CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

segunda-feira, 11 de março de 2024

EVANGELHO DO DIA. Converter-se para se salvar. Amar como Jesus.





1 Houve uma festa dos judeus, e Jesus foi a Jerusalém. 2Existe em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Betesda em hebraico. 3 Muitos doentes ficavam ali deitados — cegos, coxos e paralíticos. 4 De fato, um anjo descia, de vez em quando, e movimentava a água da piscina, e o primeiro doente que aí entrasse, depois do borbulhar da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse. 5 Aí se encontrava um homem, que estava doente havia trinta e oito anos.
6 Jesus viu o homem deitado e sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: “Queres ficar curado?” 7 O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. 8 Jesus disse: “Levanta-te, pega tua cama e anda”. 9 No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar.
Ora, esse dia era um sábado. 10 Por isso, os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: “É sábado! Não te é permitido carregar tua cama”. 11 Ele respondeu-lhes: “Aquele que me curou disse: ‘Pega tua cama e anda’”. 12 Então lhe perguntaram: “Quem é que te disse: ‘Pega tua cama e anda?’” 13 O homem que tinha sido curado não sabia quem fora, pois Jesus se tinha afastado da multidão que se encontrava naquele lugar.
14 Mais tarde, Jesus encontrou o homem no Templo e lhe disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. 15 Então o homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. 16 Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado.
— Palavra da Salvação.

Reflexão

1. João nos mostra que a salvação só pode acontecer através de Jesus Cristo. A piscina de Betesda (casa da misericórdia), no modo como nos foi apresentada, está na esteira dos ritos populares de envolvimento como os ditos "deuses salvadores", uma forma de idolatria, que atribui poder a uma ilusão e nela se move. O que nos chama atenção aqui é o fato de saber que Israel combate tanto a idolatria e qualquer envolvimento com ela, mas, de certo modo, permitiu, sutilmente, a entrada de tal devoção pagã justamente no dia de sábado. Era comum a existência de santuários pagãos, desse tipo, antigamente. Havia uma mentalidade mágica das coisas: água, objetos, etc. Se bem que alguém poderia perguntar: mas e a água benta, não estaria no mesmo significado? A resposta é não. A água por si só não tem poder algum, a não ser o de possibilitar a limpeza física. Água benta, ao contrário, é água abençoada, tornou-se um sacramental. Nesse caso, o mais importante é a bênção dada, não a água em si. Convém lembrar de que o que foi abençoado tornou-se santificado.
 
2. O Verdadeiro Salvador é Jesus Cristo. Não existe outro salvador, muito menos salvadores. Se procuramos a salvação, devemos nos aproximar de Jesus Cristo, o Filho enviado pelo Pai para salvar. Como Salvador, é Ele quem toma a iniciativa de curar, de sarar a alma ferida pelo pecado, de conceder vida nova e luz a quem vive nas trevas do mundo e do pecado. O gesto de Jesus com o paralítico, que não havia pedido nada, simplesmente esperava sua vez de entrar na piscina, ele ainda na mesma lógica da devoção popular do banho naquela piscina, comungando da ação mágica entendida pela maioria ali presente e pelo estímulo das lideranças da época, revela muito bem como Deus não depende da lógica do mundo, mas exclusivamente de Sua vontade de salvação. O paralítico nem sabia quem era Jesus, nem acreditava Nele, mas recebeu a graça da cura física e espiritual.
 
3. Os judeus ignoraram o acontecimento e reagiram imediatamente, pois a cura foi realizada num sábado, o que não era permitido, porque o sábado é o dia do repouso absoluto, o dia exclusivo do Senhor, dia da aliança entre Deus e Seu povo, o sétimo dia, o dia do descanso de Deus e penhor dos novos tempos. Transgredir o sábado é colocar-se de costas para Deus, é dizer não à Lei do Senhor, é ser subversivo, herege, digno de excomunhão (cf. Ex 31,12-18; 20,8-11; Nm 15,32-36; Ez 20,12-20). No caso de Jesus, segundo eles, havia uma violação da vontade de Deus e, ainda, um estímulo ao pecado, à desobediência, aos valores históricos e de fé de Israel. Então, a revolta deles não é contra a cura do paralítico, mas contra o contra-testemunho de Jesus, ferindo a lei do sábado. A partir do Exílio na Babilônia, o sábado tornou-se objeto de veneração, mas, por outro lado, na contramão do significado do próprio sábado, possibilitou o rito pagão das águas "milagrosas" em Betesda, favorecimento aos mais ricos.
 
4. Jesus não é contra o sábado, pelo contrário, dá-lhe seu verdadeiro significado de libertação da pessoa humana. Ele retira dos ombros dos fiéis o fardo pesado colocado pelas lideranças judaicas, a ideia de uma obediência de tipo servo-patrão. Além do mais, a razão absoluta do sábado é a Filiação de Jesus com relação ao Pai. O sábado só tem sentido em Jesus Cristo, que o plenifica no Domingo da Ressurreição. A Lei e os profetas estão voltados para o Filho de Deus, de tal modo que o sábado judaico se volta para o Salvador. Não se deve mais seguir o sábado na forma como faziam os judeus, pelo fato de ainda não acreditarem no Filho de Deus feito carne, mas o ensinamento de Jesus, pois é Ele quem liberta, quem supera o mal, quem vence a morte e ressuscita para dar vida em abundância. O sábado judaico, da primeira aliança, foi plenificado no domingo da ressurreição daquele para o qual se dirige toda realidade criada. A ressurreição é o determinante especial para que o domingo seja, de fato, o dia especial da Nova Aliança, pois diz são Paulo: “Se Cristo não ressuscitou vâ é a nossa fé” (1Cor 15,14). Os Evangelistas, sabendo da importância da Ressurreição, deram ênfase ao primeiro dia da semana, o Domingo (cf. Mt 28,1; Mc 16,2; Lc 24,1; Jo 20,1.19). Daí porque, desde cedo, os seguidores de Jesus, entendendo essa verdade, iniciaram sua vida de homens e mulheres novos, celebrando sua fé do domingo, não como aversão ao sábado, mas como dia da nova e eterna aliança, plenitude da primeira aliança. Nesse sentido, o sábado não foi destruído, mas levado a um patamar imensamente mais importante. Antes o sábado era o descanso da espera do Messias; agora é o domingo, o início do homem novo, por Cristo, para a construção do Reino de Deus na história até a consumação dos séculos. Jesus não desobedece ao Pai, não desfaz a vontade do Senhor, pelo contrário, torna Deus visível na Sua Bondade, na Sua Justiça e Verdade. O problema que está em jogo aqui é, na verdade, a filiação de Jesus, a proclamação do Seu Senhorio (Ele é o Senhor do sábado), bem como a purificação da fé através DELE, que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6).
 

Um forte e carinhoso abraço.

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