CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Jesus respondeu: "Por que tu me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se tu queres entrar na vida, observa os mandamentos". 1

 




Naquele tempo, 16 alguém aproximou-se de Jesus e disse: "Mestre, o que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?" 17Jesus respondeu: "Por que tu me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se tu queres entrar na vida, observa os mandamentos". 18 O homem perguntou: "Quais mandamentos?" Jesus respondeu: "Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, 19 honra teu pai e tua mãe, e ama teu próximo como a ti mesmo". 20 O jovem disse a Jesus: "Tenho observado todas essas coisas. O que ainda me falta?" 21 Jesus respondeu: "Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me". 22 Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.


— Palavra da Salvação.



Reflexão



O texto acima nos apresenta três coisas sobre as quais devemos pensar e tomar uma decisão: a primeira diz respeito à pergunta feita por um “alguém”: “Bom Mestre, o que devo fazer para ganhar a vida eternal?” Antes de tudo, convém assinalar que esse alguém, não tendo nome, é qualquer um que tenha o desejo da conquista da vida segundo Deus; aquele ou aquela que deseja ir mais além, que sente o desejo de Deus dentro dele ou dela e coloca-se a caminho, mas necessitando, ao mesmo tempo, de uma verdadeira orientação. Depois, o adjetivo “bom”, aplicado somente a Deus, pois faz referência a essência mesma de Deus, que é a bondade, a verdade e a vida. As coisas e as pessoas podem ser vistas como boas, mas na relação com o Criador, que é o BOM e que, por isso mesmo, faz tudo bom ou muito bom. Em seguida, o termo “mestre”, usado aqui, com a finalidade de revelar a verdadeira estrada da salvação. Nesse caso, ao chamar Jesus de “Bom Mestre”, o texto aponta para Sua condição divina.


 


O segundo ponto é o que diz respeita às exigências para se tornar um discípulo de Jesus. Necessária se faz a prática dos Mandamentos do Senhor. Interessante porque o texto não cita os Mandamentos referentes a Deus, mas tão somente ao próximo. Isso não quer dizer que Jesus está abandonando alguns mandamentos, pelo contrário, ele está agindo de tal forma como se quisesse dizer que os Mandamentos ligados a Deus só podem ser vividos se Seus discípulos colocarem em prática o bem do próximo, pois voltar-se para Deus constitui falsa religião quando se despreza o próximo. Além disso, prescindir do próximo é puro subjetivismo, individualismo e fanatismo. No amor ao próximo revelamos o amor por Deus simultaneamente. Os discípulos necessitam voltar-se para o Senhor não somente pela fé, mas também, e de modo preciso, por meio do exercício da caridade e da defesa da vida. Num todo de vida dedicada, encontram-se características como disponibilidade, solidariedade e fraternidade, virtudes indispensáveis na vida de fé.


 


No terceiro ponto, próprio do texto de Mc, base dos dois primeiros, encontra-se o despojamento total. Jesus exige, além de uma entrega absoluta de si, uma decisão firme e plena. Antes de apontar a última exigência, Jesus fita aquele que dele se aproxima, ama-o sem reservas. O verbo “Fitar” é o mesmo que olhar para o outro atenciosamente, priorizá-lo, levá-lo em conta, lê-lo por dentro. Jesus o ama, quer dizer: encontra nele reta intenção, desejo sincero, o contrário dos fariseus hipócritas, vontade de vitória, mas, ao mesmo tempo, percebe sua fraqueza. É nesse momento que Jesus manifesta sua exigência mais profunda: “Vai, vende o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me!” O que Jesus quer ultrapassa a lógica do mundo, algo que nem parece desse mundo. Trata-se de algo absolutamente inusitado na história.


 


Como é possível renunciar a uma vida toda de luta, as conquistas pessoais, os próprios sonhos, a riqueza adquirida somente para seguir um “mestre”, alguém que consegue com suas ideias não somente envolver uma plateia, mas, de fato, ruir todo o “império” da lógica tirânica do mundo? Abate-se o coração do homem diante da proposta de Jesus, entristece-se o coração apegado ao mundo material e, portanto, a si mesmo. Somente por meio de uma grande fé, de algo extremamente superior a tudo, quando Jesus Cristo se torna o melhor projeto de vida, o homem terá condições de fazer tal câmbio. Aqui está a grande exigência para quem deseja ser discípulo: ser capaz de crer em Jesus não somente como um Mestre, um Guia espiritual, um grande homem, o maior dos profetas, mas, muito mais que isso, é necessário crer Nele como Senhor, Deus verdadeiro e homem verdadeiro, não o substituir por nada nem por ninguém, crendo que Ele é um com o Pai e com o Espírito Santo, e procurar agir do jeito Dele. Mediante tal fé, será possível ser todo para o bem dos outros, tornando visível o olhar apaixonado para o céu. Uma vida que encontrou verdadeiramente a intimidade com o Filho de Deus, jamais olhará esse mundo e suas ilusões com paixão, apego e razão de ser.


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