CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 8 de fevereiro de 2020

PRECISAMOS SER BONS

       Quando Jesus afirma que seus discípulos são sal da terra, certamente Ele tem em mente algumas propriedades desse elemento químico, tais como: o sal serve para dar sabor. Para isso, ele precisa ser misturado ao alimento a ser consumido. O mesmo deve fazer um discípulos: antes de tudo deve ir ao encontro do outro, misturar-se às pessoas, estar no meio delas, a exemplo do próprio Jesus, e ali, ser para elas a possibilidade de uma vida nova, de um novo mundo, de uma nova esperança, de uma orientação, de um sentido de vida. O discípulo possibilita ao mundo encontrar seu rumo, seu horizonte e sua dignidade.
2. Uma segunda propriedade do sal é a da conservação. Os antigos salgavam carnes e legumes, a fim de que durassem por mais tempo. Nesse sentido, o Antigo Testamento também o concebia no estabelecimento de Aliança com Deus (“aliança de sal”: Nm 18,19), marcando assim um compromisso indestrutível com o Senhor. Os discípulos devem ser aqueles que não permitirão a deteriorização do ser humano; sua presença é sinal de continuidade da vida, da esperança e do amor, fortalecendo, assim, a dignidade da criação. Sendo “sal”, os discípulos não permitirão a extinção da humanidade. Além do mais, contam com uma aliança estabelecida através de Jesus Cristo, em que ambos os lados (Deus e os discípulos) se comprometem com o estabelecimento da justiça, da liberdade, da paz e da vida.
3. Uma terceira propriedade é a que diz respeito a uma forma de desaparecimento do sal, enquanto o alimento, por sua vez, aparece com mais agradabilidade e degustabilidade. O discípulo, dessa forma, a exemplo de Jesus, esvazia-se de si mesmo, faz de sua vida um dom, e entrega-se totalmente para o bem do outro, para a salvação do mundo. Ele não deve buscar honrarias, fama, posição social, aplausos, mas simplesmente a alegria de dar sentido, sustentação e visibilidade aos que se encontravam nas trevas, distantes de Deus, de si mesmos, da natureza e dos outros seus irmãos.
4. Um grande risco: se um cristão perder o sabor, a alegria de ser cristão, o brilho da fé, o encanto pelo seu batismo. Para que serve um discípulo que só pensa em si mesmo, que busca somente valorizar seu nome, que não se importa mais com a salvação do outro e nem luta por ela? Do que adiante ser discípulo e não combater, em si mesmo, tudo aquilo que o afasta de Deus, que não o permite viver segundo o Espírito Santo? A resposta de Jesus é clara: serve para ser pisado pelos homens. Aqui, talvez, Jesus esteja fazendo uma observação com relação a Israel pela perda do significado da Lei, pondo-a acima de tudo e não como libertação. Se bem que pode qualquer um dos batizados. Diante disso, a responsabilidade da Igreja é muito grande. Será ela no mundo como que a alma no corpo, segundo um autor desconhecido.
5. A outra figura utilizada é a da luz. O discípulo deve ser luz do mundo. Ora, Jesus é a luz do mundo (Jo 8,12; 9,5) e tornou seus discípulos participantes dessa Luz. Em outras palavras, os discípulos são identificados ao Mestre por vontade Deste e por ação do Espírito Santo. Sem a encarnação da Luz, que é a Palavra eterna do Pai, o mundo e o homem não teriam para onde ir, não saberiam por onde andar, não possuiriam certeza de nada, o viver lhes seria um terrorismo, angústia total. A Luz é a Revelação da Verdade, da Bondade, da Misericórida, da Justiça, da Dignidade, do próprio Homem em Deus. Encontrar-se com a Luz é poder enxergar a Deus, a si mesmo e ao outro; é poder dissipar as próprias trevas e descobrir o Horizonte de Deus e a realização da humanidade NELE. O discípulo, identificado com Cristo, a Luz do mundo, é o lugar do encontro do homem ferido com sua libertação; o lugar da vida nova, do encontro transformador; lugar do encontro com o Homem perfeito, o Homem novo.
6. Ser luz indica também um ato de esvaziamento. Os elementos, como ceras e oleos desaparecem, para poder darem a luz e, ainda, enquanto iluminam, permitem a quem deve exergar não vislumbrar a própria luz, mas tudo aquilo que esta possibilita ver. Diante de si e na luz, o homem pode se ver, ver tudo ao seu redor, ter mais segurança e conforto, enxergar mais quem estar em situação difícil, perceber mais profundamente sua realidade e a realidade dos seus irmãos, e também poder afastar os perigos das trevas. Assim procedeu o Verbo de Deus feito carne. Agiu no mundo como a Luz do mundo, “luz das nações” (Is 42,6). Como luz devia ser também a Lei. Luz devem ser, por vontade do próprio Jesus, todos os que DELE se aproximarem. Quem é da Luz necessariamente deve ser luz.
7. “Brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”. Quais são essas boas obras? Is 58,7-10 procura responder: repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos, vestir o que se encontrar em nudez, destruir os instrumentos de opressão, abandonar os hábitos autoritários e a linguagem maldosa, acolher de coração aberto o indigente e prestar todo o socorro ao necessitado. Ou seja, quem põe em prática as obras de misericórdia ilumina o mundo, caminha na glória de Deus, encontrará saúde para si e se revelará ao mundo como alguém bem-aventurado pelo fato mesmo de ser caridoso e prestativo, reto, corajoso, confiante em Deus e dom de si para os outros irmãos (cf. Sl 111/112). Aqui se trata de quem se tornou verdadeiramente discípulo ou discípula de Jesus Cristo, que não se serve da sabedoria do mundo e de suas mais elevadas expressões retóricas, que se reconhece fraco, receioso e com tremor, mas que se abandona totalmente à GRAÇA DE DEUS, deixa-se guiar pelo poder do Espírito Santo (cf. 1Cor 2,1-5). E na oração coleta deste domingo, a Igreja insiste com clareza: “só confiamos na vossa graça”, ó Deus!
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo

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