CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

A partir do anúncio da paixão, uma nova fase se estabelece na vida de Jesus, na compreensão de Sua pessoa e na forma como devem ser os Seus discípulos.

 


A partir do anúncio da paixão, uma nova fase se estabelece na vida de Jesus, na compreensão de Sua pessoa e na forma como devem ser os Seus discípulos. Essa nova fase não será mais de euforia, mas de rejeição, sofrimento e perda, inclusive, de muitos dos Seus discípulos. Jesus prepara mais diretamente os Seus, pois todos deverão enfrentar os mesmos desafios Dele. Eles deverão ser fortalecidos na fé e no conhecimento de tudo aquilo que Jesus propõe para todos, para a realização do projeto do Pai. A Eles, Jesus se revela como Servo, como quem não possui outra forma de ser senão a de obediência, de entrega total, totalmente desapegado e livre de todo tipo de amarras. Seu ser é todo para o Pai e de modo exclusivo. Por ser todo para o Pai, torna-se todo para a humanidade, para a salvação de todos. Em si não manifesta nenhum interesse pelas riquezas do mundo e seu poder, não suporta a ideia de ser rei político, representante de nenhuma forma de governo humano. Não passa pela sua cabeça ser o cumpridor da promessa messiânica no sentido de ser o Novo Davi, o restaurador da dinastia de Israel segundo a compreensão das lideranças e do povo de Israel. Inclusive isso passava pela cabeça de todos os Seus apóstolos e discípulos. Pedro, por exemplo, sentindo-se na autoridade de corrigir Jesus, pretende convencê-Lo do contrário, possibilitando a reprodução da terceira tentação de Jesus no deserto. As palavras proferidas por Pedro, naquela situação, são como que tropeço para vida de Jesus. Isso significa total desconhecimento dele tanto nessa questão quanto na afirmação de que Jesus é “o Cristo, o Filho do Deus vivo”. É certo que Pedro descobriu que Jesus é o MESSIAS, mas O quis dentro dos seus conceitos pessoais. Por isso, depois de uma revelação importante, cair na armadilha de ser como que “uma pedra de tropeço”. Na verdade, tanto Pedro quanto os demais necessitavam mudar completamente de mentalidade.

Segundo Mt, os ensinamentos de Jesus são dirigidos aos Seus discípulos. Mc, por sua vez, acrescenta também a multidão; e Lc, sem restringir ninguém, entende que o ensinamento de Jesus é para todos, é universal. Nesse ensinamento, Jesus deixa claro que Seus discípulos jamais deverão viver em vista de si mesmos, não ter medo de carregar a cruz e seguir o Servo sofredor, fazendo de suas vidas verdadeiros dons de entrega de si mesmos para o bem de todos. Eles não devem seguir os ditames do corpo. São Paulo adverte: “Meus irmãos, eu vos peço pela misericórdia de Deus que ofereçais os vossos corpos como uma oferta viva, santa e agradável a Deus. Que este seja o vosso culto espiritual” (Rm 12,1). Em outras palavras, devem colocar em prática as Bem-Aventuranças. Além disso, não devem colocar suas vidas como algo absoluto, no sentido de não se “desgastarem” por amor ao Reino dos Céus. A vida de cada um é um dom, mas deve ser colocada à disposição da salvação, da vontade de Deus. O contrário não seria vida. Querer salvar a própria vida, segundo a mentalidade humana, é o mesmo que fazer uma estrada de morte, porque as escolhas são sempre contra a própria natureza. A verdadeira vida é aquela oferecida por Jesus: Sua própria vida, a vida ETERNA. Os discípulos não devem se apegar às coisas do mundo e suas riquezas, não devem lutar por interesses que não sejam salvíficos; devem ser desapegados, livres, solidários, disponíveis e amantes do bem e da verdade. Os que têm coragem de “perder” a vida do mundo, certamente ganharão a Vida de Deus. A vida de um discípulo se manifesta no esplendor de uma mente plena da FÉ, um coração repleto do AMOR e uma vontade transbordante de ESPERANÇA.

No versículo 28, Mt estabelece uma ligação entre esse momento e a Transfiguração: “Alguns dos que estão aqui não morrerão antes de verem o Filho do Homem vindo com Seu Reino”. Alguns discípulos experimentarão a vinda do Filho de Deus especialmente na Transfiguração (Pedro, Tiago e João), e todos eles na experiência com o Ressuscitado. O fato é que o sentido da vida dos discípulos foi profundamente estabelecido pela pessoa mesma de Jesus como Messias de Deus. O encontro dos discípulos com Jesus já foi, de certa forma, escatológico. A sucessão de eventos vai marcando e aprofundando uma intimidade para todo o sempre.


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