CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 12 de outubro de 2024

Trata-se do primeiro dos sete sinais realizados por Jesus segundo o propósito de João Evangelista

 


Trata-se do primeiro dos sete sinais realizados por Jesus segundo o propósito de João Evangelista (cf. a cura do filho do oficial do rei: Jo 4,43-54; a cura de um paralítico em Betesda: 5,1-15; a multiplicação dos pães e peixes: 6,1-15; andar sobre as águas: 6,16-21; a cura do cego de nascença: 9,1-41; e a ressurreição de Lázaro: 11,1-45). Em Caná, Jesus é apresentado como alguém íntimo de Deus, como o Noivo verdadeiro e aquele pelo qual acontece o Tempo Novo, a Nova e Eterna Aliança, a nova humanidade pensada por Deus. Jesus se apresenta como o novo e verdadeiro esposo da humanidade. Ele é o único capaz de trazer vinho novo e insuperável para todos. O vinho é símbolo do amor (Ct 1,2) e sua abundância está associada à vinda do Messias. No contexto de Caná, o matrimônio conota o relacionamento entre Deus e Seu povo (Os 2,16-25; Is 1,21-23; 49,14-26 entre outros), e que tinha sido esquecido por muitos, de modo que a “Mãe do Senhor” vai afirmar: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3). Quer dizer, eles não tinham mais a alegria dos filhos de Deus, o deleite da verdadeira vida, da consciência de serem autênticos dons de Deus e, por isso mesmo, de pertencerem a Ele por convicção.


 


2. Certamente muitas coisas fixaram-se na vida daquele povo: eles perderam o gosto pela Lei de Deus e já não obedeciam aos ensinamentos proféticos. Outras coisas se instalaram em suas vidas, como vícios, desejo de poder e dominação, interesses lucrativos, apegos a si mesmos, vaidades, entre outras coisas. De fato, eles já não tinham mais vinho, pois estavam embriagados de prostituições, adultérios, corrupção, roubos, enganos e idolatria. Não havia mais vida na experiência com a primeira Aliança. O relacionamento com Deus foi adulterado e a lei tornou-se caduca. A vida religiosa de Israel já não consegue mais conduzir verdadeiramente aquele povo; eles não têm mais nada que possam oferecer e que seja capaz de oferecer vida nova. Não há mais referenciais. Nada nem ninguém, humanamente falando, pode salvá-los, libertando-os de tudo que lhes pesa na vida social, econômica, religiosa, política e psicológica.


 


3. Em Caná se dá a possibilidade da restauração da vida desse povo com Deus mediante o encontro com Jesus Cristo, o Noivo da Nova e Eterna Aliança. Um fato curioso é que não se diz nada sobre a noiva. Sequer ela aparece na narração. É possível que seja proposital tal ausência, para que o leitor entenda que a noiva é aquela que aparecerá com a adesão a Jesus Cristo, mediante a fé e o batismo. Neste caso, a noiva vai se identificar com a comunidade dos seguidores, daqueles que farão de Jesus a razão absoluta de suas vidas. Certamente, tratar-se-á da Igreja, a nova Sião, a Amada do Senhor, Corpo de Cristo e Templo do Espírito Santo.


 


4. Outro detalhe importante é que o episódio de Caná acontce no “sexto dia” da primeira semana simbólica do Evangelho de João. Isso significa associação a Gn 1,26ss, pois no sexto dia surgiu a humanidade. Essa referência quer dizer, portanto, o surgimento de uma nova humanidade, verdadeiramente voltada para o Cristo, inserida NELE, feita esposa de Jesus, “o Novo e definitivo Esposo”. Todavia, a hora desse “vinho novo” chegará apenas no momento da cruz, porque será a hora da manifestação máxima do amor do Pai e do Filho e do Espírito Santo; a hora da misericórdia por excelência; hora da entrega total do Filho de Deus; mas também a hora do juízo da humanidade, que ali percebe sua miséria, seu desprezo e, por isso mesmo, sua desumanidade. A cruz será a hora definitiva, preparadora da nova humanidade, que agirá na potência do Espírito Santo, o QUAL concederá à Igreja a diversidade de dons, ministérios e atividades (cf. 1Cor 12,4-6), bem como a palavra da sabedoria, a palavra da ciência, a fé, o dom de curas, o poder de fazer milagres, a profecia, o discernimento dos espíritos, o dom de falar línguas estranhas e também o dom da interpretação de línguas. A diversidade de dons dada às mais diversas pessoas, sendo cada uma responsável pela aplicação do dom recebido em vista do bem comum, isto é, de toda a Igreja (cf. 1Cor 12,7-11). É no mesmo Espírito Santo que se dá a Nova e Eterna Aliança; que acontece a profunda intimidade entre Cristo e sua Igreja; e a realidade da ligação entre Cristo Cabeça e Igreja Corpo, formando o novo povo de Deus.


 


5. Quanto À MULHER, que, antes de tudo, é Maria a qual aparece relacionada com a hora de Jesus, simboliza também os serventes e Israel; ela que passa tudo a Jesus e que se lança para Ele e NELE confia absolutamente; ela se encontra tanto no início dos sete sinais apresentados por João quanto no final, aos pés da cruz, momento exato da manifestação da glória de Deus. Naquele momento, Jesus lhe faz uma pergunta que intriga alguns estudiosos: “Mulher, que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora”. A expressão em grego é: “ti emoi kai soi?” e pode oferecer mais de um entendimento. Pode ser uma resposta de concordância com Maria: “que desacordo há entre mim e ti?” 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

EXPRESSE O SEU PENSAMENTO AQUI.