pensamento,
como nos testemunham os seus Sermões, autênticos tesouros da
Literatura e da História. Vasta, profunda, extraordinária, a respeito da
Sagrada Escritura. Ampla, variada e bem apropriada nas transcrições dos
Padres da Igreja e dos Autores Clássicos. Impressionante, para o tempo,
não apenas pelo conhecimento que revela das ciências naturais e das
humanidades, mas igualmente pelo erudito discurso sobre noções
jurídicas, como Poder, Direito e Justiça".19
Naturalmente, era fiel à ortodoxia cristã. Apesar de sua extensa cultura
profana, considerava a Escritura sagrada a fonte da ciência superior,
da verdadeira ciência, da qual todas as outras eram meras servas e
simples coadjutoras no trabalho da Salvação. Por isso deu grande importância a uma boa exegese do texto sagrado, privilegiando a extração do seu sentido moral.
Nota-se ainda em sua obra alguns dos primeiros sinais de um progressivo
abandono do pensamento medieval, que apresentava o homem e o mundo como
desprezíveis e fontes do pecado, abrindo-se a uma apreciação mais
positiva da vida concreta e do relacionamento humano, entendendo o ser
humano como uma maravilhosa obra divina.20 Na análise de Pedro Calafate,
"Santo António não olvidará a excelência da contemplação, mas sublinhará
não obstante a circunstância terrena do homem como corpo e alma, sem
deixar de considerar que a abertura à exterioridade não transforma o
amor aos outros e às criaturas no apego à posse das coisas, estando
neste caso o culto da pobreza, nomeadamente as críticas severas que
dirigiu aos prelados e dignatários eclesiásticos, por se comprazerem nos
luxos do século. Tratando-se de uma espiritualidade que não olvidou a
dimensão prática e vivencial, equacionou também a relação entre a ação e
a contemplação no quadro da mística. Filha da vontade e do amor, numaalienatio mentis que
supera o plano estritamente racional para que a alma, inteiramente
conduzida pela graça, contemple Deus como em espelho ou em enigma, a
mística tampouco representará uma renúncia à vida ativa, nem às
exigências da vertente racional do homem, porque a alma volta e regressa
à vida ativa para a realizar com maior perfeição, numa confluência
entre o entender e o contemplar, o saber e a sabedoria".20
Contudo, é de dizer que na forma como chegaram, os ditos sermões são
antes um manual didático para os noviços do que transcrições de sermões
verdadeiramente proferidos. Foram produzidos para seus alunos, para
instruí-los na arte predicatória, a fim de que depois eles pudessem
converter com sucesso os pecadores e infiéis à fé cristã. Apesar disso,
eles possuem em seu conjunto pouca ordem sistemática.21
Os sermões são ainda um precioso documento de época, muitas vezes
fazendo alusões às transformações sociais e económicas que ocorriam
durante aquele período, atestando o crescimento das cidades, o
florescimento das atividades artesanais e do comércio, o surgimento das
corporações de ofícios, as diferenças de classes. Além dos conteúdos
sacros, que ainda preservam seu caráter inspirador, tais alusões - onde
surge aguda crítica social na condenação da avareza, da usura, da
inveja, do egoísmo, da falta de ética na administração pública, dos
falsos moralistas e hipócritas, dos maus pastores de almas, do orgulho
dos eruditos, dos ricos ensimesmados em sua opulência que oprimem e
excluem os pobres do tecido social - são responsáveis pelo valor perene e
atual de seus escritos, sendo passíveis de imediata identificação com
muitas circunstâncias e contradições da vida
contemporânea.FONTE:WIKIPÉDIA
- Certa feita, meditando à beira-mar sobre a frequente aparição da imagem do peixe nas Escrituras, os peixes teriam se reunido a seus pés para escutá-lo.
- Teria restaurado um campo de trigo maduro para colheita que fora estropiado por uma multidão que o seguia; teria protegido milagrosamente seus ouvintes da chuva que caía durante um sermão, e uma mulher impedida pelo marido de ir ouvi-lo pôde escutar suas palavras a quilómetros de distância.
- Quando em disputa com um herege albigense sobre a presença ou não do Deus vivo nahóstia consagrada, o herege, chamado Bonvillo, disse que se uma mula, tendo passado três dias sem comer, honrasse uma hóstia em detrimento de uma ração de aveia, ele acreditaria no santo. Segundo a história, assim que a mula foi liberta de seu cercado, faminta, desviou-se da ração e ajoelhou-se diante da hóstia que António lhe mostrava.
- Restaurou o pé amputado de um jovem.
- Soprou na boca de um noviço para expulsar as tentações que sofria, confirmando-o em sua vocação.
- Quando alguns hereges colocaram veneno em sua comida para verificar sua santidade, o santo fez o sinal da cruz sobre o alimento, comeu-o e nada sofreu, para o vexame dos seus tentadores.
- Outro milagre famoso trata-se da aparição do Menino Jesus ao santo durante uma de suas orações, uma cena multiplicada abundantemente em sua iconografia.
Também é bastante citado um milagre ocorrido durante sua pregação num consistório diante
do papa, inúmeros cardeais e clérigos, e gentes de várias nações,
quando, discorrendo com sutilíssimo discernimento sobre intrincadas
questões teológicas, cada um dos presentes teria ouvido a pregação na
sua própria língua materna.23 Na ocasião, diante de tão assombroso fenómeno, que parecia uma reedição do Pentecostes bíblico, o papa o teria chamado de "a arca do Testamento, o arsenal da Sagrada Escritura".24
A sua representação iconográfica de longe mais frequente é a de um jovem
tonsurado envergando o hábito dos frades franciscanos, segurando o Menino Jesus sobre
um livro ou entre os braços, a quem contempla com expressão terna, e
tendo uma cruz, ou um ramo de açucenas, na outra mão. Esses atributos
podem ser substituídos por um saco de pão, que distribui entre pobres ou
idosos.25
FONTE:WIKIPÉDIA QUER SABER MAIS:http://www.cademeusanto.com.br/santo_antonio_de_padua.htm
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