CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

PARÁBOLAS DE JESUS EXPLICADAS POR UM TEÓLOGO - PARTE 2 - PADRE J.E E SEU CANAL

 Lc 14,1.7-14


1. Detalhes importantes a serem observados: Jesus vai comer na casa de um dos chefes dos fariseus num dia de sábado, com outros fariseus, e está sendo observado por eles. Nesse banquete, Jesus é espiado, investigado, pois a intenção de quem o convidou não é ser cortês, amigo, mas promover armadilhas. Por outro lado, Jesus propõe o Reino de Deus, dando a todos a possibilidade de reconhecerem a dignidade humana e seu valor diante de Deus. Ali, Jesus se encontra como Cordeiro no meio de lobos amantes do dinheiro (16,14), hipócritas “filhos de Deus”, revestidos da máscara da pureza. Estar entre eles é um sinal de estar na história para a salvação de todos. Naquele ambiente existe a competição social, a desigualdade entre as pessoas e a valorização da riqueza. As categorias valorizadas nesse tipo de banquete eram os amigos, os irmãos, os parentes e os vizinhos ricos. Jesus propõe, como forma de eliminação de qualquer interesse por honra, títulos ou privilégios, que seja convidado outro tipo de categorias: os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos.

2. O banquete não é para a conquista de interesses pessoais. Certamente, os fariseus queriam observar Jesus e serem bem vistos na sociedade. De banquete em banquete, assim vão vivendo o jogo do interesse por si mesmos. Certamente, eles faziam o que a tradição recomendava, seguiu os ditames sociais antigos, procuravam não errar na forma do banquete. Por outro lado, escondiam as verdadeiras necessidades, facilitavam a esperteza de quem queria ser honrado à vista de todos e, no final, tudo terminava num tremendo jogo de interesse. Em outras palavras, mesmo sendo do “povo de Deus”, agiam com as mesmas tramas mundanas.

3. Jesus deseja que seus discípulos façam banquetes para os pobres. Se bem que aqui também existe um grande risco, o de oferecer à sociedade a impressão de ser caridoso, empenhado com os menos desfavorecidos. Muitos são, por causa disso, assistencialistas, preocupados em fazer, talvez, a famosa política do "pão e circo". O que Jesus quer, de verdade, é que a vida dos seus discípulos seja doada, entregue para o bem desses marginalizados. Como já disse outras vezes aqui, é necessário cada discípulo seja um dom para o outro. O relacionamento com os mais pobres não se conclui com o dar alimentos ou roupas, mas também com a verdadeira atenção a eles em todos os meios: nas pastorais, na Igreja, nos encontros, diante de outras pessoas, principalmente se forem da sociedade rica. O pobre deve ser valorizado, amado, tratado como o que de fato é, um ser humano e preferencial para Deus. Em outras palavras, o discípulo dever ser, por amor, dedicado à causa dos mais necessitados em todos os sentidos. O exemplo mais perfeito é o do próprio Jesus na Ceia. Ele, que é o MAIOR, colocou-se a serviço de todos. Além disso, toda Sua vida foi na humildade e na simplicidade, todo voltado para o Pai e todo para o bem de todos. Serviu até dar Sua vida. 

4. O ideal é que o discípulo seja pobre. Que sua riqueza seja somente viver segundo Jesus Cristo. Que seu apego seja o de ser desapegado. Que seu interesse seja o de viver o interesse salvífico de Deus. Ele não convidado a amar o pobre por ser pobre, mas amar desinteressadamente, amar sem esperar recompensa alguma. Dessa forma, o discípulo expressa o amor de Deus. Somente que ama assim pode ser elevado, tido como diferente de um mundo que vive as mesmas amarras da lógica do poder do passado. Ele é convidado a superar Israel, que mesmo tendo sido o povo de Deus, não conseguiu se desvencilhar da forma de pensar do mundo, pior ainda, colocou-a dentro do Templo. O discípulo tem que se livrar dos títulos honoríficos, dos distintivos e de tudo aquilo que o coloca na condição de melhor do que qualquer outra pessoa aos olhos do mundo.  

Mt 25,1-13


“O Reino dos céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de oleo e saíram ao encontro do noivo”. Cinco delas eram providentes, e cinco improvidentes. O que as distinguia era, justamente, o oleo. Mt não dá tanta atenção à vigilância, até porque todas dormiram, mas ao fato de estarem prontas para seguir o noivo assim que chegasse. Para isso, o mais importante era o oleo conservando as lamparinas acesas. O noivo aqui é identificado com Cristo, e as noiva com os cristãos; o salão das núpcias, com o Reino.

As virgens sábias ou prudentes ou, ainda, providentes, são os cristãos que não abandonam, em hipótese nenhuma, a Palavra de Deus, a Vontade do Senhor e a prática da caridade. São aqueles e aquelas que permanecem diante do Senhor, fazendo de suas vidas verdadeiros dons, sacrários de Deus e autênticos instrumentos da salvação. Não desanimam diante dos problemas e das perseguições, não abandonam o barco da fé, não se escoram nos outros e nem trocam o seu amor por outros amores. São decididos, convictos, apaixonados por Jesus Cristo e pelo Seu Reino.

Os cristãos estamos com Cristo, mas também O esperamos; diante Dele, mas também desejamos vê-LO face a face; caminhamos à luz da fé, mas um dia com Ele reinaremos quando a fé e a esperança não forem mais necessárias, porque somente o amor será a nossa realidade. Antes disso, a fé e a esperança nos sustentam, dão-nos sentido de vida, certeza antecipada do que esperamos e acreditamos. Enfrentamos todo tipo de combate, lutamos com as armas da prudência e da simplicidade, preparamo-nos como as serpentes, a fim de não recebermos o bote, e agimos como as pombas, mirando apenas o bem do outro. 

O oleo de que necessitamos é o Espírito Santo, Alma da Igreja, Consolo de nossas vidas, Santificação do nosso ser, Fortaleza na caminhada, Condição de configuração ao Noivo, Jesus Cristo, Luz permanente na espera do Salvador, Certeza de comunhão e participação na festa das eternas núpcias. Sem o Espírito, é impossível encontrar o Noivo, a Verdade e a Vida. Sem uma profunda vida de abertura ao Espírito de Deus não há possibilidade de permanência, de encontro e de transformação. O encontro com Cristo só será possível a quem se lançar no Espírito de Deus. 

Mt 24,42-51

1. "Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor!". Ficar atentos ou alertas, em estado de vigilância, indica uma necessidade para todos os discípulos de Jesus Cristo, para todas as comunidades, paróquias e dioceses. Havia já uma profunda preocupação em Mt com relação as comunidades para as quais ele se voltava. Eram comunidades em crescente esfriamento no amor, na missão e na espera de Jesus Cristo. Comunidades que relaxaram na vida cristão, na vivência moral e na missão evangelizadora. Diante disso, é necessário ser vigilante, obediente e fiel ao projeto de Deus, na expectativa da vinda do Filho do Homem. 

2. Não se deve apegar-se ao presente como algo absoluto. É verdade que se vive o momento atual, mas com as marcas de um passado vivido e na esperança de um futuro melhor. Quem se desliga do passado e não se conscientiza da possibilidade de um futuro não viverá nem mesmo seu presente. Despreocupar-se com o que virá, agindo de modo inconsciente no "aqui e agora", cancela em si "aquilo que Deus tem preparado para nós". Cada um deve, além de vigilante, iniciar um processo de preparação. O homem caminha para um encontro definitivo, por isso deve se preparar, pois tal encontro diz respeito à sua salvação, uma vez que Aquele com quem deve se encontrar é o Senhor vitorioso. 

3. Estar em vigilância e preparar-se significa CONVERTER-SE, isto é, mudar de mentalidade. Não é possível ser discípulo de Jesus Cristo, que vive todo para o Pai, fazendo exclusivamente Sua vontade, pondo a salvação em primeiro lugar, e, ao mesmo tempo, seguir os ditames do mundo, que se perde sempre mais num individualismo tremendo, numa profunda ilusão de liberdade (libertinagem), desejo de vida, entregando-se à morte em suas ações, desejo de manipulação dos outros, domínio escravista, busca de si mesmo, entre outras coisas. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro, seguir Cristo e o mundo ao mesmo tempo. A conversão indica justamente essa total mudança: era do mundo, agora é de Cristo; vivia segundo os apetites instintivos, agora, segundo a vontade do Senhor; antes era o achismo, agora, a verdade. Dessa forma, o encontro definitivo está sendo preparado com dignidade.

4. A figura do ladrão, além de ser um sinal do modo imprevisto da chegada de Jesus, é também um sinal para o modo como devemos nos posicionar diante da realidade salvífica. Ele (Jesus) virá quando menos esperarmos, diz o texto. Ou seja, é importante que estejamos preparados em oração, comunhão com Deus e com sua Igreja, fazendo o bem, anunciando sua Palavra e sendo solidários uns para com os outros. Longe de um discípulo a preguiça, o desânimo e o gosto pelas coisas contrárias a Deus. Mt quer justamente estimular sua comunidade a viver corajosamente a expectativa confiante da vinda do Senhor. Há muitos que querem nos separar de Deus, destruir nossa dedicação ao Seu serviço, iludir nossas mentes, afastar-nos da possibilidade de sermos somente de Deus. Além disso, existem as lutas internas, os desafios com a própria existência. Ainda mais, Satanás existe e tenta, a todo custo, desviar um servo do Senhor de sua missão. Vigiar e orar sempre, com os olhos fixos no Senhor, é o que devemos fazer agora e para sempre. Devemos ficar atentos a tudo e a nós mesmos, pois somos também um tesouro conquistado por Cristo, somos filhos de Deus.

5. Jesus condena aqueles líderes judaicos que abusam do poder, fazendo sofrer o povo sob seus comandos. Para esses, a destruição será certa. A parábola também serve para os cristãos. Nenhum discípulo de Cristo deve seguir os passos dos arrogantes deste mundo. A condição de liderança de um discípulo é aquela de servo, à semelhança do seu Mestre. Ele vai ser sempre um servo entre os demais servos, servindo por amor ao Reino dos Céus. Mesmo que ele seja altamente preparado na doutrina, toda sua vida deve ser um dom colocado á disposição do crescimento espiritual e intelectual do rebanho do Senhor. Sua vida não será mais sua, mas de Cristo e de sua Igreja. Quanto mais ele souber, maior sua responsabilidade na Igreja.

6. A vida do discípulo e da comunidade paroquial deve ser uma permanente busca de configuração a Cristo; um contínuo entregar-se aos mistérios de Deus; uma incessante luta pela verdade, justiça e amor; uma operosa vida de oração e missão; um estar sempre atento aos sinais dos tempos e às necessidades uns dos outros; uma ininterrupta leitura, meditação e contemplação da Palavra de Deus; uma descoberta sempre mais desejada do conhecimento da fé e da importância de ser um dom.

Jo 1,45-51

1.Filipe, uma vez tendo sido chamado ao discipulado de Jesus, convida Natanael a um encontro com o Messias, indicado nas Escrituras por Moisés e pelos profetas. Uma vez vivenciando uma realidade nova ao lado de Jesus, Filipe sente o desejo ardente de revelá-LO aos demais. Por isso parte para a missão. Natanael, por sua vez, apresentado como homem verdadeiro, sincero, assim elogiado pelo próprio Jesus, escuta Filipe, mas questiona se pode sair coisa boa de Nazaré, que era apenas um povoado muito pobre e desconhecido dos mapas antigos. À semelhança de outros de sua época, ele pensava o Messias nascido na terra de Davi, precisamente em Belém da Judeia (Jo 7,41-42.52). O fato de ser nazareno já impunha uma certa desconfiança. Filipe apenas o convida: “vem ver!”. O verbo VIR indica de que lado Filipe já se encontra e, ao mesmo tempo, o ato de caminhar na direção de; o verbo VER, por sua vez, indica “tomar conhecimento, experimentar a novidade, adentrar na verdade que se revela”. 

2. Natanael perguntou a Jesus: “De onde me conheces?”. Essa pergunta exige uma resposta não sobre Natanael, mas sobre Jesus mesmo. Nela está presente um interesse pela definição da pessoa do Mestre. Jesus mostra que conhece Natanael por dentro e o conhece desde que ele começou a existir. Isso significa que mesmo antes do possível encontro do homem com Ele, da parte DELE esse encontro já se tornou possível porque Ele já veio ao encontro daqueles que estão no Seu projeto. A iniciativa de Jesus é demonstrada justamento na frase “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. Mais uma vez aparece o verbo VER, tendo o mesmo sentido do conhecimento. Como foi citada a figueira, sabe-se que o “figo” era símbolo de Israel (cf. Mq 4,4; Zc 3,10; 1Rs 5,5). 

3. Natanael reconhece Jesus como o verdadeiro Messias: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. Tal reconhecimento vem do fato de Natanael ser um israelita autêntico, humilde, que é capaz de mudar suas próprias convicções para abraçar o pensamento de Deus, que está disposto a seguir a verdade, independentimente de qualquer imposição social. A confissão de Natanael é apenas um início, pois coisas maiores virão, por exemplo, a realização do sonho de Jacó (cf. Gn 28,10-22): “Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. Jesus é a ligação essencial entre Deus e os homens, o Caminho que conduz ao Pai, Aquele que exige de cada um querer encontrá-LO, experimentá-LO, condividir a mesma missão, testemunhá-LO e conduzir para Ele todos que se abrirem à vida nova do Mestre de Nazaré. 


Mt 13,44-46

Quanto ao Reino, ele está ali, bem próximo, em algum lugar possível de ser encontrado. Deus o revelou, Ele o fez presente na história de modo pessoal. Não diz respeito somente a virtudes, mas a uma pessoa mesmo, Jesus Cristo Nosso Senhor.

Um homem encontra o tesouro, alegra-se com ele, esconde-o e compra aquele campo onde se encontra o tesouro. Convém notar que a alegria da descoberta se transforma na capacidade de renúncia de todos os bens. Ele vai vende tudo o que tem só pra ficar com o tesouro. Certamente, não basta encontrá-lo, mas principamente entrar nele.

Um comerciante de pérolas preciosas, homem já rico, também se depara com o Reino de Deus, aqui simbolizado por uma pérola. A ele também é oferecido o Reino, a possibilidade de uma vida nova, que vem de um encontro com Jesus, a PÉROLA por antonomásia. Também o comerciante vendeu tudo que tinha, despojou-se totalmente do que considerava valoroso, para ficar exclusivamente com a pérola de valor inigualável. Ele descobriu o Reino e também entrou nele. Teve um encontro com Jesus Cristo e permaneceu com Ele para sempre.

E quanto a você, já teve uma feliz oportunidade com Jesus Cristo? Já percebeu que o mundo chama de valor tudo aquilo que é descartável e descarta tudo aquilo que tem valor em si mesmo? Já foi capaz de renunciar a tudo para ficar exclusivamente com Jesus Cristo? Quem é seu tesouro mais importante? Você costuma colocar alguma coisa ou pessoa no lugar de Deus? Se já é cristão ou cristã, costuma dar o primeiro lugar do seu dia à Palavra de Deus? Costuma fazer o bem? Procura colocar a vontade de Deus em primeiro lugar? Logo cedo, costuma dizer a Jesus que Ele dite a você o que deve ser vivido naquele dia? Você acha que está longe ou perto do TESOURO oferecido por Deus?


Hoje, a Igreja celebra Maria Rainha

Lc 1,26-38

1. A Galileia, um lugar sem expressão, não ortodoxo precisamente, região não valorizada, cenário da desconhecida Nazaré. É a região dos pobres, dos marginalizados, daqueles sem crédito e sem voz. Nesse ambiente encontra-se Maria, pobre, mas aberta à iniciativa de Deus, ao seu chamado. Ela inaugura o novo tempo dos pobres como amados de Deus. Sendo ela dessa região, foi conhecida, preparada, predestinada e escolhida para ser a Mãe do Senhor. Deus escolheu o que o mundo continua rejeitando, para transformar num tesouro para Si mesmo. Por meio dessa pequenina, "A MENINA DE NAZARÉ", Deus entrou na história, participando dela como um igual, assumindo a nossa carne, a nossa realidade, certamente sem o pecado, mas assumindo os nossos para nos salvar. 

2. Maria se tornou a kecharitoméne, isto é, a plena de graça, "plena do amor benévolo de Deus". Em Maria não havia brecha para o pecado. Ela é a INIMIGA da Serpente (cf. Gn 3,15). Ela não possui ligação nenhuma com o mal, todo o seu ser pertence exclusivamente a Deus, que a criou toda para Si para que ela pudesse ser toda para o bem da humanidade. Somente quem é todo pode se tornar todo para a salvação dos homens. Maria é um tesouro de Deus, amado por Ele, preparado para Seu Projeto salvífico e para ser sinal da ação libertadora. Deus a quis como Sua ARCA, como SEU TEMPLO, não feito por mãos humanas (cf. Is 66,1-2; At 7,48), como a Arca da Nova e Eterna Aliança, a Portadora de Cristo e do Espírito, a "MÃE DO MEU SENHOR" (Lc 1,43). 

3. A virgindade de Maria, totalmente consagrada a Deus, tornou-se um sinal autêntico da divindade de Jesus. Sendo toda de Deus, seus interesses voltam-se exclusivamente para Ele, de modo que s. Agostinho afirmará que Maria era virgem tanto por não ter conhecido homem quanto por opção pessoal. Daí por que ela solicitar uma explicação sobre como conceber aquele filho. De fato, nela o Filho de Deus tornar-se-á carne, um de nós, por ação do Espírito Santo. Justamente hoje, a Igreja celebra a entrada do Salvador na nossa história, o dia em que a humanidade reencontra seu futuro e a condição de sua realização. Diante da opção de Maria, o anjo deixa claro que a obra de Deus nela não contará com a participação de homem e que isso não é impossível para Deus, que permitiu a geração a Isabel, uma anciã estéril. Lc esclarece que o menino Jesus, na Sua condição humana, foi criado diretamente por Deus, como fez com Adão, mas não utilizando a terra, e sim um ser humano pleno de Sua graça, uma MULHER, aquela que não tem comunicação com a SERPENTE, que não se ilude com o mal, a INIMIGA da SERPENTE. Lc indica, portanto, a NOVA CRIAÇÃO, o novo início, o novo ÉDEN. 

4. A pobreza de Maria, bem como sua fé e abertura total à vontade de Deus, permitiram à Virgem de SER O MAIS PRECIOSO LUGAR DO MAIS IMPORTANTE ENCONTRO DE DEUS COM A HUMANIDADE. Maria, diferentemente de Eva, não dialogava com a Serpente, não se deixou atrair pelas tentações do mundo, não buscou a si mesmo nem duvidou de Deus. Pelo contrário, colocou-se absolutamete à disposição do Senhor. Maria não é fechamento da graça, mas abertura para Deus; não é contradição, mas clareza; não está no início da historia do pecado, mas da graça divina; não encabeça uma humanidade pecadora, mas uma realidade nova de discípulos, feitos filhos no Filho; não é Eva, mas Ave; não é uma vergonha, mas a Kecharitomene, a plena de Deus; não está escondida por causa do pecado, mas de braços abertos para receber o Salvador; não foi expulsa do Jardim, mas tornou-se porta para ele; não é lugar de separação, mas de encontro salvífico.

Um forte e carinhoso abraço




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