Mesmo que me aperte
Essa sensação sem nome
Ou que me faça engolir a seco
A minha sede é de Angela
Angela, Angela
Quantas vezes eu me quis negar
Mas o meu rio só corria em direção ao mar
Em direção ao mar de Angela
Angela, Angela
Rouba do meu leite agora
O gosto da minha vitória
Do meu amor, do meu amor por mim
Eu que me achava o rei do fogo e dos trovões
Eu assisti meu trono desabar, sedendo as tentações
As tentações de Angela
Angela, Angela
Minha espada erguida para guerra
Com toda fúria que ela encerra, no entanto
No entanto é tão doce, tão doce pra Angela
Angela, Angela
Você tão calada e eu com medo de falar
Já não sei se é hora de partir ou de chegar
Onde eu passo agora não consigo te encontrar
Ou você já esteve aqui ou nunca vai estar
Tudo já passou, o trem passou, o barco vai
Isso é tão estranho que eu nem sei como explicar
Diga, meu amor, pois eu preciso escolher
Apagar as luzes, ficar perto de você
Ou aproveitar a solidão do amanhecer
Pra ver tudo aquilo que eu tenho que saber
Mas é que se agora pra fazer sucesso
Pra vender disco de protesto
Todo mundo tem que reclamar
Eu vou tirar meu pé da estrada
E vou entrar também nessa jogada
E vamos ver agora quem é que vai guentar
Porque eu fui o primeiro
E já passou tanto janeiro
Mas se todos gostam, eu vou voltar
Tô trancado aqui no quarto
De pijama porque tem visita estranha na sala
Aí eu pego e passo a vista no jornal
Um piloto rouba um mig
Gelo em Marte, diz a viking
Mas, no entanto, não há galinha em meu quintal
Compro móveis estofados
Me aposento com saúde
Pela assistência social
Dois problemas se misturam
A verdade do universo
A prestação que vai vencer
Entro com a garrafa de bebida enrustida
Porque minha mulher
Não pode ver
Ligo o rádio e ouço um chato
Que me grita nos ouvidos
Pare o mundo, que eu quero descer
Olhos os livros na minha estante
Que nada dizem de importante
Servem só pra quem não sabe ler
E a empregada me bate à porta
Me explicando que tá toda torta
E que já não sabe o que vai dá pra mim comer
Falam em nuvens passageiras
Mandam ver qualquer besteira
E eu não tenho nada pra escolher
Apesar dessa voz chata e renitente
Eu não tô aqui pra me queixar
E nem sou apenas o cantor
Que eu já passei por Elvis Presley
Imitei mr. Bob Dylan, you know
Eu já cansei de ver o sol se pôr
Agora eu sou apenas
Um latino-americano
Que não tem cheiro nem sabor
E as perguntas continuam
Sempre as mesmas
Quem eu sou? Da onde venho? E aonde vou dá?
E todo mundo explica tudo
Como a luz acende
Como um avião pode voar
Ao meu lado, um dicionário
Cheio de palavras
Que eu sei que nunca vou usar
Mas agora eu também resolvi dar uma queixadinha
Porque eu sou um rapaz latino-americano
Que também sabe se lamentar
E sendo nuvem passageira
Não me leva nem à beira disso tudo
Que eu quero chegar
E fim de papo!
Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor
Vai se gastar
Se eu te amo e tu me amas
Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais
Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num altar
Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais
Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar
Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais
Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar
Tu és o grande amor da minha vida
Pois você é minha querida
E por você eu sinto calor
Aquele seu chaveiro escrito love
Ainda hoje me comove
Me causando imensa dor, dor!
Eu me lembro
Do dia em que você entrou num bode
Quebrou minha vitrola e minha coleção
De Pink Floyd
Eu sei que eu não vou ficar aqui sozinho
Pois eu sei que existe um careta
Um careta em meu caminho, ah
Nada me interessa nesse instante
Nem o Flávio Cavalcanti
Que ao teu lado eu curtia na TV, na TV
Nessa sala hoje eu peço arrego
Não tenho paz, nem tenho sossego
Hoje eu vivo somente a sofrer! A sofrer!
E até! Até o filme que eu vejo em cartaz
Conta nossa história e por isso
E por isso eu sofro muito mais
Eu sei que dia a dia aumenta o meu desejo
E não tem Pepsi-Cola que sacie
A delícia dos teus beijos, ah
Quando eu me declarava você ria
E no auge da minha agonia
Eu citava Shakespeare
Não posso sentir cheiro de lasanha
Me lembro logo das casas da banha
Onde íamos nos divertir, divertir!
Mas hoje o meu Sansui Garrard Gradiente
Só toca mesmo embalo quente
Pra lembrar do teu calor
Então eu vou ter com a moçada lá do Pier
Mas pra eles é careta se alguém
Se alguém fala de amor, ah!
Na Faculdade de Agronomia
Numa aula de energia
Bem em frente ao professor
Eu tive um chilique desgraçado
Eu vi você surgindo ao meu lado
No caderno do colega Nestor, Nestor!
É por isso, é por isso que de agora em diante
Pelos 5 mil auto-falantes
Eu vou mandar berrar o dia inteiro que você é
O meu Máximo Denominador Comum!
Hoje é domingo
Missa e praia
Céu de anil
Tem sangue no jornal
Bandeiras na Avenida Zil
Lá por detrás da triste
Linda zona sul
Vai tudo muito bem
Formigas que trafegam
Sem porque
E da janela
Desses quartos de pensão
Eu como vetor
Tranquilo eu tento
Uma transmutação
Oh! Oh! Seu moço!
Do Disco Voador
Me leve com você
Pra onde você for
Oh! Oh! Seu moço!
Mas não me deixe aqui
Enquanto eu sei que tem
Tanta estrela por aí
Andei rezando para
Totens e Jesus
Jamais olhei pro céu
Meu Disco Voador além
Já fui macaco
Em domingos glaciais
Atlantas colossais
Que eu não soube
Como utilizar
E nas mensagens
Que nos chegam sem parar
Ninguém, ninguém pode notar
Estão muito ocupados
Pra pensar
Oh! Oh! Seu Moço!
Do Disco Voador
Me leve com você
Pra onde você for
Oh! Oh! Seu moço!
Mas não me deixe aqui
Enquanto eu sei que tem
Tanta estrela por aí
Enquanto eu sei que tem
Tanta estrela por aí!
Enquanto eu sei que tem
Tanta estrela por aí!
Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem
Ói, ói o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho éon
Ói, já é vem, fumegando, apitando
Chamando os que sabem do trem
Ói, é o trem, não precisa passagem
Nem mesmo bagagem no trem
Quem vai chorar?
Quem vai sorrir?
Quem vai ficar?
Quem vai partir?
Pois o trem está chegando, tá chegando na estação
É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão
Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar
Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas
Dos anjos e dos guardiões
Ói, lá vem Deus
Deslizando no céu entre brumas de mil megatons
Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços
Com o bem num romance astral
Amém
É pena que você pense
Que eu sou seu escravo
Dizendo que eu sou seu marido
E não posso partir
Como as pedras imóveis na praia
Eu fico ao teu lado sem saber
Dos amores que a vida me trouxe
E eu não pude viver
Eu perdi o meu medo
O meu medo, o meu medo da chuva
Pois a chuva voltando
Pra terra traz coisas do ar
Aprendi o segredo, o segredo
O segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar
Eu não posso entender
Tanta gente aceitando a mentira
De que os sonhos desfazem aquilo
Que o padre falou
Porque quando eu jurei meu amor
Eu traí a mim mesmo, hoje eu sei
Que ninguém nesse mundo
É feliz tendo amado uma vez
Uma vez
Eu perdi o meu medo
O meu medo, o meu medo da chuva
Pois a chuva voltando
Pra terra traz coisas do ar
Aprendi o segredo, o segredo
O segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar
Vendo as pedras que sonham sozinhas
No mesmo lugar
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