Jesus, quanto à Marta, não nega o fato de sua dedicação ao trabalho, mas procura mostrar-lhe a existência de um grande perigo: ela, estando preocupada e agitada por muitas coisas, certamente não encontrará tempo para ser uma verdadeira discípula e, como faziam os fariseus, envolvidos com tantos minuciosos mandamentos, já não sabiam qual era realmente o necessário. Marta já não se encontra nem encontra o seu Senhor, mesmo sabendo de sua importância e amizade. Mas não basta saber, é preciso viver. Em Jo 11,19-27, quando Marta toma conhecimento da chegada de Jesus, quatro dias depois da morte de Lázaro, vai ao encontro DELE, pois Jesus estava a uma certa distância, e fala-LHE com frases de efeito do farisaísmo, como: “o que pedires a Deus, ele te concederá” e “eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. Os fariseus acreditavam na ressurreição. Também é verdade que Marta tinha muita confiança em Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”. Essa frase, colocada nos lábios de Marta, manifesta algo mais em Jesus. Por que Lázaro não teria morrido? O próprio Jesus responde: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?” A resposta de Jesus revela a necessidade de aprofundamento na fé de Marta. Ela realmente necessitava desse ensinamento novo, precisava mergulhar mais profundamente no mistério Jesus Cristo, o Messias verdadeiro. Marta certamente deu o grande passo, indo além do afeto por Jesus para total reconhecimento do seu Senhorio. Sem deixar de ser uma grande amiga, tornou-se uma excelente discípula.
4. Quanto à Maria, ela encontrou o necessário. Se bem que o grande risco é não desenvolver, por outro lado, a dimensão missionária da fé, ou mesmo não querer mais fazer outras atividades, tornando-se um parasita da fé, quando não é isso que Jesus deseja. Maria se apresenta como o autêntico discípulo que, antes de qualquer atividade, de qualquer obrigação, primeiro se senta para escutar o Senhor, para aprender com Ele. Diferentemente de Marta, quando Maria vai ao encontro de Jesus, não questiona nada, apenas ajoelha-se e o acolhe, sinal de quem já vivia como discípula. O importante é que Marta e Maria, uma mais cedo e outra mais tarde, tornaram-se discípulas autênticas, modelos para toda a Igreja. Marta descobriu que Jesus é tudo. Na verdade, para o discípulo só Jesus Cristo é necessário. É a partir de Cristo, que o discípulo desempenhará suas atividades no mundo. Toda ação missionária brota de um verdadeiro encontro com Cristo, de uma profunda amizade com Ele e de uma autêntica vida voltada para Ele. Qualquer coisa que comprometa essa intimidade deve ser profligada, isto é, lançada por terra.
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