Salmo Responsorial: 118(119)
Eis o tempo de conversão, / eis o dia da salvação - Evangelho: Mateus 5,43-48
Deuteronômio 26,16-19 - Leitura do livro
Criai em vós um novo espírito e um novo coração! - Evangelho: Mateus 5,20-26
Ezequiel 18,21-28 - Leitura da profecia
Salmo Responsorial: 129(130)
Salmo Responsorial: 137(138)
Primeira Leitura: Ester 4,17
Criai em mim que eu seja puro, / dai-me de novo a alegria de ser salvo! Evangelho: Mateus 7,7-12
Evangelho: Lucas 11,29-32 - Jesus Cristo, sois bendito, / sois o ungido de Deus Pai!
Salmo Responsorial: 50(51)
Jonas 3,1-10- Leitura da profecia
Glória a Cristo, Palavra eterna do Pai, que é amor! Evangelho: Mateus 6,7-15
ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO - OPERAÇÕES DE SOMAR E DIMINUIR
Isaías 55,10-1- 1Leitura do livro do profeta
Salmo Responsorial: 33(34)
O DÉCIMO MANDAMENTO
«Não cobiçarás [...] nada que pertença [ao teu próximo]» (Ex 20,
17). «Não cobiçarás a casa [do teu próximo], nem o seu campo, nem o seu
servo nem a sua serva, o seu boi, ou o seu jumento, nem nada que lhe
pertença» (Dt 5, 21).
«Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração» (Mt 6, 21).
2534. O décimo mandamento desdobra e
completa o nono, que tem por objecto a concupiscência da carne. Proíbe
cobiçar o bem de outrem, raiz de onde procede o roubo, a rapina e a
fraude, proibidos pelo sétimo mandamento. A «concupiscência dos olhos» (1 Jo 2, 16) conduz à dolência e à injustiça, proibidas pelo quinto mandamento (267). A cobiça, bem como
a fornicação, tem a sua origem na idolatria, proibida nos três
primeiros mandamentos da Lei (268). O décimo mandamento incide sobre a
intenção do coração e resume, com o nono, todos os preceitos da Lei.
I. A desordem das cobiças
2535. O
apetite sensível leva-nos a desejar as coisas agradáveis que não
possuímos. Exemplo disso é desejar comer quando se tem fome ou
aquecer-se quando se tem frio. Estes desejos são bons em si mesmos;
muitas vezes, porém, não respeitam os limites da razão e levam-nos a
cobiçar injustamente o que não é nosso e que pertence, ou é devido, a
outrem.
2536. O décimo mandamento condena a avidez e o desejo duma apropriação desmesurada dos bens terrenos; e proíbe a cupidez desregrada,
nascida da paixão imoderada das riquezas e do seu poder. Interdita
também o desejo de cometer uma injustiça pela qual se prejudicaria o
próximo nos seus bens temporais:
«Quando a Lei nos diz: "Não cobiçarás", diz-nos, por outras
palavras, que afastemos os nossos desejos de tudo o que não nos
pertence. Porque a sede da cobiça dos bens alheios é imensa, infindável e
insaciável, conforme está escrito: "O avarento nunca se fartará de
dinheiro" (Sir 5, 9)» (269).
2537. Não é violar este mandamento
desejar obter coisas que pertencem ao próximo, desde que seja por meios
legítimos. A catequese tradicional menciona, com realismo, «os que têm
que lutar mais contra as suas cobiças criminosas» e que, portanto,
precisam de ser «exortados com mais insistência a observarem este
preceito»:
«São [.. .] os comerciantes que desejam a falta ou carestia
das coisas, que vêem com pena não serem eles os únicos a comprar e a
vender, o que lhes permitiria vender mais caro e comprar mais barato; os
que desejam ver o seu semelhante na miséria, para obterem maiores
lucros, quer vendendo quer comprando [...]. Os médicos, que desejam que
haja doentes; os advogados, que reclamam causas e processos importantes e
numerosos...» (270).
2538. O décimo mandamento exige que seja banida a inveja do
coração humano. Quando o profeta Natan quis estimular o arrependimento
do rei David, contou-lhe a história do pobre que só possuía uma ovelha,
tratada como se fosse uma filha, e do rico que, apesar dos seus
numerosos rebanhos, tinha inveja dele e acabou por lhe roubar a ovelha
(271). A inveja pode levar aos piores crimes (272). «Foi pela inveja do
demónio que a morte entrou no mundo» (Sb 2, 24).
«Combatemo-nos uns aos outros e é a inveja que nos arma uns
contra os outros [...]. Se todos se encarniçam assim a abalar o corpo de
Cristo, onde chegaremos nós? Estamos a aniquilar o corpo de Cristo.
[...] Declaramo-nos membros dum mesmo organismo e devoramo-nos como
feras» (273).
2539. A inveja é um vício capital.
Designa a tristeza que se sente perante o bem alheio e o desejo
imoderado de se apropriar dele, mesmo indevidamente. Se desejar ao
próximo um mal grave, é pecado mortal:
Santo Agostinho via na inveja «o pecado diabólico por excelência» (274).
«Da
inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pelo
mal do próximo e o desgosto causado pela sua prosperidade» (275).
2540. A inveja representa uma das formas
da tristeza e, portanto, uma recusa da caridade; o baptizado lutará
contra ela, opondo-lhe a benevolência. Muitas vezes, a inveja nasce do
orgulho; o baptizado exercitar-se-á a viver na humildade:
«Quereríeis ver Deus glorificado por vós? Pois bem,
alegrai-vos com os progressos do vosso irmão e, assim, será por vós que
Deus é glorificado. Deus será louvado, dir-se-á, pelo facto de o seu
servo ter sabido vencer a inveja, pondo a sua alegria nos méritos dos
outros» (276).
II. Os desejos do Espírito
2541.
A economia da lei e da graça desvia o coração dos homens da cobiça e da
inveja; inicia-o no desejo do sumo bem; e instrui-o nos desejos do
Espírito Santo que sacia o coração do homem.
O Deus das promessas
desde sempre pôs o homem de prevenção contra a sedução daquilo que,
desde as origens, aparece como «bom para comer, [...] de atraente
aspecto e precioso para esclarecer a inteligência» (Gn 3, 6).
2542.
A Lei, confiada a Israel, nunca foi suficiente para justificar aqueles
que lhe estavam sujeitos; chegou até a tornar-se instrumento de
«concupiscência» (277). A inadequação entre o querer e o fazer (278)
manifesta o conflito entre a Lei de Deus, que é a «lei da razão», e uma
outra lei «que me retém cativo na lei do pecado, que se encontra nos
meus membros» (Rm 7, 23).
2543. «Agora, foi sem a
Lei que se manifestou a justiça de Deus, testemunhada pela Lei e pelos
Profetas: a justiça que vem para todos os crentes, mediante a fé em
Jesus Cristo» (Rm 3, 21-22). E assim, os fiéis de Cristo «crucificaram a carne com as suas paixões e desejos» (Gl 5, 24); são conduzidos pelo Espírito (279) e seguem os desejos do Espírito (280).
III. A pobreza de coração
2544.
Jesus impõe aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos e
propõe-lhes que renunciem a todos os seus bens (281) por causa d'Ele e
do Evangelho (282). Pouco antes da sua paixão, deu-lhes o exemplo da
pobre viúva de Jerusalém que, da sua penúria, deu tudo o que tinha para
viver (283). O preceito do desapego das riquezas é obrigatório para
entrar no Reino dos céus.
2545. Todos os fiéis de Cristo
devem «ordenar rectamente os próprios afectos, para não serem impedidos
de avançar na perfeição da caridade pelo uso das coisas terrenas e pelo
apego às riquezas, em oposição ao espírito de pobreza evangélica» (284).
2546. «Bem-aventurados os pobres em espírito» (Mt 5,
3). As bem-aventuranças revelam uma ordem de felicidade e de graça, de
beleza e de paz. Jesus celebra a alegria dos pobres, aos quais o Reino
pertence desde já (285):
«O Verbo chama "pobreza em espírito" à humildade voluntária
do espírito humano e à sua renúncia; e o Apóstolo dá-nos como exemplo a
pobreza de Deus, quando diz: «Ele fez-Se pobre por nós (2 Cor 8, 9)» (286).
2547. O Senhor lamenta-Se dos ricos,
porque eles encontram a sua consolação na abundância de bens (287). «O
orgulhoso procura o poder terreno, ao passo que o pobre em espírito
procura o Reino dos céus» (288). O abandono à providência do Pai do céu
liberta da preocupação pelo amanhã. A confiança em Deus dispõe para a
bem-aventurança dos pobres (289). Eles verão a Deus.
IV. «Quero ver a Deus»
2548.
O desejo da verdadeira felicidade liberta o homem do apego imoderado
aos bens deste mundo, e terá a sua plenitude na visão beatífica de Deus.
«A promessa de ver a Deus ultrapassa toda a bem-aventurança. [...] Na
Escritura, ver é possuir. [...] Por isso aquele que vê a Deus obteve
todos os bens que se possam imaginar» (290).
2549. Resta
ao povo santo lutar, com a graça do Alto, para alcançar os bens que Deus
promete. Para possuir e contemplar a Deus, os fiéis de Cristo
mortificam os seus maus desejos e, com a graça do mesmo Deus, triunfam
das seduções do prazer e do poder.
2550. Neste caminho da perfeição, o Espírito e a Esposa chamam quem os escuta (291) à comunhão perfeita com Deus:
«Ali será a verdadeira glória; ninguém ali será louvado por
engano ou por lisonja; as verdadeiras honras não serão nem recusadas aos
que as merecem, nem dadas aos indignos delas; aliás, não haverá ali
indigno que as pretenda, pois só os dignos lá serão admitidos. Ali
reinará a verdadeira paz; ninguém terá oposição, nem de si mesmo nem dos
outros. O próprio Deus será a recompensa da virtude, Ele que a deu e Se
lhe prometeu como recompensa, a maior e melhor que possa existir: [...]
"Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo" (Lv 26, 12) [...] É também este o sentido das palavras do Apóstolo: "Para que Deus seja tudo em todos" (I Cor 15,
28). Ele mesmo será o fim dos nossos desejos, Ele que nós havemos de
contemplar sem fim, de amar sem saciedade, de louvar sem cansaço. É este
dom, este afecto, esta ocupação serão, sem dúvida, comuns a todos como a
vida eterna» (292).
Resumindo:
2551. «Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração» (Mt 6, 21).
2552. O décimo mandamento proíbe a cupidez desregrada, nascida da paixão imoderada das riquezas e seu poder.
2553 Inveja é a tristeza que se experimenta perante o bem alheio e o desejo imoderado de se apropriar dele. É um vício capital.2554 O baptizado combate a inveja pela benevolência, pela humildade e pelo abandono à providência divina.
2555. Os
fiéis de Cristo «crucificaram a carne com as suas paixões e desejos»
(Gl 5, 24); são conduzidos pelo Espírito e seguem os seus desejos.
2556. O desapego das riquezas é necessário para entrar no Reino dos céus. «Bem-aventurados os pobres em espírito» (Mt 5, 3).
2557. O homem de desejo diz: «Quero ver a Deus», sede de Deus é saciada pela água da vida eterna (293). FONTE: VATICAN VA
«Não cobiçarás [...] nada que pertença [ao teu próximo]» (Ex 20, 17). «Não cobiçarás a casa [do teu próximo], nem o seu campo, nem o seu servo nem a sua serva, o seu boi, ou o seu jumento, nem nada que lhe pertença» (Dt 5, 21).
«Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração» (Mt 6, 21).
«Quando a Lei nos diz: "Não cobiçarás", diz-nos, por outras palavras, que afastemos os nossos desejos de tudo o que não nos pertence. Porque a sede da cobiça dos bens alheios é imensa, infindável e insaciável, conforme está escrito: "O avarento nunca se fartará de dinheiro" (Sir 5, 9)» (269).
«São [.. .] os comerciantes que desejam a falta ou carestia das coisas, que vêem com pena não serem eles os únicos a comprar e a vender, o que lhes permitiria vender mais caro e comprar mais barato; os que desejam ver o seu semelhante na miséria, para obterem maiores lucros, quer vendendo quer comprando [...]. Os médicos, que desejam que haja doentes; os advogados, que reclamam causas e processos importantes e numerosos...» (270).
«Combatemo-nos uns aos outros e é a inveja que nos arma uns contra os outros [...]. Se todos se encarniçam assim a abalar o corpo de Cristo, onde chegaremos nós? Estamos a aniquilar o corpo de Cristo. [...] Declaramo-nos membros dum mesmo organismo e devoramo-nos como feras» (273).
Santo Agostinho via na inveja «o pecado diabólico por excelência» (274).
«Da
inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pelo
mal do próximo e o desgosto causado pela sua prosperidade» (275).
«Quereríeis ver Deus glorificado por vós? Pois bem, alegrai-vos com os progressos do vosso irmão e, assim, será por vós que Deus é glorificado. Deus será louvado, dir-se-á, pelo facto de o seu servo ter sabido vencer a inveja, pondo a sua alegria nos méritos dos outros» (276).
«O Verbo chama "pobreza em espírito" à humildade voluntária do espírito humano e à sua renúncia; e o Apóstolo dá-nos como exemplo a pobreza de Deus, quando diz: «Ele fez-Se pobre por nós (2 Cor 8, 9)» (286).
«Ali será a verdadeira glória; ninguém ali será louvado por engano ou por lisonja; as verdadeiras honras não serão nem recusadas aos que as merecem, nem dadas aos indignos delas; aliás, não haverá ali indigno que as pretenda, pois só os dignos lá serão admitidos. Ali reinará a verdadeira paz; ninguém terá oposição, nem de si mesmo nem dos outros. O próprio Deus será a recompensa da virtude, Ele que a deu e Se lhe prometeu como recompensa, a maior e melhor que possa existir: [...] "Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo" (Lv 26, 12) [...] É também este o sentido das palavras do Apóstolo: "Para que Deus seja tudo em todos" (I Cor 15, 28). Ele mesmo será o fim dos nossos desejos, Ele que nós havemos de contemplar sem fim, de amar sem saciedade, de louvar sem cansaço. É este dom, este afecto, esta ocupação serão, sem dúvida, comuns a todos como a vida eterna» (292).
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