CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

CAMOCIM DE PADRE ANTONIO VIEIRA


Divulgação
Dentre os destinos percorridos pelo Cruzeiro Histórico Identidade e Cidadania (Chic) em território cearense, o primeiro a ser visitado foi a cidade de Camocim, uma das principais do litoral leste, localizada a 379 quilômetros de Fortaleza.  O professor e navegador Antônio Abreu Freire assim descreve sua chegada à cidade litorânea. “Passada a emoção da entrada, nos deparamos com um espetáculo alucinante: inúmeras embarcações de pesca de todos os tamanhos ao longo das praias, centenas de pessoas saudando a nossa entrada, dunas de uma brancura imaculada, florestas do início do mundo”.
Painel da natureza

Apesar da impressão, Freire frisa que não foi surpresa o que encontrou. Segundo ele, o padre Vieira ficou absolutamente assombrado com a beleza de Camocim e descreveu o que viu da seguinte maneira: “depois que se chega ao alto delas (Serra da Ibiapaba) pagam muito bem o trabalho da subida, mostrando aos olhos um dos mais formosos painéis que porventura pintou a natureza em outra parte do mundo, variando de montes, vales, rochedo e picos, bosques e campinas dilatadíssimas, e dos longes do mar no extremo dos horizontes. Sobretudo, olhando do alto para o fundo das serras, estão se vendo as nuvens debaixo dos pés que, como é coisa tão parecida com o céu, não só causam saudades, mas já parece que estão prometendo o mesmo que se vem buscar por estes desertos”.

Pacificação

O objetivo do padre Vieira era pacificar os nativos, já que Camocim havia sido considerado um ponto estratégico e até então vulnerável da colônia, a fim de garantir a unidade territorial do Brasil, o que conseguiu, permitindo a ligação terrestre entre o Maranhão e Pernambuco. Vieira descreve o êxito da sua jornada: “sucedeu por este tempo fazer viagem o governador André Vidal do Maranhão para Pernambuco por terra, com aviso que lhes fizeram os padres que estava seguro o caminho”.

Sobre Camocim, aliás, o navegador lembra um fato histórico que poderia ter mudado o destino de sua gente: “a Capital cearense cresceu em torno de uma fortaleza que foi erigida pelos portugueses no início do século XVII. Meio século depois, os portugueses decidiram transformar o Forte São Francisco, que havia sido soerguido pelos franceses, numa fortaleza. Tal não ocorreu porque o navio que, em fevereiro de 1656, transportava os materiais para a sua edificação nunca chegou ao seu destino”. Nos seus escritos, Vieira cita “uma sumaca (antigo navio à vela) com um capitão e 40 soldados e os materiais e instrumentos necessários à fábrica da fortaleza de Camuci”.
O padre Vieira revela ainda que “uma das mais dificultosas e trabalhosas navegações de todo o mar oceano é a que se faz do Maranhão até o Ceará por costa, não só pelos muitos e cegos baixios, de que toda está cortada, mas muito mais pela pertinácia dos ventos e perpétua correnteza das águas”.
O navegador português Abreu Freire destaca que, apesar das intempéries, o padre Vieira não se deu por vencido. “Como homem obstinado e tenaz, ele chegou à conclusão de que, se não era possível ir pelo mar, restava seguir por terra. E assim foi feito para viabilizar as missões de Camocim, mesmo sem a proteção da fortaleza que jamais foi construída”.
Bicicletas

Freire ficou impressionado com a quantidade de bicicletas encontradas na cidade do Litoral Oeste. No seu “Livro de Bordo”, ele descreve sua agradável surpresa. “É quase lua cheia e as dunas de uma brancura imaculada espelham pureza nesta paisagem única no mundo, onde o silêncio impõe o ritmo e o fluxo do viver. Só há um outro país do mundo onde as bicicletas têm tanta importância como aqui, a Holanda. Ao longo do calçadão que acompanha o Rio Coreaú quase até a barra, os cidadãos de Camocim passeiam a pé e de bicicleta tal como nas cidades holandesas”. O navegador confessa que o local lhe fez lembrar a Ria de Aveiro, em Portugal. “Talvez porque as dunas de Camocim se parecem tanto com as dunas da orla marítima aveirense”.

NOVO PROJETO
Documentário terá locações em terras cearenses

Em 2012/2013, um cruzeiro capitaneado pelo navegador português vai navegar em águas da Amazônia brasileira

António Abreu Freire já está trabalhando em outros projetos. Um deles é ainda sobre a vida do padre Antônio Vieira. Trata-se de um documentário que será mais direcionado ao Estado do Maranhão.

“Em 2012, São Luís vai festejar 400 anos de sua fundação. O material está sendo produzido por uma equipe maranhense. Sei que, provavelmente em maio, estaremos fazendo algumas filmagens na Serra da Ibiapaba, nos locais visitados pelo padre Vieira”.
Uma nova expedição também está sendo planejada. “Estamos preparando, para 2012 e 2013, mais uma viagem a bordo de um veleiro. Desta vez, pelos mesmos locais por onde andou um dos maiores cientistas europeus e luso-brasileiro de sempre: Alexandre Rodrigues Ferreira, que passou nove anos explorando a Amazônia, entre 1783 e 1792. Ele deixou um espólio científico extraordinário. As obras completas da sua “Viagem Filosófica” acabam de ser publicadas no Rio de Janeiro pela primeira vez”.
António Abreu relata que, juntamente com sua equipe de cientistas, Alexandre Rodrigues estudou todas as componentes geográficas, demográficas, físicas, biológicas, as florestas e a fauna do espaço amazônico, procurando, através do trabalho científico, os meios de criar riqueza. Alexandre nasceu na Bahia e morreu em Portugal.
Longa metragem

“Em 2015, se comemora os 200 anos da morte de Alexandre Rodrigues Ferreira e pretendemos homenageá-lo e recordar o seu trabalho às gerações atuais, publicando um grande álbum e um filme de longa metragem. Trata-se de um trabalho liderado por instituições de ensino superior do Brasil e de Portugal. Viajaremos no veleiro Saturno, que encontra-se nesse momento em fase de acabamento num estaleiro de Portugal”.

Ao repetir a trajetória de Alexandre e, posteriormente, de outros exploradores, o cruzeiro, conforme o professor e navegador António Abreu, pretende estudar, na atualidade, os problemas que foram enfocados pelo cientista há 200 anos.
Livros

Além do “Diário de Bordo”, a viagem realizada em 2007 permitiu ao professor António Abreu, que é doutor em Física e em Ciências Humanas, lançar outros livros alusivos ao missionário jesuíta português que deu vasta contribuição à história e à literatura do Brasil. Um deles é “Ação e Palavra, Vida e Obra do Padre Antônio Vieira”; outro lançamento importante é “Padre António Vieira – História de um Homem Corajoso: contada aos jovens e lembrada ao povo”. Escreveu ainda “Padre António Vieira- Educador, Estratega, Político”. Além disso, profere palestras em diversos tipos de instituições, tanto no Brasil como em Portugal. Informações Diário do Nordeste.

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