CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A IMIGRAÇÃO NO BRASIL

Colonização e imigração portuguesa

Imigrantes portugueses à espera do navio para o Brasil, século XX.
Entre 1500 e 1700, 100 mil portugueses se deslocaram para o Brasil, a maioria dos quais fazia parte da iniciativa privada que colonizou o País: grandes fazendeiros ou empresários falidos em Portugal que, através da distribuição de sesmarias, tentavam se enriquecer facilmente e retornar para Portugal. Dedicaram-se principalmente à agricultura, baseada no trabalho escravo, inicialmente efetuado por indígenas, mas sobretudo por escravos africanos.
No século XVIII aportaram no Brasil 600 mil portugueses, atraídos pela exploração de ouro que estava ocorrendo em Minas Gerais. Já não eram exclusivamente fazendeiros e agricultores, ganharam caráter urbano e se dedicaram principalmente à exploração do ouro e ao comércio.
Um mito recorrente é de que os portugueses vieram explorar o Brasil e depois retornaram para Portugal. Em contrapartida, nas Treze Colônias, os colonos ingleses foram com suas famílias tentar uma vida melhor. Seria esta a grande diferença entre a colonização do Brasil e a dos Estados Unidos. Durante muito tempo, os livros didáticos afirmaram que a América Anglo-Saxônica é rica porque foi uma colônia de povoamento, e entre os colonos figurava a elite britânica. A América Ibérica seria pobre porque foi uma colônia de exploração, povoada por degredados e criminosos. Tal tese está em decadência. Quem de fato povoou o Brasil não foram os degredados, mas a elite portuguesa. É verídico que alguns portugueses vieram explorar o Brasil e retornaram com as riquezas para Portugal, daí a origem dos termos brasileiro e mineiro, que designavam os portugueses que se enriqueceram na colônia e retornaram para a Metrópole. Porém, a grande maioria dos colonos permaneceu em definitivo no Brasil. É factível analisando a população do Brasil de 1872. Em torno de 80% dos brasileiros eram de origem portuguesa, dentre os quais havia uma população branca de 3,7 milhões, em sua esmagadora maioria de ascendência lusitana, pelo fato de que a entrada em massa de italianos e outros imigrantes só se deu a partir de 1875. Os mestiços, aqueles de origem mista entre portugueses, índios e africanos, eram 4,1 milhões. Os negros africanos perfaziam "somente" 1,9 milhões. A diferença entre as Américas ricas e as pobres tem poucas ligações com a raça de quem as colonizou. Outros fatores históricos são a base para essa distância de realidades sócio-econômicas[15]
No século XIX o Brasil tornou-se independente, dando fim a colonização portuguesa no País, embora a imigração de portugueses continuasse a crescer gradativamente. No final desse século, o fluxo de imigrantes portugueses cresceu rapidamente, sendo superado apenas pelos italianos. Entre 1870 e 1950, cerca de 1,4 milhão de portugueses desembarcaram no Brasil, em sua maioria camponeses que passaram a se dedicar ao comércio.

Colonização e imigração africana

Entrada de escravos africanos no Brasil[16]
Período 1500-1700 1701-1760 1761-1829 1830-1855
Quantidade 510.000 958.000 1.720.000 618.000
O tráfico internacional de escravos da África subsaariana para o Brasil foi um movimento migratório, embora forçado. Seu início ocorreu na segunda metade do século XVI, e desenvolveu-se no século XVIII, atingiu seu ápice por volta de 1845 até ser bruscamente extinto em 1850. Foi, certamente, a maior migração forçada da História Mundial.
Escravos em um porão de embarcação. Johann Moritz Rugendas, ca. 1810.
O tráfico negreiro foi uma atividade altamente lucrativa e legal que pagava impostos tanto para a Coroa portuguesa quanto para a Igreja Católica (dízimo). O tráfico negreiro iniciou-se oficialmente em 1559, quando a metrópole portuguesa decidiu permitir o ingresso de escravos vindos da África no Brasil. Antes disso, porém, transações envolvendo escravos africanos já ocorriam no Brasil, sendo a escassez de mão-de-obra um dos principais argumentos dos colonos.
A escravidão era utilizada nas mais desenvolvidas sociedades da África Subsaariana antes mesmo do início do tráfico negreiro para as Américas. Escravos negros eram comumente transportados através do Saara e vendidos no norte da África por mercadores muçulmanos. Estes escravos podiam ser pessoas capturados nas guerras tribais, escravizadas por dívidas não pagas ou mesmo filhos de outros escravos por várias gerações. A necessidade de trabalhadores escravos na América aumentou a procura de escravos de modo que passaram a ser organizados grupos que entravam pelo interior da África Subsaariana com o único propósito de capturar pessoas de outras nações para serem vendidas como escravos nos portos do litoral.
A maior parte dos escravos africanos provinham de lugares como Angola, Guiné, Benin, Nigéria e Moçambique. Eram mais valorizados, para os trabalhos na agricultura, os negros Bantos ou Benguela ou Bangela ou do Congo, provenientes do sul da África, especialmente de Angola e Moçambique, e tinham menos valor os vindo do centro oeste da África, os negros Mina ou da Guiné, que receberam este nome por serem embarcados no porto de São Jorge de Mina, na atual cidade de Elmina, e eram, por outro lado, mais aptos para a mineração, trabalho o qual já se dedicavam na África Ocidental. Por ser a Bahia mais próxima da Costa da Guiné (África Ocidental) do que de Angola, a maioria dos negros baianos são Minas.
Os traficantes trocavam os escravos por produtos como fumo, armas e aguardentes. Os escravos comprados eram transportados nos chamados navios negreiros principalmente para as cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Luís. As péssimas condições sanitárias existentes nas embarcações, que vinham superlotadas, faziam com que muitos escravos morressem, entretanto, a maior parte das mortes ocorria no transporte desde o local de captura até o porto africano de embarque. Quando desembarcavam em solo brasileiro, os escravos africanos ficavam de quarentena enquanto recuperavam a saúde e engordavam para serem vendidos em praça pública. A maior parte ainda viajava a pé para as regiões mais distantes do interior onde havia minas ou plantações.
Os escravos homens, jovens, mais fortes e saudáveis eram os mais valorizados. Havia um grande desequilíbrio demográfico entre homens e mulheres na população de escravos. No período 1837-1840, os homens constituíam 73,7% e as mulheres apenas 26,3% da população escrava. Além disto, os donos de escravos não se preocupavam com a reprodução natural da escravaria, porque era mais barato comprar escravos recém trazidos pelo tráfico internacional do que gastar com a alimentação de crianças.[17] Em relação à grande quantidade de escravos que aqui chegaram, a sociedade brasileira têm até poucos de seus descendentes.
Ao todo, entraram no Brasil aproximadamente quatro milhões de africanos na forma de escravos.[18]

Espanhóis, holandeses e franceses

Durante a colonização, um número impreciso de pessoas com origens em outras partes do mundo, além de Portugal e do Continente Africano, se fixaram no território que hoje corresponde ao Brasil. Embora a presença espanhola no Brasil durante o período colonial tenha sido importante em algumas regiões específicas, ela foi frequentemente ignorada ou mesmo negada. O historiador Capistrano de Abreu, em seu clássico A História do Brasil, de 1883, chegou mesmo a afirmar que os espanhóis não tiveram nenhuma importância na formação histórica brasileira ou, se a tiveram, ela foi menor do que a dos franceses. O próprio IBGE afirma que houve um "exagero" da parte do autor. A presença de colonos espanhóis no Sul do Brasil foi "histórica e demograficamente densa", como salienta o IBGE.[19] Isto porque grande parte da região Sul do atual Brasil foi uma zona de disputa entre Portugal e a Espanha e, como não havia barreiras naturais impedindo a movimentação de pessoas (exceto o Rio Uruguai a oeste), por séculos houve ali uma convivência (frequentemente conflituosa) entre lusos e hispânicos.[20] O antropólogo Darcy Ribeiro escreveu que os gaúchos dos pampas "Surgem da transfiguração étnica das populações mestiças de varões espanhóis e lusitanos com mulheres guarani", demonstrando a importância do elemento espanhol na formação da população na zona fronteiriça entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai. Um estudo genético realizado pela FAPESP chegou mesmo a concluir que os espanhóis tiveram uma maior importância na formação étnica dos gaúchos do Sul do Brasil do que os próprios portugueses.[21]
Outro povo que se estabeleceu no Brasil colonial foi oriundo da Holanda. Os holandeses invadiram diferentes partes do Brasil, a mais duradoura invasão ocorreu em Pernambuco, onde permaneceram por 24 anos (de 1630 a 1654). Existem mitos, especulações e até um certo "romantismo" em relação à presença holandesa no Brasil. Até hoje esse tema levanta discussões, quase sempre suscitando o imaginário de como seria o Brasil atualmente se tivesse sido colonizado pelos holandeses.[22] Em relação à uma possível contribuição holandesa para a formação da população brasileira, não existem dados sobre quantos holandeses permaneceram no Nordeste após a retomada do domínio português na região, tampouco se eram em número suficiente para ter deixado algum legado minimamente importante após apenas 24 anos de presença. Um estudo genético, porém, abre a possibilidade de ter havido alguma contribuição holandesa para a formação da população do Nordeste, com base numa análise do cromossomo Y.[23]
Durante o período de dominação holandesa, não foram poucos os casamentos entre holandeses oficiais da WIC e brasileiras pertencentes a aristocracia açucareira da época, [24] e ainda muito mais numerosas as uniões informais entre os praças da WIC com negras, índias, mestiças e brancas pobres.
Autores do período afirmam não terem sido poucos os colonos holandeses livres que se dedicavam à agricultura[25][26]
Gilberto Freire explica que a onomástica holandesa não é encontrada entre os descendentes de holandeses no nordeste devido a uma estratégia de sobrevivência, eles precisaram fugir para o interior e aportuguesaram seus nomes holandeses para se camuflarem à população local e com isso conseguirem escapar das tropas luso-brasileiras e da Inquisição católica, que também os perseguia por serem em maioria calvinistas ou judeus.
Os franceses também invadiram as regiões onde atualmente ficam parte do Maranhão e do Rio de Janeiro. Ficaram muito pouco tempo no Brasil, foram rapidamente expulsos, mas alguns deles deixaram filhos tidos com mulheres indígenas.[27] Porém, assim como no caso dos holandeses, não existe nenhuma comprovação factível que os franceses tenham tido qualquer influência considerável na formação do povo brasileiro.
Portugal sempre foi muito preocupado em impedir a entrada de europeus de outras nacionalidades no Brasil. Foi só em 1808, com a abertura dos portos, que foi permitida a entrada de cidadãos de outras nacionalidades no país. Até então, somente portugueses e escravos africanos podiam entrar de forma livre na colônia. Com a exceção da região de disputa de fronteira do Sul, onde a presença espanhola foi marcante,[19] no resto do Brasil a presença de outros povos, além de portugueses e de africanos, foi bastante exígua. Tal fato só se alterou no século XIX, quando permitiu-se a migração de outros grupos para o país. O Brasil se mostrava muito diferente dos Estados Unidos. A Inglaterra não se preocupava em limitar a entrada de não ingleses nas suas colônias da América do Norte. Desde os primórdios da colonização do atual Estados Unidos, além dos ingleses, diferentes nacionalidades europeias para lá se deslocaram, como suecos, espanhóis, alemães, irlandeses, escoceses, holandeses, franceses, além de diversas etnias de escravos africanos.[28]
No Brasil, as origens da população colonial eram bem menos diversificadas, compostas basicamente de portugueses e de diferentes etnias africanas, além de índios. Todavia, os diferentes "cruzamentos" entre esses povos davam ao Brasil, desde o período colonial, um caráter de sociedade multi-étnica.[27] A partir do século XIX, a população do Brasil se diversificou mais, quando para o país passou a se dirigir correntes migratórias de origens relativamente diversificadas. Todavia, mais de 80% do fluxo migratório para o Brasil veio de apenas três países: Portugal, Itália e Espanha.[29] Nos Estados Unidos, por outro lado, os imigrantes vinham de quase todos os cantos da Europa.[30]

Colonização e imigração de não lusos e não africanos

Os primeiros grupos de imigrantes não lusos e não africanos chegaram ao Brasil, de forma organizada, somente depois da abertura dos portos de 1808.
Excetuando os portugueses e alguns poucos estrangeiros que se tornaram súditos de Portugal, os primeiros imigrantes voluntários a vir para o Brasil após a abertura dos portos foram os chineses de Macau que chegaram ao Rio de Janeiro em 1808.[31][32] Cerca de 300 chineses de Macau foram trazidos pelo governo do príncipe regente (futuro rei D. João VI) com o objetivo de introduzir o cultivo de chá no Brasil. Eles tiveram importante participação na aclimatação de plantas feitas pelo recém-criado Jardim Botânico do Rio de Janeiro[31][32]
Entretanto, a mão-de-obra livre de imigrantes estrangeiros ainda era considerada dispensável pelos grandes fazendeiros. Na primeira metade do século XIX ainda desembarcaram no Brasil cerca de um milhão e 300 mil africanos subsaarianos, certamente o maior grupo de imigrantes recebido neste período.
Nova Friburgo durante sua colonização 1820-1830.
O primeiro movimento organizado, contratado pelo governo brasileiro, de imigrantes europeus foi a imigração suíça para a região serrana do Rio de Janeiro.[33]
Em 16 de maio de 1818, o príncipe regente baixou um decreto autorizando o agente do Cantão de Friburgo, Sebastião Nicolau Gachet, a estabelecer uma colônia de cem famílias de imigrantes suíços. Entre 1819 e 1820, chegaram ao Brasil 261 famílias de colonos suíços, 161 a mais do que havia sido combinado nos contratos, totalizando 1.686 imigrantes. A sua maioria era composta de suíços de cultura e língua francesa. Os imigrantes estabeleceram-se na fazenda do Morro Queimado, situada na então vila de Cantagalo. A região era conhecida pelo seu clima ameno e relevo acidentado, o mais semelhante que poderia haver no Rio de Janeiro com a Suíça. Muitos dos imigrantes suíços logo abandonaram seus lotes e se dispersaram por toda a região serrana e centro-norte do estado do Rio de Janeiro, em busca de terras férteis e mais acessíveis.
O segundo movimento organizado foi de imigrantes alemães que também se estabeleceram na mesma região em 3 maio de 1824. A colônia de suíços e alemães originou a atual cidade de Nova Friburgo no Rio de Janeiro.
Desde a Independência do Brasil, diversas leis proibiram o tráfico internacional de escravos para o Brasil, mas foi somente com pressão militar e política da Grã-Bretanha e a atuação do ministro Eusébio de Queiroz a partir de 1850 que terminou o tráfico negreiro. O Brasil começou então a pensar em atrair imigrantes não-portugueses. Nas fazendas, começou a se utilizar o colonato, uma forma de trabalho semi-assalariado. O imigrante e sua família recebiam o salário misto, entre dinheiro e um pedaço de terra para plantar seu próprio sustento. As jornadas de trabalho exaustivas e a exploração por parte dos fazendeiros faziam os primeiros imigrantes deixarem as plantações de café e partirem para os centros urbanos, onde se dedicaram ao comércio e à indústria.
A dificuldade destes imigrantes europeus se adaptarem ao sertão do Oeste do Estado de São Paulo foi assim explicado pelo governador de São Paulo, Washington Luís, em sua mensagem ao Congresso do Estado de São Paulo (atual Assembléia Legislativa), em 1922:
Cquote1.svg Pretender, nas extremas terras cobertas ainda de mata-virgem, que só o machado do nosso caboclo sabe desbastar, com homens de outros climas e afeiçoadas a outros hábitos, rompendo com tudo que o senso prático tem fundado, no decurso de anos, estabelecer uma nova organização agrícola não é descortino de estadista, senão sonho de visionário. O fracasso de tal inovação será fatal. Cquote2.svg
Washington Luís

Povoamento imigrante no sul

Após a independência, a imigração passou a fazer parte da política Imperial, pois o Sul do Brasil continuava despovoado e alvo da cobiça dos países vizinhos. O governo passou a incentivar a implantação de núcleo de colonos imigrantes no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Imigração italiana para o sul

Casa de pedra em Nova Veneza: marco da colonização italiana.

Rio Grande do Sul

As primeiras colônias italianas do Sul do Brasil nasceram na Serra Gaúcha, entre os vales dos rios Caí e das Antas, limitando-se ao norte com os campos de Cima da Serra, e ao sul com as colônias alemãs do vale dos rios das Antas e Caí.
Os italianos foram atraídos para o Sul do Brasil com o intuito de substituir a colonização alemã, pois, na Alemanha, criara-se mecanismos para impedir a imigração para o Brasil, pois muitas denúncias contra essa imigração eram feitas, tendo em vista que muitos passavam privações no país. Os colonos alemães, assim que chegavam ao Rio Grande do Sul, rumavam para as colônias já estabelecidas, apartando-se de se aventurar nas matas fechadas das serras. Para ocupar as matas fechadas, optou-se pela vinda de imigrantes italianos.
No ano de 1875, foram criadas as colônias Conde D'Eu e Dona Isabel, atuais Bento Gonçalves e Garibaldi. No mesmo ano, criou-se a colônia Caxias (atualmente Caxias do Sul) e em 1877 Silveira Martins. A partir dessas quatro colônias, os italianos passaram a se expandir pelas região serrana.
Caxias do Sul tornou-se a colônia mais próspera da região, servindo de base para o surgimentos de diversas outras, como Mariana Pimentel (1888), Barão do Triunfo (1888), Vila Nova de Santo Antonio (1888), Jaguari (1889), Ernesto Alves (1890) e Marquês do Erval (1891). Ali plantavam produtos de subsistência, como o milho e o trigo. Mas o cultivo que marcou sua presença no Rio Grande do Sul foi a videira.
A maior parte desses imigrantes eram camponeses vindos do Norte da Itália, e se tornavam pequenos cultivadores no Brasil. Estima-se que do total de imigrantes que veio para o estado, 54% era de vênetos, 33% de lombardos, 7% de trentinos, 4,5% de friulanos e as outras regiões forneceram os restantes 1,5%. Calcula-se que, entre 1875 e 1914, entraram no estado entre 80 e 100 mil italianos.

Santa Catarina

Em Santa Catarina, imigrantes italianos vindos da Sardenha já habitavam a região de Nova Itália (hoje, São João Batista) desde 1836. Porém, a imigração só começaria de fato em 1875. Foram criadas as colônias de Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiúna, em torno da colônia alemã de Blumenau; Porto Franco (atual Botuverá) e Nova Trento, em torno da colônia Brusque. A colonização italiana se deu em maior expressividade no sul do estado, no vale do rio Tubarão, as colônias de Azambuja, Pedras Grandes e Treze de Maio: no vale do Urussanga, os núcleos de Urussanga, Acioli de Vasconcelos (atual Cocal) e Criciúma. Outras colônias foram criadas e ocupadas por italianos vindos do Rio Grande do Sul.

Paraná

No Paraná, os primeiros colonos italianos chegaram em 1878 e se fixaram no litoral, porém pouco tempo depois partiram para a região de Curitiba, fixando-se em diversas cidades. Neste estado, os italianos vieram principalmente trabalhar na produção do café.

Imigração alemã no sul

Chegada dos primeiros imigrantes alemães ao Rio Grande do Sul, 1824.

Oratório do Bosque Alemão em Curitiba.
O Imperador do Brasil passou a se dedicar a ocupação das terras vazias do Sul do Brasil. Para cumprir essa tarefa, o governo brasileiro optou pela vinda de imigrantes. O Brasil acabara de se tornar independente de Portugal, portanto, os portugueses não podiam ser. A imperatriz do Brasil, Dona Leopoldina, era austríaca e, por essa razão, o Brasil optou por trazer imigrantes germânicos para o país. Os alemães tornaram-se os terceiros imigrantes europeus a se estabelecerem no Brasil, após os portugueses e os suíços que fundaram Nova Friburgo. Cidade esta, que também recebeu a primeira leva de imigrantes alemães em 3 de maio de 1824.
Outro grupo de colonos alemães aportou no Brasil em 1824. Foram recrutados pelo major Jorge Antônio Schäffer e encaminhados para o atual município de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Os colonos tiveram que construir suas próprias casas, receberam sementes para a plantação e gado para o sustento. De início, São Leopoldo não se desenvolveu. Porém, com a chegada de novos imigrantes, a colônia cresceu. A partir de São Leopoldo, os alemães desbravaram a região, seguindo o caminho dos rios. Em alguns anos, toda a região do Vale do Rio dos Sinos estava sendo ocupada pelos colonos germânicos. Em 1826, surgiu o primeiro curtume na região do vale. A seguir, foram construídos moinhos de trigo, uma fábrica de sabão, ferrarias, oficinas de lapidação de pedras, além de um número enorme de sapatarias (ainda hoje um dos maiores pólos da indústria calçadista do Brasil).
A colonização continuou a medida que os alemães, em sua maioria partindo de São Leopoldo, buscavam novas terras em lugares mais distantes. Essas colônias já não eram patrocinadas pelo governo, mas colônias privadas. Colônias antigas, como Novo Hamburgo, estabelecida pouco tempo depois de São Leopoldo, serviu de apoio para a criação de colônias mais novas, como Estrela (1853), Lajeado (1853) e Teutônia (1868). Outras colônias, só foram criadas tempos depois, como Ijuí (1890), Sobradinho (1901) e Erechim(1908). Essas últimas colônias já não eram exclusivamente alemãs, pois agregavam imigrantes de outras nacionalidades. A imigração alemã no Rio Grande do Sul foi contínua. Entre 1824 e 1830 entraram no Rio Grande 5.350 alemães. Depois de 1830 até 1844 a imigração foi interrompida. Entre 1844 e 50 foram introduzidos mais dez mil, e entre 1860 e 1889 outros dez mil. Entre 1890 e 1914 chegaram mais 17 mil. Os protestantes formaram a maioria dessa corrente imigratória e igrejas luteranas foram estabelecidas nas colônias para atender aos fiéis. Porém, o número de católicos também era grande. Com o passar do tempo, a maior parte dos alemães e descendentes passaram a ser católicos.
Em Santa Catarina os primeiros colonos alemães aportaram em 1829, na atual cidade de São Pedro de Alcântara. Essa colônia fracassou. A grande colonização germânica no estado só ocorreu um pouco mais tarde, a partir de 1850. A colônia de Blumenau, no vale do Rio Itajaí-Açu, foi criada por Hermann Blumenau em 1850. Acompanhado por outros 17 alemães, Hermann achou um clima da região agradável, cortada pelo rio, propícia para a fundação de uma colônia. Em 1860, ele vende a colônia para o governo imperial e em 1880, Blumenau torna-se município, contando com 15.000 habitantes, em sua maioria alemães. Em 1851, inicia-se a colonização de outra região de Santa Catarina, a partir da fundação da Colônia Dona Francisca, atualmente Joinville. Entre 1850 e 1888, chegaram à região 17.000 colonos alemães, em sua maioria protestantes, agricultores sem recursos, comerciantes e artesãos. A partir dessa colônia, os alemães se expandiram e colonizaram todo o norte de Santa Catarina.
No Paraná os alemães também marcaram forte presença em todas as regiões do estado. A primeira colônia foi fundada em 1829 em Rio Negro. Em 1855 alemães originários da Prússia fundam as Colônias de Terra Nova e Santa Leopoldina em Castro. Entre 1877 e 1879, chegou número apreciável de alemães vindos da Rússia (os alemães do rio Volga, ver artigo: Alemães-Bessarábios).
A maior parte dos imigrantes chegou no início do século XX, vindos diretamente da Alemanha, e se estabeleceram sobretudo nas regiões leste e sul (em cidades como Curitiba, Ponta Grossa, Palmeira, Rio Negro, Ivaí, Irati, Cruz Machado, entre outras). Em meados dos anos 1950, pessoas oriundas de colônias alemãs em Santa Catarina e Rio Grande do Sul também migraram para a Região Oeste e Sudoeste do estado. Nesta mesma época Suábios da região do Rio Danúbio criaram Entre Rios, em Guarapuava, e imigrantes oriundos de Danzig ocuparam a região de Cambé e Rolândia, no Norte do estado.
Em Curitiba, os imigrantes alemães começaram a chegar, em maior número, a partir de 1833, e influenciaram fortemente a cultura e a economia local. Muitos casarões, alguns ainda existentes nos bairros São Francisco, Hauer, Pilarzinho, Lamenha Pequena e Vista Alegre, foram construídos por alemães. Para preservar a cultura germânica, os imigrantes organizaram-se em sociedades teuto-brasileiras, como o Clube Concórdia, Clube Rio Branco, Duque de Caxias, Clube Thalia, Graciosa Country Club e o Coritiba FC.
Hoje, a maior colônia de alemães Paranaenses está no município de Marechal Cândido Rondon, que guarda na fachada das casas, na culinária e no rosto de seus habitantes a marca da colonização.
Imigração alemã para o Brasil (1824-1969)
Período 1824-47 1848-72 1872-79 1880-89 1890-99 1900-09 1910-19 1920-29 1930-39 1940-49 1950-59 1960-69
Quantidade 8.176 19.553 14.325 18.901 17.084 13.848 25.902 75.801 27.497 6.807 16.643 5.659

Imigração eslava no sul

Arquitetura ucraniana no Parque Tingüi, em Curitiba.
Os povos eslavos, em sua maioria poloneses, formaram a maior corrente imigratória no estado do Paraná.
Entre 1869 e 1920, estima-se que 60.000 poloneses entraram no Brasil, dos quais 95% estabeleceram-se no Paraná, nas colônias de Mallet, Cruz Machado, São Mateus do Sul, Irati e União da Vitória e na região de Curitiba. Em menor quantidade, rumaram para o interior dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Os ucranianos também rumaram em sua maioria para o Paraná e colonizaram a região de Prudentópolis.
Imigrantes russos também vieram, mas em pouca quantidade.[34][35]
Os imigrantes eslavos se dedicaram principalmente à agricultura com plantações de milho, feijão, repolho, batata, etc. Difundiram o uso do arado e de outras técnicas agrícolas no Paraná. Trouxeram consigo um modelo de carroça tipicamente eslava, utilizada até hoje no Paraná para o transporte de materiais e de produção agrícola.

Grupos étnicos imigrantes

Imigrantes portugueses

Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, fundado por um grupo de imigrantes portugueses. É a maior biblioteca de autores portugueses fora de Portugal.[36]
Os portugueses representam o maior contingente de imigrantes entrados no Brasil. Calcula-se que devam viver atualmente, no país, 213.203 portugueses,[37] concentrados nos grandes centros urbanos, com destaque especial para o Rio de Janeiro e São Paulo.
O fluxo imigratório português se acelerou a partir do ciclo do ouro, em Minas Gerais (século XVIII), e manteve-se relativamente elevado até a década de 1950; a partir daí, os portugueses passaram a emigrar para a França, Alemanha e outros países europeus, graças à recuperação econômica do continente. Na década de 1970, devido ao processo de descolonização, o Brasil recebeu uma onda de imigrantes portugueses provenientes, principalmente, das ex-colônias portuguesas na África (Angola e Moçambique).

Imigrantes italianos

Os primeiros italianos chegaram ao Brasil em 1875, estabelecendo-se no Rio Grande do Sul, na região serrana e também em Santa Catarina, onde o clima era mais ameno, assemelhando-se um pouco com as regiões de onde vieram, especialmente do Vêneto (norte italiano),[38][39] de onde provinha a maior parte das famílias imigrantes. Logo após essa época, São Paulo tornou-se o maior pólo receptor de italianos, que inicialmente se encaminharam para as zonas cafeicultoras do interior. Em pouco tempo, entretanto, acabaram por migrar para a capital, vindo a se constituir em importante mão-de-obra para a indústria que então se iniciava.
Os italianos deixaram suas marcas em cidades e bairros, influenciando hábitos alimentares e linguísticos das regiões onde se estabeleceram.

Imigrantes alemães

Gramado, uma cidade marcada pelos traços alemães.
As primeiras levas de imigrantes alemães chegaram em 1824 e, desde então, deram preferência à região Sul do Brasil, onde fundaram a colônia de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A partir de 1850, foram se instalando em Santa Catarina, sobretudo no vale do Itajaí, onde surgiram Brusque, Joinville e Blumenau, cidades de marcantes características alemãs. Atualmente, a cidade de São Paulo, sobretudo no bairro de Santo Amaro,[40] e os três estados sulinos abrigam quase a totalidade dos imigrantes alemães e seus descendentes brasileiros.[40]

Imigrantes espanhóis

Depois dos portugueses e italianos, é o terceiro maior contingente imigratório do Brasil. Fixando-se principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, iniciaram suas atividades em fazendas, mas acabaram por migrar para as cidades. Atualmente, tal como os portugueses, os espanhóis têm migrado para países europeus, sendo restrita sua participação entre os imigrantes que chegaram após 1970.[41]

Imigrantes japoneses

A imigração japonesa teve início em 1908, quando aportou no Brasil o navio Kasato Maru, com 165 famílias a bordo. Estabeleceram-se inicialmente no estado de São Paulo e depois no Pará, onde se desenvolve importante núcleo produtor de pimenta-do-reino (Tomé-Açu). Fixaram-se principalmente em colônias rurais, onde introduziram importantes inovações na indústria de hortifrutigranjeiros. Na cidade de São Paulo, foram se concentrando num bairro — a Liberdade —, que adquirindo características de sua cultura, perceptíveis principalmente nas ruas e cartazes. Além disso, instalados no cinturão verde em torno da cidade, são responsáveis pela maior parte do estabelecimento de frutas, legumes, verduras, aves e ovos para a população da metrópole paulista.
Atualmente, estima-se em mais de 1 milhão e 200 mil os japoneses e seus descendentes até a quarta geração vivendo no Brasil.[42]

Outros grupos imigrantes

Entre os do leste europeu, o maior destaque numérico cabe aos poloneses e ucranianos, que se fixaram, em sua maioria, no Paraná, dedicando-se à agricultura e pecuária.
Os sírio-libaneses (árabes) distribuem-se por todo o território nacional, dedicando-se a atividades predominantemente urbanas, como o comércio e a indústria. Vieram principalmente na segunda metade do século XIX e na primeira década do século XXI, mais precisamente em 2006, devido à segunda guerra do Líbano.
Os judeus, sobretudo de origem alemã e eslava, vieram para o Brasil principalmente às vésperas e durante a Segunda Guerra Mundial dirigindo-se para o Sul e o Sudeste. Passaram a dedicar-se, como os árabes, a atividades urbanas (especialmente comércio e indústria).
Memorial do Imigrante no bairro do Brás, em São Paulo.FONTE:WIKIPÉDIA

5 comentários:

  1. Bom dia
    No Ceará tem descendentes poloneses

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  2. Ainda somos um País em construção porque não garantimos o direito à terra e vida digna aos que aqui estavam em 1500, os nativos; o reconhecimento pelos africanos terem sido os principais construtores do Brasil com o trabalho forçado e aos milhões de imigrantes europeus que vieram para fazer o Brasil buscando a sobrevivência e seus descendentes se encontram espalhados por todo o território.Todos estes povos somos nós que precisamos incorporar como unidade.Daí a importância deste Blog.Parabéns!

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  3. E os que tinham o sobrenome FREDERICO no ceará? Italianos ou Alemães vieram pro CEARÁ?

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  4. Muito interessante e inteligente o blog ressalva e relembra a história realmente num mundo capitalista e materialista. Tenho uma curiosidade sobre meus antepassados espanhóis que entraram pelo Porto de Camocim tenho nome e sobre nomes do meu trisavo e tataravô onde poderia encontrar algum registro dos mesmos seria de grande ajuda para resgatar um pouco da história da família se poder me informar -lhe agradeço antecipadamente adiantando o nome deles antonio Domingues Machado e Clarindo Domingues Machado.

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