CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

domingo, 13 de outubro de 2024

O texto acima nos apresenta três coisas sobre as quais devemos pensar e tomar uma decisão: a primeira diz respeito à pergunta de “alguém”: “Bom Mestre


 O texto acima nos apresenta três coisas sobre as quais devemos pensar e tomar uma decisão: a primeira diz respeito à pergunta de “alguém”: “Bom Mestre, o que devo fazer para ganhar a vida eternal?”. Antes de tudo, convém assinalar que esse alguém, não tendo nome, é qualquer um que tenha o desejo da conquista da vida segundo Deus; aquele ou aquela que deseja ir mais além, que sente o desejo de Deus dentro dele ou dela e coloca-se a caminho, mas necessitando, ao mesmo tempo, de uma verdadeira orientação. Depois, o adjetivo “bom”, aplicado somente a Deus, pois faz referência a essência mesma de Deus, que é a bondade, a verdade e a vida. As coisas e as pessoas podem ser vistas como boas, mas na relação com o Criador, que é o BOM e que, por isso mesmo, faz tudo bom ou muito bom. Jesus não nega a si mesmo tal adjetivo, uma vez que Ele mesmo se denomina BOM PASTOR. Em seguida, o termo “mestre”, usado aqui, com a finalidade de revelar a verdadeira estrada da salvação. Nesse caso, ao chamar Jesus de “Bom Mestre”, o texto aponta para Sua condição divina, inclusive com o gesto do ajoelhar-se desse “alguém”.


 


O segundo ponto é das exigências para se tornar um discípulo de Jesus. Necessário se faz a prática dos Mandamentos do Senhor. Convém observar que o acento não cai sobre questões sociais, isto é, sobre a prática da Lei de Deus em vista da boa convivência e estruturação social. A pergunta é precisa: “O que devo fazer para conquistar a vida eterna?”. Além disso, um outro detalhe é que o texto não cita os Mandamentos referentes a Deus, mas tão somente ao próximo. Isso não quer dizer que Jesus está abandonando alguns mandamentos, mas agindo de tal forma como se quisesse dizer que os Mandamentos ligados a Deus só podem ser vividos se Seus discípulos colocarem em prática o bem do próximo. Voltar-se para Deus negligenciando o próximo é falsa religião, é subjetivismo, individualismo e, também, fanatismo. No amor ao próximo, revelamos o amor por Deus simultaneamente. Os discípulos necessitam voltar-se para o Senhor não somente pela fé, mas também e de modo preciso, por meio do exercício da caridade e da defesa da vida. Num todo de vida dedicada, encontram-se características, como disponibilidade, solidariedade e fraternidade, virtudes indispensáveis na vida de fé.


 


“Jesus olhou para ele com amor…”. Esse olhar amoroso talvez esteja ligado ao fato de esse alguém estar cumprindo os Mandamentos da Lei de Deus. Isso aponto para aqueles que, antes de tudo, devem colocar o que é de Deus em primeiro lugar, aderir à vontade do Senhor, fazer o que Ele pede. Assim devem proceder todos os discípulos e aqueles que se tornarão também discípulos de Jesus. Nese terceiro ponto, próprio do texto de Mc, base dos dois primeiros, encontra-se, podemos assim chamar, o despojamento total. Jesus exige entrega absoluta, decisão firme e plena. Antes de apontar a última exigência, Jesus fita aquele que dele se aproximou, ama-o sem reservas. O verbo “Fitar” é o mesmo que olhar para o outro com muita atenção, priorizá-lo, levá-lo em conta, lê-lo por dentro. Jesus o ama, quer dizer, encontra nele reta intenção, desejo sincero, o contrário dos fariseus hipócritas, vontade de vitória, justiça perante a Lei, poi strata-se de um judeu autêntico, mas, ao mesmo tempo, percebe sua fraqueza. É nesse momento que Jesus manifesta sua exigência mais profunda: “Vai, vende o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me!”. O que Jesus quer ultrapassa a lógica do mundo, nem parece desse mundo, é algo absolutamente inusitado na história. É o mesmo que Ele exige para Seus discípulos. Importante salientar que Jesus, mesmo conhecendo as fraquezas do outro, não o abandona em Seu coração, não o julga, mas o ama. Ou seja, o modo de evangelizar, de realizar a missão salvífica só pode acontecer quando o amor estiver no centro, fazendo a ligação entre um e outro. A Palavra anunciada não chegará ao coração do outro se não for conduzida pelo amor, necessário na missão evangelizadora. Se o outro não der ouvidos ao anúncio feito, pelo menos guardará em sua mente a forma amorosa da ação de quem a ele proclamou a Palavra e isso contará no seu futuro.


 


Como é possível renunciar uma vida toda de luta, as conquistas pessoais, os próprios sonhos, a riqueza adquirida somente para seguir um “mestre”, alguém que consegue com suas ideias não somente envolver uma plateia, mas, de fato, ruir todo o “império” da lógica tirânica do mundo. Abate-se o coração do homem diante da proposta de Jesus, entristece-se o coração apegado ao mundo material. Somente por meio de uma grande fé, de algo extremamente superior a tudo, o homem terá condições de fazer tal câmbio. Aqui está a grande exigência para quem deseja ser discípulo: ser capaz de crer em Jesus não somente como um Mestre, um Guia espiritual, um grande homem, o maior dos profetas, mas muito mais que isso, é necessário crer NELE como Senhor, um com o Pai e com o Espírito Santo. Essa fé só se tornou possível Como é possível renunciar uma vida toda de luta, as conquistas pessoais, os próprios sonhos, a riqueza adquirida somente para seguir um “mestre”, alguém que consegue com suas ideias não somente envolver uma plateia, mas, de fato, ruir todo o “império” da lógica tirânica do mundo. Abate-se o coração do homem diante da proposta de Jesus, entristece-se o coração apegado ao mundo material. Somente por meio de uma grande fé, de algo extremamente superior a tudo, o homem terá condições de fazer tal câmbio. Aqui está a grande exigência para quem deseja ser discípulo: ser capaz de crer em Jesus não somente como um Mestre, um Guia espiritual, um grande homem, o maior dos profetas, mas muito mais que isso, é necessário crer NELE como Senhor, um com o Pai e com o Espírito Santo. Essa fé só se tornou possível com a Ressurreição. Ajudar o próximo é importante, mas é preciso fazê-lo crendo absolutamente no Senhorio de Jesus, na Sua divindade.


 


Nesse texto, depois de Jesus falar da dificuldade de quem tem tudo entrar no reino dos céus, vem a reflexão de Pedro: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. Estaria Pedro pensando na realidade espiritual e desértica da vida doada? Certamente não, mas estava ali lançando-se no horizonte do Mestre de Nazaré. Ele e os demais, com suas imperfeições, sem maturidade na fé, rudes, foram capazes de largar realmente o que tinham. É verdade que não era tanta coisa assim, mas era o tudo deles. Pedro talvez quisesse se assegurar diante de Deus, talvez manifestar sua realidade de estar perto do Salvador. O fato é que, independentemente de sua atitute, coloucou-se ao lado do Senhor, voltado para Ele.


 


“Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, POR CAUSA DE MIM E DO EVANGELHO, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida – casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições – e, no mundo futuro, a VIDA ETRNA. Jesus estabelece que aquele ou aquela que largam os laços materiais, inclusive da família, receberá uma nova realidade, a vida eterna, e uma nova família, estruturada nos valores do evangelho, como fraternidade e partilha dos bens, bem como cem vezes mais o que renunciou. Em outras palavras, receberá em abundância! Mas Ele acrescenta: receberá tudo isso, mas com perseguição. Será perseguido pelos gananciosos, por aqueles que sacraficam tudo o que possuem para ter mais ainda, para satisfazer todos os seus desejos e promessas, sejam eles empresários, latifundiários e, principalmente, políticos corruptos, e ainda, homens e mulheres que, em nome de seus vis interesses, lutam pela deturpação da moral cristã. O discípulo deve estar preparado para um mundo hostíl à verdade, ao amor e à vida.


 


Quanto aos casados, Jesus não prega o abandono irresponsável da família. Certamente não devem abandonar aqueles que lhes foram dados como verdadeiros dons. O marido é um dom de Deus, assim como o é a esposa e como o são os filhos. Nessa situação, o que fazer diante da Palavra de Deus? Está claro no Evangelho que nada nem ninguém pode ser considerado absoluto e razão de ser de ninguém. Quem se apega às criaturas com elas falecem. A construção de uma família se dá quando os pais se voltam, antes de tudo, para Deus e, por causa Dele, para a legítima educação dos filhos para o seguimento do próprio Jesus Cristo. Naquela casa, todos devem preocupar-se uns com os outros em vista da comunhão com Deus. Do contrário, quem quiser seguir outro caminho, concebendo familiares como razões de vida, pecam e não haverá ali condições para o verdadeiro seguimento do Salvador. O fato é que para se construir uma autêntica família cristã é necessário largar tudo aquilo que impede o dom da fé, da solidariedade, da humildade e doação de si mesmo para o bem do outro; é necessário renunciar a si mesmo para viver o dom querido pelo Senhor.  


 


Nas renúncias citadas por Jesus, Ele intruduz também o pai, mas ao receber cem vezes mais não cita novamente o pai terreno. Certamente, a maior riqueza para quem O segue é a conquista da comunhão com o Seu Pai, o Pai eterno, o Pai da nova família, Aquele que é Pai ao criar, ao educar na verdade e na esperança, e, acima de tudo, ao amar até ao ponto de entregar o Filho eterno como vítima de expiação pelo bem de todos. Somente fará parte dessa nova realidade quem é capaz de se desamarrar de todos os laços mundanos, dos apegos da vida, de tudo aquilo que o priva da verdadeira liberdade de filho de Deus; viverá como cristão, quem não se submeter à lógica do dinheiro, do lucro, dos bens mundanos, dos envolvimentos afetivos desordenados. Verdadeiro cristão será aquele ou aquela que aderir absolutamente a Cristo, fundamentando toda sua vida no Evangelho, fazendo-se um verdadeiro dom, no desprendimento de tudo para o bem de todos.


 


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