Abimeleque, filho de Jerubaal, foi-se a Siquém, aos irmãos de sua mãe, e falou-lhes e a toda a geração da casa do pai de sua mãe, dizendo:
2 Falai,
peço-vos, aos ouvidos de todos os cidadãos de Siquém: Que vos parece
melhor: que setenta homens, todos os filhos de Jerubaal, dominem sobre
vós ou que apenas um domine sobre vós? Lembrai-vos também de que sou
osso vosso e carne vossa.
3
Então, os irmãos de sua mãe falaram a todos os cidadãos de Siquém todas
aquelas palavras; e o coração deles se inclinou a seguir Abimeleque,
porque disseram: É nosso irmão.
4
E deram-lhe setenta peças de prata, da casa de Baal-Berite, com as
quais alugou Abimeleque uns homens levianos e atrevidos, que o seguiram.
5
Foi à casa de seu pai, a Ofra, e matou seus irmãos, os filhos de
Jerubaal, setenta homens, sobre uma pedra. Porém Jotão, filho menor de
Jerubaal, ficou, porque se escondera.
6
Então, se ajuntaram todos os cidadãos de Siquém e toda Bete-Milo; e
foram e proclamaram Abimeleque rei, junto ao carvalho memorial que está
perto de Siquém.
7
Avisado disto, Jotão foi, e se pôs no cimo do monte Gerizim, e em alta
voz clamou, e disse-lhes: Ouvi-me, cidadãos de Siquém, e Deus vos ouvirá
a vós outros.
8 Foram, certa vez, as árvores ungir para si um rei e disseram à oliveira: Reina sobre nós.
9 Porém a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu o meu óleo, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?
10 Então, disseram as árvores à figueira: Vem tu e reina sobre nós.
11 Porém a figueira lhes respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto e iria pairar sobre as árvores?
12 Então, disseram as árvores à videira: Vem tu e reina sobre nós.
13 Porém a videira lhes respondeu: Deixaria eu o meu vinho, que agrada a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores?
14 Então, todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu e reina sobre nós.
15
Respondeu o espinheiro às árvores: Se, deveras, me ungis rei sobre vós,
vinde e refugiai-vos debaixo de minha sombra; mas, se não, saia do
espinheiro fogo que consuma os cedros do Líbano.
16
Agora, pois, se, deveras e sinceramente, procedestes, proclamando rei
Abimeleque, e se bem vos portastes para com Jerubaal e para com a sua
casa, e se com ele agistes segundo o merecimento dos seus feitos
17 (porque meu pai pelejou por vós e, arriscando a vida, vos livrou das mãos dos midianitas;
18
porém vós, hoje, vos levantastes contra a casa de meu pai e matastes
seus filhos, setenta homens, sobre uma pedra; e a Abimeleque, filho de
sua serva, fizestes reinar sobre os cidadãos de Siquém, porque é vosso
irmão),
19 se,
deveras e sinceramente, procedestes, hoje, com Jerubaal e com a sua
casa, alegrai-vos com Abimeleque, e também ele se alegre convosco.
20
Mas, se não, saia fogo de Abimeleque e consuma os cidadãos de Siquém e
Bete-Milo; e saia fogo dos cidadãos de Siquém e de Bete-Milo, que
consuma a Abimeleque.
21 Fugiu logo Jotão, e foi-se para Beer, e ali habitou por temer seu irmão Abimeleque.
22 Havendo, pois, Abimeleque dominado três anos sobre Israel,
23
suscitou Deus um espírito de aversão entre Abimeleque e os cidadãos de
Siquém; e estes se houveram aleivosamente contra Abimeleque,
24
para que a vingança da violência praticada contra os setenta filhos de
Jerubaal viesse, e o seu sangue caísse sobre Abimeleque, seu irmão, que
os matara, e sobre os cidadãos de Siquém, que contribuíram para que ele
matasse seus próprios irmãos.
25
Os cidadãos de Siquém puseram contra ele homens de emboscada sobre os
cimos dos montes; e todo aquele que passava pelo caminho junto a eles,
eles o assaltavam; e isto se contou a Abimeleque.
26 Veio também Gaal, filho de Ebede, com seus irmãos, e se estabeleceram em Siquém; e os cidadãos de Siquém confiaram nele,
27
e saíram ao campo, e vindimaram as suas vinhas, e pisaram as uvas, e
fizeram festas, e foram à casa de seu deus, e comeram, e beberam, e
amaldiçoaram Abimeleque.
28
Disse Gaal, filho de Ebede: Quem é Abimeleque, e quem somos nós de
Siquém, para que o sirvamos? Não é, porventura, filho de Jerubaal? E não
é Zebul o seu oficial? Servi, antes, aos homens de Hamor, pai de
Siquém. Mas nós, por que serviremos a ele?
29 Quem dera estivesse este povo sob a minha mão, e eu expulsaria Abimeleque e lhe diria: Multiplica o teu exército e sai.
30 Ouvindo Zebul, governador da cidade, as palavras de Gaal, filho de Ebede, se acendeu em ira;
31
e enviou, astutamente, mensageiros a Abimeleque, dizendo: Eis que Gaal,
filho de Ebede, e seus irmãos vieram a Siquém e alvoroçaram a cidade
contra ti.
32 Levanta-te, pois, de noite, tu e o povo que tiveres contigo, e ponde-vos de emboscada no campo.
33
Levanta-te pela manhã, ao sair o sol, e dá de golpe sobre a cidade;
saindo contra ti Gaal com a sua gente, procede com ele como puderes.
34
Levantou-se, pois, de noite, Abimeleque e todo o povo que com ele
estava, e se puseram de emboscada contra Siquém, em quatro grupos.
35
Gaal, filho de Ebede, saiu e pôs-se à entrada da porta da cidade; com
isto Abimeleque e todo o povo que com ele estava se levantaram das
emboscadas.
36
Vendo Gaal aquele povo, disse a Zebul: Eis que desce gente dos cimos dos
montes. Zebul, ao contrário, lhe disse: As sombras dos montes vês por
homens.
37 Porém
Gaal tornou ainda a falar e disse: Eis ali desce gente defronte de nós, e
uma tropa vem do caminho do carvalho dos Adivinhadores.
38
Então, lhe disse Zebul: Onde está, agora, a tua boca, com a qual
dizias: Quem é Abimeleque, para que o sirvamos? Não é este, porventura, o
povo que desprezaste? Sai, pois, e peleja contra ele.
39 Saiu Gaal adiante dos cidadãos de Siquém e pelejou contra Abimeleque.
40 Abimeleque o perseguiu; Gaal fugiu de diante dele, e muitos feridos caíram até a entrada da porta da cidade.
41 Abimeleque ficou em Arumá. E Zebul expulsou a Gaal e seus irmãos, para que não habitassem em Siquém.
42 No dia seguinte, saiu o povo ao campo; disto foi avisado Abimeleque,
43
que tomou os seus homens, e os repartiu em três grupos, e os pôs de
emboscada no campo. Olhando, viu que o povo saía da cidade; então, se
levantou contra eles e os feriu.
44
Abimeleque e o grupo que com ele estava romperam de improviso e tomaram
posição à porta da cidade, enquanto os dois outros grupos deram de
golpe sobre todos quantos estavam no campo e os destroçaram.
45 Todo aquele dia pelejou Abimeleque contra a cidade e a tomou. Matou o povo que nela havia, assolou-a e a semeou de sal.
46 Tendo ouvido isto todos os cidadãos da Torre de Siquém, entraram na fortaleza subterrânea, no templo de El-Berite.
47 Contou-se a Abimeleque que todos os cidadãos da Torre de Siquém se haviam congregado.
48
Então, subiu ele ao monte Salmom, ele e todo o seu povo; Abimeleque
tomou de um machado, e cortou uma ramada de árvore, e a levantou, e
pô-la ao ombro, e disse ao povo que com ele estava: O que me vistes
fazer, fazei-o também vós, depressa.
49
Assim, cada um de todo o povo cortou a sua ramada, e seguiram
Abimeleque, e as puseram em cima da fortaleza subterrânea, e queimaram
sobre todos os da Torre de Siquém, de maneira que morreram todos, uns
mil homens e mulheres.
50 Então, se foi Abimeleque a Tebes, e a sitiou, e a tomou.
51
Havia, porém, no meio da cidade, uma torre forte; e todos os homens e
mulheres, todos os moradores da cidade, se acolheram a ela, e fecharam
após si as portas da torre, e subiram ao seu eirado.
52 Abimeleque veio até à torre, pelejou contra ela e se chegou até à sua porta para a incendiar.
53 Porém certa mulher lançou uma pedra superior de moinho sobre a cabeça de Abimeleque e lhe quebrou o crânio.
54
Então, chamou logo ao moço, seu escudeiro, e lhe disse: Desembainha a
tua espada e mata-me, para que não se diga de mim: Mulher o matou. O
moço o atravessou, e ele morreu.
55 Vendo, pois, os homens de Israel que Abimeleque já estava morto, foram-se, cada um para sua casa.
56 Assim, Deus fez tornar sobre Abimeleque o mal que fizera a seu pai, por ter aquele matado os seus setenta irmãos.
57
De igual modo, todo o mal dos homens de Siquém Deus fez cair sobre a
cabeça deles. Assim, veio sobre eles a maldição de Jotão, filho de
Jerubaal.
FONTE:ALMEIDA REVISTA
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